COMBATE AO TRÁFICO OU GANÂNCIA POR PETRÓLEO?
Ricardo Labatt
Os EUA acusam Maduro de ser um narcotraficante do Cartel de Los Soles. Atribuíram uma recompensa igual à oferecida por Osama Bin Laden, da Al-Qaeda, no valor de US$ 50 milhões. Vivo ou morto. Majorando uma recompensa anterior de US$ 15 milhões estipulada em 2018.
Curioso é que Trump, sem nenhum constrangimento recebeu, há poucos meses, na casa Branca, outro membro da Al-Qaeda, o hoje “nobre” líder e presidente da Síria, o senhor Ahmed Hussein al-Shar'a, antes conhecido como membro da Al-Qaeda e cortador de cabeças, cujo nome de guerra era Abu Mohammad al-Julani, com recompensa oferecida, pelos EUA, no valor de US$ 10 milhões.
Mas voltemos ao suposto cartel ao qual Maduro faria parte. Cujo nome remete à imagem dos símbolos usados pelos generais venezuelanos antes da era Chaves – o Sol.
Basicamente elementos recrutados pela DEA, "Drug Enforcement Administration". Um órgão federal do Departamento de Justiça dos EUA, responsável pela repressão e controle de narcóticos no País, e pela CIA.
Documentos dão conta de que o General venezuelano Rafael Guien ajudou a enviar 20 toneladas de cocaína para os EUA. O plano seria deixar a droga circular, passando pela Venezuela, para tentar identificar as principais rotas e os distribuidores dentro do território estadunidense. Mas neste processo acabaram envenenando a própria sociedade.
Assim, teria sido a própria CIA quem criou o “Cartel de Los Soles” que desapareceu gradualmente e, agora, o reviveram para justificar o ataque à maior reserva de petróleo do planeta. Comandada por um grupo que não se curva às ordens e desejos dos EUA. Diferentes de fantoches como Daniel Noboa e Maria Corina Machado – ganhadora de diversos prêmios, inclusive o Nobel da Paz, ou mesmo o hoje abandonado Juan Guaidó, que com ajuda dos EUA se autoproclamou presidente da Venezuela e usou dinheiro público para pagar advogados na Inglaterra tentando colocar as mãos nas 31 toneladas de ouro venezuelano. Uma fortuna que, ao ser retida, juntamente com as reservas utilizadas para comércio exterior no Sistema Swift, provocou a quebra da Venezuela e o êxodo de 7% da população desde o colapso, tanto para a Colômbia como para o Brasil, para onde vieram quase 600 mil.
Só para efeito de registro, 31 toneladas de ouro estão avaliadas em R$ 19.604.400.000,00. Aproximadamente 20 trilhões de reais. Ou seja US$ 3.657.537.313,432836. Mais de três trilhões e meio de dólares. Ou seja, 16 (dezesseis vezes) o PIB por Paridade de Compra da Venezuela.
QUANDO OS EUA VÃO TENTAR SAQUEAR A VENEZUELA DE NOVO?
Sobre o possível ataque à Venezuela, um novo Vietnam na América do Sul, o País que desde 1945 só venceu as guerras contra a Ilha de Granada e contra o Panamá, prepara sua “cabeça de ponte” de Trinidad e Tobago, onde com o apoio da presidente Kamla Persad-Bissessar, faz exercícios conjuntos.
Diante dos problemas internos e externos da Nação que liderou o século XX, sem condições de enfrentar o poderio militar da Rússia e o econômico da China, o mundo assiste a volta da Doutrina Monroe – A América para os americanos DO NORTE, claro.
É a volta das “GUERRAS DAS BANANAS” quando os fuzileiros navais norte-americanos invadiram o Haiti e roubaram seu OURO em Porto Príncipe... quando invadiram a Nicarágua para impedir que qualquer outra Nação, que não Eles, construíssem o Canal da Nicarágua que concorreria com o Canal do Panamá.
Hoje, tanto democratas como republicanos, no momento representados por Trump, se empenham mais uma vez para dominar todo o território das Américas. Desta feita deixando a China de fora. Isso ficou evidente na recente ação no Canal do Panamá.
