Em um estudo
liderado por Sarah Erickson, do Departamento de Ciências da Universidade de
Michigan em conjunto com a Universidade de Wisconsin, os cientistas descobriram
que assistir a filmes de terror ou alguns programas de televisão podem deixar
algumas pessoas sentindo medo por muitos anos.
Esse estudo seguiu
outro feito em 1999, quando foi descoberto que muitos adultos sentiam medo e
ansiedade por causa dos filmes de terror ou programas de televisão com conteúdo
perturbador que assistiram durante a infância e adolescência.
O novo estudo
capturou a evolução do conteúdo da mídia e das respostas do público que não
foram abordadas no estudo de 1999. Essa pesquisa é muito importante, pois um
programa de televisão ou filme de terror pode aterrorizar as pessoas até anos
mais tarde e os avanços em tecnologia digital e o acesso a serviços de
transmissão de vídeos, como Netflix, aumentam as chances das pessoas serem
expostas a estímulos mais aterradores.
Os
pesquisadores verificaram que os jovens expostos a momentos de medo usavam
estratégias de comportamento de sobrevivência, como cobrir seus olhos ou sair
da sala. Já as pessoas mais velhas usavam estratégias cognitivas, como dizer a
si mesmas “é apenas um filme” ou “isso nunca poderia acontecer na vida real”.
Quase 220
participantes participaram do estudo, em que foram convidados a refletir sobre
experiências de medo na infância, antes dos 13 anos de idade, e depois como
adolescente ou adulto. Os participantes responderam perguntas sobre a duração
da sensação de medo, os mecanismos e as fontes do conteúdo, bem como as formas
em que enfrentaram os medos.
Essas
experiências envolviam algum programa da mídia que perturbou ou assustou a
pessoa tanto que o efeito emocional continuou mais tarde. Os pesquisadores
observaram que 165 tiveram uma experiência de medo durante a infância e 128
tiveram quando adulto.
A maioria dos
participantes disse que durante a infância, monstros sobrenaturais, como zumbis
ou extraterrestres, foram os principais culpados na produção de medo. Quanto à
duração, 39% disseram que o susto de infância durou até anos depois e afetou
comportamentos normais, como dormir e comer. E 58% reportaram que sofreram de
ansiedade e 18% tiveram medo de morrer.
Para
adolescentes e adultos, experiências assustadoras foram associadas a náuseas,
aumento da frequência cardíaca e medo de morrer.
Os
pesquisadores também observaram como histórias não baseadas em ficção,
incluindo documentários e notícias, se encaixam em respostas de medo. A
violência na mídia, incluindo a cobertura dos ataques do World Trade Center em
11 de setembro de 2001, contribuiu para aumentar o medo de seres humanos
perversos em adolescentes e adultos.
Adolescentes e
adultos são mais capazes de usar lógica e raciocínio para lidar com suas
respostas ao medo, enquanto as crianças devem confiar em comportamentos como
evitar estímulos assustadores ou buscar conforto físico, concluíram os
pesquisadores. Em suma, as crianças e adolescentes devem ser mantidos longe de
filmes de terror e programas sensacionalistas sobre violência.
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.