Li com grata satisfação que o Centro de Pesquisa (Cenpes) da Petrobras está desenvolvendo tecnologia pioneira para produzir biodiesel a partir de microalgas. O biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo.
A primeira vez
que vi pesquisa desse tipo foi em 2007. Fiquei tão fascinado com os resultados
obtidos pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) que escrevi ao
presidente Lula contando sobre esse experimento que primeiramente foi testado
na Estação Espacial Internacional (ISS) usando algas para absorver o CO2 gerado
pela respiração da tripulação. Depois escrevi aos deputados e senadores.
Esperava despertar na classe política deste país o interesse em providenciar
leis que estimulassem avanços nessa área. Principalmente na recuperação de CO2
tal como foi feito pelo MIT.
Será que
esperei demais dos nossos políticos? Afinal de contas, temos muitas indústrias
que geram CO2 e que acabam lançados na atmosfera, como acontecia com a
termelétrica do MIT. E não é melhor utilizar o CO2 da queima de combustível
para fazer crescer algas. E mais ainda uma que produz óleo. Eles escolheram uma
que o óleo representa mais da metade do peso da alga.
Temos que ter
em mente que a alga é um ser vivo de apenas uma célula, que cresce muito
rápido, dobrando de peso a cada duas horas, permitindo uma grande produção de
biodiesel. Como vantagem adicional, essas algas reduziram a emissão de CO2 da
usina elétrica do MIT em 82% nos dias ensolarados e de 50% nos dias nublados,
porém, a redução de óxidos de nitrogênio foi de 85%, tanto de dia e quanto de
noite. E a produtividade por hectare foi de 250 vezes maior quando comparado
com o óleo de milho (nos Estados Unidos da América).
Já o projeto
das microalgas da Petrobras foi apresentado como um projeto de vanguarda,
pioneiro no Brasil e que logo estará disponível. As microalgas têm como
principal vantagem não ter sazonalidade (períodos de safra) e não depender de
condições específicas, como de solo, por exemplo, para sua produção. Sua
fabricação possibilita colheitas semanais, com uma produtividade até 40 vezes
maior do que a da biomassa feita de vegetais terrestres.
O Cenpes
informa que o próximo passo é produzir o biocombustível de microalgas em escala
comercial, pois já foi submetido a testes de qualificação em laboratório, sob
os padrões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), e os resultados preliminares mostraram-se promissores.
E cada tonelada
de microalgas usadas para a produção de biodiesel pode retirar até 2,5
toneladas de gás carbônico do ar, taxa muito maior que a de outros vegetais
como a soja ou a cana-de-açúcar.
O Cenpes ainda
estuda o cultivo de microalgas em águas oriundas da produção de petróleo,
contribuindo no tratamento dessa água para descarte ou para reuso. As
microalgas utilizam as substâncias presentes na água de produção, como
nitrogênio e fósforo, como insumos para a conversão em biomassa.
Atualmente, o
processo é testado em uma escala piloto, em tanques abertos, com capacidade
para 20 mil litros. Já os deputados e senadores, que leis fizeram?
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.