A vinda de
Angela Merkel ao Brasil é um chamamento à reflexão.
Houve um tempo em que o
Brasil consumia mais de 90% da energia provinda das hidrelétricas, mas, hoje,
somando todos os tipos de energia renovável, mal passa dos 74%, o mesmo
percentual da Alemanha. Incrível, mas é verdade!
A população
brasileira é 2,5 vezes maior que a alemã, mas o PIB alemão é 40% maior. E a
Alemanha nem consome tanta energia como o Brasil, 70 GW para este e 61 para
aquela. Cabe ressaltar que a geração alemã de energia solar e eólica é de 40
GW, enquanto a energia de biomassa e hidráulica soma mais 7 GW. Apesar disso,
ainda é grande o uso do carvão e do gás natural, isso porque houve redução do
uso de energia nuclear.
Embora haja
quem diga que a Alemanha acelerou os novos projetos de geração com carvão antes
que as normas de poluição ficassem mais rigorosas.
Seja como for, ao que
parece, a Alemanha ainda tem muito potencial para extrair biogás do lixo e
esgoto, um bom complemento à energia solar e eólica.
Seja como for,
o subsídio para a energia solar ainda continua, deveria ser exemplo para o
Brasil, e a expansão do mercado deve provocar uma queda brutal nos custos de
produção de energia solar. Estima-se que deva atingir pouco mais de 12 centavos
de euro por kWh em 2020, enquanto os custos de eletricidade gerada por
combustíveis fósseis fiquem mais de 15 centavos de euro. O estudo e a
estimativa foi feita pela Phoenix Solar AG, um fabricante alemão de painel
solar.
Enquanto no
Brasil não chegam a mil sistemas fotovoltaicos instalados, são mais de 1,4
milhão na Alemanha, ou seja, uma instalação para 58 habitantes. O problema
daqui, além dos impostos, é a falta de uma linha de crédito destinada a
consumidores residenciais. O BNDES só financia painéis solares e turbinas
eólicas para empresas.
O governo
precisa entender que para cada kW de energia solar instalado são muitos litros
de água economizados nas hidrelétricas. Mas está difícil, a ANEEL resolveu
exigir homologação nacional dos inversores grid-tie, o que quintuplicou o preço
do único homologado no mercado. E os equipamentos solares que são instalados em
dois dias, levam até cinco meses para serem autorizados pelas distribuidoras.
Inteligência de um governo que não surpreende mais.
Com esses
problemas já equacionados há muito tempo, a Alemanha caminha para livrar-se da
energia nuclear. Em junho passado, a usina nuclear de Grafenrheinfeld, que
gerava energia para a indústria da Baviera desde 1981, representava 14% da
eletricidade desse estado, que é a sede de empresas como a Siemens, a BMW e a
Audi.
Este foi o
primeiro reator a ser desligado desde 2011, quando Angela Merkel prometeu
desligar as usinas nucleares depois do desastre de Fukushima. Foi substituída
por fontes de energia alternativa, como a solar e a eólica.
E o Brasil da
dona Dilma?
Acelerou a construção da terceira usina nuclear, Angra-3, envolvida
nos escândalos da Lava-Jato, com prisão de Almirante e tudo de ruim que se
possa imaginar... Meu Deus! Alguém confia na segurança de um reator nuclear
cuja fabricação foi regada a propina? Quem não tem Angela, caça com Dilma e se
dá mal!
Mario Eugenio
Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.