quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Energia verde alemã

Mario Eugenio Saturno

A vinda de Angela Merkel ao Brasil é um chamamento à reflexão.
 
Houve um tempo em que o Brasil consumia mais de 90% da energia provinda das hidrelétricas, mas, hoje, somando todos os tipos de energia renovável, mal passa dos 74%, o mesmo percentual da Alemanha. Incrível, mas é verdade!
A população brasileira é 2,5 vezes maior que a alemã, mas o PIB alemão é 40% maior. E a Alemanha nem consome tanta energia como o Brasil, 70 GW para este e 61 para aquela. Cabe ressaltar que a geração alemã de energia solar e eólica é de 40 GW, enquanto a energia de biomassa e hidráulica soma mais 7 GW. Apesar disso, ainda é grande o uso do carvão e do gás natural, isso porque houve redução do uso de energia nuclear.
Embora haja quem diga que a Alemanha acelerou os novos projetos de geração com carvão antes que as normas de poluição ficassem mais rigorosas.
 
 
 Seja como for, ao que parece, a Alemanha ainda tem muito potencial para extrair biogás do lixo e esgoto, um bom complemento à energia solar e eólica.

Seja como for, o subsídio para a energia solar ainda continua, deveria ser exemplo para o Brasil, e a expansão do mercado deve provocar uma queda brutal nos custos de produção de energia solar. Estima-se que deva atingir pouco mais de 12 centavos de euro por kWh em 2020, enquanto os custos de eletricidade gerada por combustíveis fósseis fiquem mais de 15 centavos de euro. O estudo e a estimativa foi feita pela Phoenix Solar AG, um fabricante alemão de painel solar.

Enquanto no Brasil não chegam a mil sistemas fotovoltaicos instalados, são mais de 1,4 milhão na Alemanha, ou seja, uma instalação para 58 habitantes. O problema daqui, além dos impostos, é a falta de uma linha de crédito destinada a consumidores residenciais. O BNDES só financia painéis solares e turbinas eólicas para empresas.

O governo precisa entender que para cada kW de energia solar instalado são muitos litros de água economizados nas hidrelétricas. Mas está difícil, a ANEEL resolveu exigir homologação nacional dos inversores grid-tie, o que quintuplicou o preço do único homologado no mercado. E os equipamentos solares que são instalados em dois dias, levam até cinco meses para serem autorizados pelas distribuidoras. Inteligência de um governo que não surpreende mais.

Com esses problemas já equacionados há muito tempo, a Alemanha caminha para livrar-se da energia nuclear. Em junho passado, a usina nuclear de Grafenrheinfeld, que gerava energia para a indústria da Baviera desde 1981, representava 14% da eletricidade desse estado, que é a sede de empresas como a Siemens, a BMW e a Audi.

Este foi o primeiro reator a ser desligado desde 2011, quando Angela Merkel prometeu desligar as usinas nucleares depois do desastre de Fukushima. Foi substituída por fontes de energia alternativa, como a solar e a eólica.

E o Brasil da dona Dilma?

 
Acelerou a construção da terceira usina nuclear, Angra-3, envolvida nos escândalos da Lava-Jato, com prisão de Almirante e tudo de ruim que se possa imaginar... Meu Deus! Alguém confia na segurança de um reator nuclear cuja fabricação foi regada a propina? Quem não tem Angela, caça com Dilma e se dá mal!

Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.