Por milhares de
anos, o ser humano utilizou energia renovável. Inicialmente, a lenha para o
fogo fez uma revolução, pois além de poder-se cozinhar, gerava luz e calor,
essencial para seres desprovidos de pelos adaptados para a savana, mas que
resolveram conquistar o hemisfério norte.
Já as águas
foram utilizadas para movimentar moinhos e tiveram expansão a partir dos
conventos católicos na Idade Média, graças à capacidade de comunicação da
Igreja que podia transitar com facilidade entre os feudos. Os moinhos de ventos
vieram depois, mas também foram importantes, com grande destaque nos países
baixos, onde eram usados para bombear as águas que inundavam a terra.
Então,
aconteceu a “Revolução Industrial”, a partir de 1760, gerando grande demanda de
energia, elegendo o carvão mineral como combustível barato. O uso da energia
renovável foi eliminado em diversas atividades e locais.
Isso até
aparecer Augustin Mouchot que foi um professor e engenheiro e ficou conhecido
por ser um dos pioneiros do estudo e aproveitamento da energia solar. Nascido
em 1825, foi professor do ensino elementar até diplomar-se em Matemática e em
Ciências Físicas em 1853.
O seu interesse
pela energia solar surgiu em 1860, quando teve consciência da finitude das
reservas de carvão e construiu um forno solar, estendendo os trabalhos de
Horace-Bénédict de Saussure e de Claude Pouillet. Já em 1866, inventou o
primeiro motor solar, quer tinha um espelho refletor parabólico e uma caldeira
cilíndrica em vidro, a qual alimentava uma pequena máquina a vapor. A máquina
foi apresentada a Napoleão III.
Em 1871, o
Conselho Geral de Tours concedeu-lhe uma subvenção que permitiu a ele
dedicar-se na construção de um forno solar com uma área de 4 m2. Esse
equipamento foi apresentado à “Académie des Sciences” em outubro de 1875. Em
1877, uma subvenção do Conselho Geral de Argel permitiu-lhe construir outro
maior ainda, um grande coletor de 20 m2 e que lhe rendeu a medalha de ouro na
Exposição Universal de 1878.
Tudo caminhava
bem para a energia solar, pois a França produzia pouco carvão mineral para
satisfazer as necessidades da sua indústria, porém o tratado de comércio com a
Inglaterra de 1860, somado à melhoria da rede ferroviária supriu a demanda do
carvão. E com isso o sonho augusto murchou.
Porém apareceu
outro pioneiro da energia solar, Frank Shuman, que nasceu em 1862, formou-se
engenheiro e obteve muitas patentes. Em 1897, Shuman criou um motor solar que
refletia a luz solar para uma caldeira cheia éter, que tem um ponto de ebulição
menor que o da água, e cujo vapor movia um brinquedo a vapor.
Em 1908, Shuman
criou a “Sun Power Company” e, em 1912, construiu a primeira usina térmica
solar do mundo em Maadi, Egito, usava espelhos parabólicos e gerava uma
potencia de 70 HP para bombear 6000 galões de água por minuto do rio Nilo para
os campos de algodão.
Mas a Primeira
Grande Guerra começou, coincidindo com a extração barata do petróleo, acabando
com outra iniciativa importante e jogando na berlinda o uso direto da energia
solar por quase cem anos. Agora é chegada a hora da energia solar... Será?
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.