a criminosa ação no Caribe
Ricardo Labatt
Para começar, drogas não é um problema que se resolve de fora pra dentro. Resolve-se de dentro pra fora, junto à sociedade. Essas ações estapafúrdias e sem nexo dos EUA apenas irão aumentar o preço. Nunca, desta forma, irão eliminar o problema. Pois acaso quisessem, melhor seria Trump ler a biografia de Mau Tsé-Tung. Embora ache que ele não leia nem cardápio de restaurante.
ESTÁ TUDO PRONTO PARA DAR ERRADO
Membros do Congresso norte-americano, de ambos os partidos, declararam na mídia norte-americana que o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, cometeu um crime de guerra no Caribe. As declarações foram feitas após o Washington Post revelar uma ordem do secretário para eliminar os náufragos de um ataque a uma embarcação pesqueira, ocorrido em 2 de setembro.
Qual Lei permite que alguém mate outras pessoas sem uma abordagem e, ainda existem as Leis de Guerra Terrestre e as Leis de Guerra Naval. Mesmo nas épocas de guerras existem regras. A Convenção de Genebra GARANTE QUE NÃO SE MATA NAÚFRAGOS. Quando se torpedeia um navio você tem obrigação de resgatá-lo, não de matá-lo e, no máximo os recolhe e os transforma em prisioneiros de guerra. Você não atira neles. Nem mesmo quando um piloto de um avião inimigo abatido salta de paraquedas você atira nele.
Assim sendo, caso seja uma Operação Militar é Crime de Guerra e caso não seja uma Operação Militar é simplesmente ASSASSINATO. Simples assim !
O governo norte-americano quer classificar a suposta cocaína como se fosse uma arma química, de destruição em massa. E nem provaram que havia cocaína ou outra droga qualquer naquelas embarcações. Um absurdo que por ideologia muitos se calam e outros ignoram.
Ainda mais grave é a informações de que Pete Hegseth teria feito pressão para a demissão do Almirante Alvin Holsey, comandante do Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM) por entender que o almirante era contra as ações que ele pretendia adotar: - “Não se pode fazer o que está ordenando, é crime.”
E teria ouvido a resposta: - “então sai fora porque vou fazer”.
O “influencer” colocado no Departamento de Guerra, após ser retirado da Fox News, onde nunca passou de um comentarista - tipo Paulo Figueiredo - agora entra em briga com o Senado americano. O Senador Mark Kelly, que é Capitão da Mar e Guerra da Marinha dos EUA.
Com base em relato de sete pessoas com conhecimento das operações no Caribe, a reportagem afirma que “enquanto dois homens se agarravam a um navio em chamas e atingido, alvo do SEAL Team 6, o comandante das Operações Especiais Conjuntas, cumpriu a ordem do Secretário de Guerra de não deixar sobreviventes”. Agora mais de 100 militares e membros do governo norte-americano são criminosos de guerra. Mas eles não assinaram e, não são, signatários do Tribunal Penal Internacional (TPI), que obrigaram o Brasil a assinar e ser signatário.
Os senadores democratas Chris Van Hollen e Tim Kaine, membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disseram que, se confirmada, a ordem pode ser considerada um crime de guerra.
“Se este relatório for verdadeiro, ele constituiria uma clara violação das próprias leis de guerra do Departamento de Defesa e das leis internacionais sobre como tratar indivíduos nessa situação. Portanto, se este relatório for verdadeiro, ele se eleva ao nível de crime de guerra”, afirmou Kaine à CBS.
A mesma posição foi manifestada pelos senadores democratas Mark Kelly e Ed Markey. Kelly disse à CNN, também que, se verdadeira, a ordem é “claramente contra a lei”. Markey, por sua vez, postou em sua conta X, que “Pete Hegseth é um criminoso de guerra e deve ser demitido imediatamente.”
Os deputados republicanos Mike Turner e Don Bacon também se manifestaram. Turner disse que “se algo assim acontecesse, seria uma situação muito séria, concordo que seria um ato ilegal”. Já Bacon afirmou à ABC que, se isso acontecesse como descrito no artigo, seria uma “violação da lei da guerra.”
“Não acho que ele seja tolo o suficiente para tomar uma decisão como ‘matar todo mundo, matar os sobreviventes’, porque isso é uma clara violação da lei da guerra. Portanto, duvido muito que ele pudesse ter feito tal coisa, pois iria contra o bom senso”, afirmou Bacon.
‘Momento perigoso’
Segundo o prêmio Pulitzer, Spencer Ackerman, os ataques letais conduzidos pela administração Trump contra supostos “barcos de traficantes” no Caribe e no Pacífico, somados ao fechamento total do espaço aéreo ao redor da Venezuela e à ameaça explícita de uma ofensiva militar, configuram um momento “realmente perigoso da história americana”.
Ao Democracy Now!, o jornalista, autor do premiado “Reign of Terror”, afirmou que as ações da Casa Branca revelam o legado corrosivo da guerra ao terror dentro das Forças Armadas. “Agora temos a guerra ao terror refletida na forma como o governo Trump está mirando a Venezuela, Colômbia, Honduras e além”, disse.
Ele também mencionou o segundo ataque inicial contra as embarcações no começo de setembro. “Isso foi além até de muitas das ações ilegais cometidas durante a guerra ao terror. No entanto, isso mostra a degeneração moral que a guerra ao terror deixou como legado nas Forças Armadas dos EUA, não apenas a tática de um ataque de drone, mas a disposição de matar civis.”
Ackerman explicou que o double tap — segundo ataque sobre um alvo já atingido para garantir que não haja sobreviventes – é proibido mesmo em cenários de conflito armado. “Se não estamos de fato em guerra, então isso é simplesmente, como todos os outros ataques, que já mataram mais de 80 pessoas, um ato criminoso de assassinato”, disse.
’Precisamos impedir Hegseth’
Em sua avaliação, “este é um momento decisivo para a democracia americana. Precisamos que Hegseth seja impedido. Precisamos que Bradley seja impedido. Esses homens não podem ser autorizados a permanecer em seus cargos. Eles estão transformando os militares em uma operação criminosa.”
Ackerman lembrou que Hegseth demitiu os principais advogados militares do Pentágono — justamente os que poderiam vetar ordens ilegais — e também afastou o presidente do Estado-Maior Conjunto “simplesmente por ser negro”. Segundo o jornalista, “trata-se de alguém que nunca deveria ter estado em nenhum lugar próximo ao Gabinete do Secretário de Defesa, um dos cargos mais poderosos do mundo”.
Ele também lembrou que no próximo dia 12 de dezembro, o almirante Alvin Holsey, comandante do SOUTHCOM, deixará oficialmente as Forças Armadas para não cumprir ordens consideradas criminosas. Em sua avaliação, “será crucial levar Holsey às audiências no Congresso para falar exatamente sobre o que ele fez antes de sua decisão de sair, o que Hegseth ordenou que ele fizesse o que outras pessoas no gabinete do secretário de Defesa ordenaram que ele fizesse e que, ao que tudo indica, ele não estava disposto a fazer”.
“Este será um momento crucial de investigação, se quisermos recuperar qualquer aparência de legalidade sobre os militares dos EUA”, complementou.
Hegseth não negou a reportagem e ainda publicou um meme comemorando os ataques. No post, ele coloca o desenho de Franklin, a Tartaruga, atirando de um helicóptero contra barcos. A postagem foi considerada um deboche do Secretário de Defesa frente às graves acusações.
Republicanos e democratas no Congresso já anunciaram que abrirão investigações sobre o ataque.