Essa doutrina, guiada pela necessidade de petróleo e de recursos minerais, lançam as tropas sobre a Venezuela. Um País quase duas vezes maior que a Ucrânia, com uma população 20% inferior e, muito armamento russo. Além de poder receber ajuda de Rússia e da China, numa espécie de troco, pelo que a OTAN, fez e faz, no leste Europeu e na Ásia.
Não há nada de concreto sobre um ataque real por enquanto. No momento os EUA se concentram num cerco e na aposta de conseguir criar uma “Revolução Colorida” para desestabilizar o governo atual.
O que se vê são operações criminosas e midiáticas. ASSASSINATOS EXTRAJUDICIAIS de tripulações de barcos pequenos, com dois motores de popa, sem condições de armazenarem combustível suficiente para chegar aos EUA, que dista quase 4 mil quilômetros da costa venezuelana.
Os barcos, destruídos por mísseis lançados pela frota dos EUA, em sua maioria, partem do Estado de Sucre, através da “Bocas Del Dragón”, percorrendo aproximadamente 100 quilômetros até Trinidad e Tobago, nas Pequenas Antilhas, onde existe uma comunidade de origem venezuelana muito grande.
Em resumo, são embarcações que transportam suprimentos, viajantes, bebidas, por vezes contrabando e, eventualmente podem até transportar cocaína, mas nunca Fentanil, que entra nos EUA pela fronteira com o México.
É imperativo destacar que os EUA, com uma população equivalente a 4% da população global, consomem 70% da cocaína produzida no mundo. E, 95% desta cocaína que abastece os EUA adentram pela costa oeste, advinda da América do Sul. Principalmente da Colômbia (onde os EUA possuem 7 bases) e, passando pelo Equador, controlado por um aliado dos EUA, o presidente Daniel Noboa.
Noboa é um bilionário, nascido em Miami, filho de Álvaro Noboa, líder da família que construiu sua fortuna com a “BONITA” empresa de frutas e “transporte”. Os mais curiosos podem acessar no Google “Bonita Bananas e Cocaína”. Irão se surpreender. Até porque, antes de ser presidente do Equador, Daniel Noboa era Diretor de Transporte da “Bonita Company”. Daí tirem suas conclusões... se seria uma guerra contra as drogas, ou uma guerra para controlar o comércio de drogas.
https://progressive.international/wire/2025-03-31-daniel-noboas-family-business-president-of-ecuador-is-involved-in-cocaine-trafficking-to-europe/en ou mesmo https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/09/08/carteis-de-drogas-exploram-a-industria-da-banana-para-transportar-cocaina-no-equador.ghtml
Talvez entendam também que a obsessão pela Venezuela não é por Maduro, ou por combater o tráfico de drogas. É pela necessidade de fazer o que os EUA fazem de melhor, roubar recursos de outras Nações. No caso, petróleo venezuelano. De fácil extração, quase a flor da terra. Além do fato de que a Venezuela é detentora da maior reserva mundial.
PORQUE O ATAQUE MILITAR E O CERCO PARA AMPLIAR A TENSÃO?
Os embargos econômicos não funcionam mais e a Venezuela “cumunista” cresce 8% ao ano nos últimos 3 anos. Está quase retornando ao que era em 2019. É o País que mais cresce na América do Sul e, mesmo sendo vítima de centenas de milhares de embargos, tendo suas reservas em dólar e suas 31 toneladas de ouro retidas, respectivamente, pelo Sistema Swift (dos EUA) e pelo Reino Unido, mostra ao planeta que é possível sobreviver e crescer sem se curvar ao Tio Sam.
Enquanto isso, ao invés do Brasil criar um oleoduto binacional, investir em refinarias e resolver de vez o problema de energia e combustível, podendo até exportar o excedente, segue às ordens do “amiguinho do norte” e se mete em brigas que só nos prejudica.
Como declarou Henry Alfred Kissinger:
- “Ser INIMIGO dos EUA é PERIGOSO, mas ser ALIADO é FATAL”.

