Mario Eugenio
Saturno
Dizem que toda
religião é boa! Mas será que isso é verdade mesmo? Outros dizem que basta ter
uma religiosidade própria, independente de religião! Isso é suficiente? Cada um
criando e praticando sua própria religiosidade pode produzir um bom fruto? Se
formos comparar religiões ou práticas religiosas, precisaremos ter uma métrica.
E uma métrica que seja objetiva. Achando a métrica certa, poderemos ver quais
as religiões e práticas religiosas são boas e quais são ruins. Penso nisso há
anos.
Uma boa
métrica, penso, seria verificar as bênçãos que um seguidor de uma religião ou
prática religiosa recebe. Essa é a métrica que se deduz do Antigo Testamento.
Como podemos ver em diversos textos, especialmente no Livro de Jó. Dali podemos
tirar como bênçãos a saúde, a felicidade, as riquezas, os filhos. Mesmo essas
métricas seriam subjetivas, por exemplo, quanto dinheiro torna alguém rico?
De qualquer
foram, o próprio Jesus Cristo já rechaçou essa ideia do Antigo Testamento,
afinal, era pobre, não foi reconhecido pelos seus, teve uma morte terrível. E
seus apóstolos e muitos discípulos também tiveram destino cruel. Assim, não
podemos considerar como bênçãos adquirir bens materiais e outras benesses
semelhantes.
Creio que
exista uma métrica em que as pessoas não enganam a si mesmas: taxa de suicídio.
Suicídio e comportamentos suicidas, como dirigir em altas velocidades, consumir
muita bebida alcoólica e drogas, brigar demais etc. Veja-se que riqueza e
cultura de um povo não são suficientes para que alguém queira viver, Japão e
Dinamarca são exemplos disso.
Observa-se que
a ausência de religião é fator poderoso para dar fim à própria vida. Há estudos
que mostram que a religião tem grande peso na juventude como prevenção, tanto
de suicídio como de comportamentos perigosos.
Emile Durkheim
foi o primeiro cientista a estudar profundamente o suicídio e ficava
impressionado com a pouca taxa de suicídios entre os Judeus e os Católicos na
Europa, enquanto que a taxa de suicídio dos protestantes era até quatro vezes
maior. A primeira hipótese de Durkheim foi que os católicos tivessem medo de se
matar já que morreriam em pecado sem poder confessar-se (diferente de quem mata
outra pessoa e pode sentir o remorso). Porém, os judeus não têm o rito da
confissão.
Então, Durkeim trabalhou a hipótese de que os católicos e os judeus apresentam uma integração social maior que as demais religiões, já que o individualismo e a solidão são fatores que conduzem ao suicídio. Como se pode constatar que o número de mulheres que se matam é menor que o de homens. Porém os militares que também têm uma alta integração apresentam uma taxa de suicídio alta.
Ao que parece,
Durkheim deixou escapar a explicação correta. Na religião instituída por
Moisés, o penitente se cobria com cinzas e indumentárias próprias dos
pecadores. Todo o povo via sua “desgraça” e sabia que era um pecador. Foi uma
forma rudimentar de confissão. Porém, como todos somos pecadores, todos
cumpriam tal ritual, reconhecendo-se pecador diante de Deus e da comunidade.
Creio piamente
que os rituais dos católicos (confissão) e dos judeus (penitência pública) tem
algum efeito bom na mente do praticante, promove o bem-estar mental dos seus
praticantes.
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.