Assisti a uma
reportagem na CNN sobre a Saúde Pública nos países do primeiro mundo que me
inspirou a olhar com mais atenção ao que acontece por lá, já que se critica
tanto o que temos no Brasil, totalmente gratuito, mas com serviço ruim.
A Alemanha e a
França usam o modelo de seguro social para pagar a assistência médica à
população, ou seja, são alíquotas que incidem diretamente na renda do
trabalhador, mas, ao contrário dos EUA, todo mundo está coberto, e as empresas
não visam o lucro. Os contribuintes também são os donos das organizações
envolvidas através de conselhos e sindicatos.
As pessoas
pagam uma taxa no atendimento médico, entre US$ 5 e US$ 11 na Alemanha e US$ 25
na França, taxas que são reembolsadas quase sempre. Nos EUA, cobra-se de US$ 30
a US$ 200, dependendo da seguradora. Já no Reino Unido e Canadá é totalmente
gratuito.
O país
ocidental que mais gasta em saúde são os EUA, que passou de 17,1% do seu PIB em
saúde em 2014. O Reino Unido gastou 9,1% do seu PIB em saúde no ano de 2014,
uma queda considerável comparado com 2009 que foi de 9,8%. A Alemanha gastou
11,3% do PIB e a França, 11,5%.
Em valores
gastos por pessoa, o Reino Unido gastou US$ 4.003, o Canadá, US$ 4.609, a
França, US$ 4.407, e os Estados Unidos, US$ 9.451. O valor em reais do que
gastam os EUA é cerca de trinta mil reais, se no Brasil se gastasse isso, o
orçamento público nas três esferas deveria girar em torno de R$ 6 trilhões, um
pouco menos do PIB.
E por que nos
EUA gasta-se cerca do dobro que as outras nações desenvolvidas? Certamente,
utilizam muitas tecnologias avançadas e novos tratamentos para doenças graves
como o câncer e toda novidade custa muito mais caro. Deve-se ressaltar que o
modelo estadunidense é privado, que abrange apenas aqueles que estão segurados,
ou seja, os que pagam. E essas empresas visam o lucro.
O caro sistema
americano leva a uma divisão na sociedade entre os que têm mais ou que tem
menos cobertura universal. Quem tem bastante dinheiro recebe bons cuidados
médicos, quem não tem dinheiro, não se encaixa no sistema. É um sistema
desumano e injusto com seus cidadãos.
Nos outros
países, salienta-se a relação custo-eficiência do Serviço Nacional de Saúde. No
Reino Unido paga-se menos por paciente do que os demais dos países do Ocidente
analisados, mas não quer dizer que o sistema não seja eficiente.
A Alemanha
também é a campeã em número de leitos por mil pessoas, 8,2; a França com 6,2;
EUA, 2,9; Reino Unido e Canadá com 2,7. Já o número de médicos por mil pessoas,
Alemanha tem 4,1; França, 3,1; Reino Unido, 2,8; EUA, 2,6; e Canadá, 2,5.
Enquanto o
Canadá e o Reino Unido têm todos os seus cidadãos assegurados, na França. 0,1%
estão fora dos sistema de saúde, na Alemanha, 0,2% e nos EUA, 9,1%.
Essas nações
ricas estão muito preocupadas com a Saúde, pois junto com o aumento da
expectativa de vida, esta aumentando a demanda por cuidados médicos,
principalmente com o diabetes e as doenças cardíacas que requerem tratamentos
com custos em ascensão. E destaca-se que o número de leitos hospitalares caiu,
enquanto as internações nas salas de emergência aumentaram.
Mario Eugenio
Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e congregado mariano.