O SOCIALISMO
E SEUS FARSANTES
Percival Puggina
Nada
mais clássico. A dissimulação está para a estratégia da esquerda assim como a
caneta Mont Blanc está para a assinatura de cheques de grande valor e o relógio
Louis Mont Meteoris está para marcar os minutos mais rentáveis do planeta. Para
a esquerda, alcança nível artístico o dizer que não está fazendo aquilo que faz
sob as vistas de todos, enquanto faz. Nada mais clássico, portanto, que a
tentativa do jornalismo militante em desacreditar o presidente Bolsonaro e
vários de seus ministros quando se referem ao socialismo. Lançam ao ar
perguntas de um cinismo revoltante: “Socialismo? Onde? Como? Quando? Que
espécie de inimigo externo é esse?”. E, falsamente, dissimulam um sorriso
irônico. Há que ser artista treinado
para falsificar uma dissimulação que pretende ocultar outra. Dissimulação de
segundo grau.
Visto
objetivamente, o fenômeno descrito não pode ser qualificado como uma não visão,
ou não leitura da realidade. É evidência, isto sim, de que estes jornalistas
sequer leem a si mesmos, ou de que não entendem o que escrevem. Em outras
palavras: desconhecem o espaço que sabidamente ocupam e se desnortearam quanto
à localização desse espaço. O que diz o jornalismo militante a respeito do
socialismo parece vir de correspondentes olhando o Brasil de longe. Nunca
participaram de um evento político de esquerda. Não leram os programas do PT,
PSOL, PCdoB, partidos mais influentes na universidade brasileira. Não sabem do
que trata nem o imenso estrago que fazem a teologia da libertação e a teologia
da missão integral. Desconhecem a natureza das disputas em tantos conselhos
federais de profissões regulamentadas. Não tomaram conhecimento do amor quase
carnal da esquerda brasileira pelos regimes comunistas aqui na volta e mundo
afora. Ignoram o trabalho de doutrinação levado a cabo no meio acadêmico,
notadamente nas universidades públicas, onde o dinheiro do contribuinte é
usado, pela autonomia universitária, para difundir o pensamento marxista. E,
partindo daí, levado a todo o sistema de ensino.
Afinal,
o que esses profissionais realmente conhecem? Que diabo de jornalismo fazem? Do
que entendem? Qual o saber que pode ser alcançado por quem tropeça no óbvio e
se queixa de quem o deixou ali? Tais dúvidas se instalam no público quando sabe
que, na universidade brasileira, a literatura marxista domina a bibliografia e,
pela ocultação de toda divergência, busca tornar hegemônica no Brasil sua visão
de pessoa humana, de sociedade, de história, de economia, de política, de
religião e de Estado.
A
universidade brasileira, se alguém falasse por ela, deveria emitir uma nota de
repúdio a esses profissionais de imprensa. Como podem negar os serviços que
ela, universidade, com tanto empenho, presta à difusão do marxismo no Brasil?
Se Marx é o filósofo mais influente, a
essência do marxismo está no Manifesto Comunista, “o livro mais perverso que já
foi escrito”, como afirmou alguém. Se há pontos de destino aos quais o marxismo
não conduz, eles são, a saber, o capitalismo, a democracia liberal e os valores
tradicionais. Sua bússola, suas velas, seu leme e seus remadores conduzem ao
socialismo ou ao comunismo. E é nesse sentido que intensamente trabalham, em
proporções escandalosas, o mundo acadêmico, a grande mídia e as forças
políticas derrotadas nestas últimas eleições.
* Percival Puggina (74), membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do
Brasil. integrante do grupo Pensar+.