Por Igor Couto, CEO e cofundador da Sofya
Um dos principais desafios é a carga burocrática associada ao prontuário eletrônico. Pesquisas revelam que mais de 50% dos casos de síndrome de burnout entre profissionais da medicina estão diretamente vinculados às tarefas administrativas demandadas por esses sistemas. A equação é desanimadora: para cada hora de atenção ao paciente, outras duas são consumidas pela burocracia nos registros eletrônicos de saúde (EHR - Electronic Health Record).
Esse cenário tem repercussões graves na segurança dos pacientes. Nos Estados Unidos, quase 800.000 pacientes sofrem danos anualmente devido a erros de diagnóstico, muitos relacionados a equívocos cognitivos, conforme revelado por um recente estudo de John Hopkins (Newman-Toker et al. 2024). Equívocos médicos representam a terceira causa de morte nos EUA (Makary e Daniel 2016).
Esse esgotamento não apenas prejudica a saúde dos profissionais, mas também impacta seriamente seu desempenho no ambiente de trabalho, resultando em erros médicos graves, queda na qualidade do cuidado ao paciente e redução na satisfação dos pacientes.
Tecnologia transformando o cuidado
Diante do panorama, a solução está na inovação, mais especificamente na inteligência artificial. Em tempos de ChatGPT, Llama e Gemini, um Large Language Model adaptado à linguagem da saúde, por exemplo, pode reduzir e tornar eficientes os encargos administrativos. Ferramentas que integram-se perfeitamente com terminologias e padrões médicos de ponta. Isso eleva a eficiência da análise de dados (mais de 80% dos dados de saúde são desestruturados), capacitando os profissionais de saúde a tomar decisões mais inteligentes para resultados superiores aos pacientes.
O objetivo desse tipo de IA é facilitar um melhor planejamento de cuidados de saúde e um atendimento eficiente ao paciente por meio de documentação clínica abrangente e organizada. Otimizada para compreender o vocabulário específico da saúde em português, apresenta-se não apenas como uma economia de tempo, mas como um antídoto contra o estresse, aliviando a rotina exaustiva dos profissionais.
Já imaginou, por meio dessa solução, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde podendo reduzir em mais de 40% o tempo gasto com burocracia, enquanto aumentam a precisão e personalização no cuidado aos pacientes? Isso é a prova de que a IA não vai substituir os humanos, mas sim colocá-los como protagonistas dessa evolução.
Um futuro cada vez mais inteligente
O desenvolvimento acelerado e os impactos significativos indicam que o protagonismo da IA no campo clínico é irreversível. Ela tem o potencial de revolucionar o setor, melhorando o gerenciamento do fluxo de pacientes, reduzindo erros, aprimorando a comunicação entre equipes e oferecendo suporte decisivo à prática clínica.
Além dos benefícios mencionados, a IA pode se tornar um meio vital no combate ao burnout, monitorando padrões de trabalho, níveis de estresse e sinais de esgotamento entre médicos. Por meio de insights e recomendações precisas, é possível ajustar cargas de trabalho, oferecer suporte e intervenções focadas no bem-estar dos profissionais, prevenindo o esgotamento antes que ele se torne, de fato, um problema.
*Igor Couto é CEO e fundador da Sofya, startup pioneira em utilizar Inteligência Artificial para raciocínio clínico no Brasil. Um dos maiores especialistas em deep tech, o empreendedor atua para revolucionar o cenário atual da saúde, permitindo que médicos e especialistas da área implementem o raciocínio clínico com IA e, assim, transformem ineficiências, riscos e imprecisão em excelência médica.