quarta-feira, 16 de outubro de 2024

SAÚDE

Professor que se importa: 5 maneiras de promover a saúde mental dos alunos em sala de aula


Neuropsicóloga cita passos importantes que os educadores podem dar diante destas situações

Qual é a missão de um professor atualmente? Atividades e conteúdos envolvendo questões comportamentais e emocionais também podem ser incluídos no plano de ensino em sala de aula. Além disso, é importante que o professor observe os aspectos da saúde mental nos alunos, tanto quanto, as pessoas do círculo familiar. Mas, ao testemunhar este quadro, como o educador deve agir? 

“É importante que o professor fique atento ao desempenho acadêmico do aluno e, também, às mudanças de comportamento para identificar sinais de inadaptação. Estes indícios podem apontar dificuldades emocionais que merecem maior atenção dos educadores na inserção destes estudantes no espaço escolar e possíveis encaminhamentos para profissionais da saúde mental”, alerta a neuropsicóloga e professora do Centro Universitário IBMR, Cláudia Capitão. 


A professora do IBMR, que integra o Ecossistema Ânima de ensino no Rio de Janeiro, enumera cinco passos básicos para encaminhar o caso à direção da escola e à família, de maneira profissional e respeitosa e reforça: “o professor deve apresentar a situação para a coordenação para que sejam acionadas as medidas dos setores de orientação educacional e psicopedagógica”. 

As sugestões para iniciar este processo são:

1 - Não aja sozinho. Busque auxílio dos setores competentes da escola que possam lhe dar suporte. 

2 - Ofereça acolhimento e evite medidas punitivas, pois o aluno pode estar em sofrimento psíquico.

3 - Evite julgamentos ou resoluções, sem estar ciente sobre o que está acontecendo com o estudante. Por isso, é importante estar alinhado com os profissionais da área psicopedagógica. 

4 - Fique atento às reações e atitudes dos demais colegas de classe.

5 - Disponibilize-se para participar de reuniões com os responsáveis, junto a equipe de apoio escolar, pois as medidas mais adequadas exigem uma ação em conjunto. Por mais que tenha a melhor intenção, não tente resolver ou auxiliar o estudante sem respaldo institucional.

Intervindo na “zueira” 

O comportamento dos colegas da turma também pede atenção e ação do professor neste processo de acolhimento da pessoa com sofrimento psíquico. Bullying e outras investidas negativas dos demais NÃO podem ser ignorados. 

“O professor deve intervir imediatamente para que sejam cessados os comentários inadequados. Como mediador da turma, o professor pode trazer temas sobre saúde mental,  bullying, entre outros, que possam ser discutidos em rodas de conversa, mas sempre se atentando para faixa etária dos alunos e as condições de compreensão dos mesmos”, sugere Cláudia Capitão. 

Independentemente da presença ou não de problemas em sala de aula, o professor deve estar atento ao desenvolvimento de habilidades afetivas e sociais da turma. Textos, vídeos e discussões sobre estes temas podem ser adotados em atividades acadêmicas. “A escola exerce uma contribuição muito importante para o desenvolvimento das relações afetivas e interação social. Não se trata apenas de conteúdo acadêmico, mas sim do desenvolvimento integral do aluno, e neste sentido, o professor é fundamental”, frisa a professora do IBMR. 

Família: outro passo

Identificada a situação é hora de levar a questão aos pais ou responsáveis. E aqui, as reações destes podem ser as mais variadas: desde a gratidão pelo amparo ao adolescente ou jovem, até a negação do quadro pelo qual ele passa. Antes de tudo, o importante é esclarecer que a indiferença da família não vai resolver a questão e pode até aumentar o sofrimento dele.

“Ofereça esclarecimentos e orientações aos familiares. Converse bastante, dê exemplos de outros casos que foram tratados e que tiveram bons resultados e enfatize que está percebendo a necessidade de um acompanhamento profissional. Outra possibilidade seria oferecer palestras às famílias com profissionais especializados, sobre os temas que têm demandado atenção à saúde mental de crianças e adolescentes”, sugere. 

Mais informação, mais auxílio

Formada em Magistério, no Ensino Médio, no Instituto de Educação de Niterói, antes de ingressar na Neuropsicologia e na licenciatura, Cláudia Capitão enfatiza a importância do professor para acolhimento de alunos e dos colegas, em diversos aspectos de urgência na saúde, especialmente, no que se refere aos aspectos emocionais. 

“Atualmente os educadores têm contado com maiores estudos e recursos para se conscientizar e se instrumentalizar sobre a importância dos aspectos emocionais no contexto escolar, tanto no que diz respeito ao corpo discente quanto ao corpo docente”, observa. 

A neuropsicóloga acredita que este novo cenário tem impactado positivamente na promoção de conhecimento e na implantação de dispositivos nas escolas para “identificação e encaminhamentos e adequados às conduções dos casos que se apresentam no espaço escolar”. 

Assim, finaliza, “as iniciativas e os manejos se tornam mais eficazes quando há maior interesse e atenção sobre os aspectos psíquicos envolvidos no desenvolvimento das crianças e adolescentes inseridos nas instituições de ensino”.