Imagine
a seguinte cena: duas crianças que são vizinhas, se acostumam a brincar todos
os dias uma com a outra. Elas praticamente vivem na casa uma da outra, suas
famílias se conhecem, tudo é ótimo. Conforme vão crescendo, apesar algumas
dificuldades, sua amizade permanece firme; elas saem, começam a amadurecer
juntas, etc. Porém, a partir do momento que esses amigos vão para a
universidade, uma coisa acontece: elas passam a sair com outras pessoas,
percebendo que, na verdade, seus interesses são bem distintos e, por isso,
acabam se afastando.
A
história é fictícia, mas pode acontecer em todos os lugares (condomínios,
escolas, etc), e pode até já ter acontecido com você. A verdade é que, apesar
de possuir alterações de acordo com cada um, todos podem se identificar com
essa trajetória, afinal, ela é muito comum. Segundo o psicólogo e coach João
Alexandre Borba, que atua no Rio de Janeiro, perder contato com quem antes era
muito próximo, apesar de ser comum e até mesmo triste, pode causar
amadurecimento. "Às vezes, você acaba se distanciando de quem, antes,
possuía uma importância muito maior no seu dia a dia. Antes de voltar a girar
sua vida em torno dessa pessoa, é preciso ponderar: quanto essa amizade
realmente acrescenta na sua vida? Ela se importa com você tanto quanto você se
importa com ela? Refletir, nesse tipo de situação, sempre é uma boa
ideia", afirma.
Ele,
que é Co-CEO do Instituto Internacional Japonês de Coaching, continua, falando
que, por mais que os pontos de vista de vocês sobre determinados assuntos
tenham mudado, o respeito deve ser mantido. "As opiniões podem até variar,
mas, havendo respeito mútuo, independente do caminho de vida que cada um tomou,
a amizade pode ser mantida tranquilamente. Se você ainda confia no seu amigo, e
consegue se divertir com ele sem preocupações, sentindo que esse sentimento é
mútuo, então não há problema algum", comenta.
O
coach adverte que, se você sentir que "se doa" muito mais que seu
amigo de longa data, a amizade deve ser repensada. "Se você sentir como se
seus encontros com seu amigo são feitos por obrigação, e que todos os esforços
vem unicamente de você, está na hora de reavaliar se essa amizade realmente
vale a pena. Não que você precise excluí-lo completamente da sua vida, apenas
não superestime o valor que esse amigo realmente tem, pensando mais em você, e
no que realmente te faz feliz", esclarece.
Borba
finaliza, lembrando que um bom jeito de tentar retomar uma amizade de longa
data é combinando encontros de maneira periódica e sem compromissos. "Não
é só porque vocês são amigos de anos que precisam se ver todos os finais de
semanas. Cada um possui sua vida, e isso é ótimo! Desde que haja respeito e
vontade mútua de se encontrar, não vejo porque não sair de tempos em
tempos", conclui.
João Alexandre Borba
Co-CEO
do Instituto Internacional Japonês de Coaching e Psicólogo