sexta-feira, 13 de março de 2015

Impeachment?

Mario Eugenio Saturno 

 
Para que um Impeachment aconteça são necessárias algumas condições políticas, em especial, fatos incontestáveis, governo sem apoio político e sem apoio popular. O impedimento de um governante é perfeitamente legal, constitucional, e é direito fundamental do cidadão brasileiro o direito a ter, exprimir, defender e manifestar opinião, e ainda realizar protestos. Isso não é “terceiro turno”, isso é democracia, constitucional e republicana.

Posto isto, vejamos o que motiva o cidadão. Em primeiro lugar, ninguém falava em “impeachment”, a não ser um pequeno grupo, até que outro grupo de fanáticos do PT amplificou a discussão classificando de “golpista” quem tinha aquela opinião. Não é golpismo, é da Constituição, fortificando a antipatia contra o PT. Até no nordeste brasileiro a presidente Dilma está mal vista.

O novo mandato da Dilma começou carcomido pela incompetência generalizada, notadamente econômica e energética, e pela corrupção na empresa pública mais querida do governo, a Petrobras, e com indicativo que a corrupção também ocorre na Eletrobrás, BB, BNDES...

E o pior, a tentativa da Dilma e seus seguidores de dividir a culpa com o Fernando Henrique Cardoso. Não só foi desmentido como virou motivo de piada entre a população. Também se tornou irritante ver os fanáticos culparem o FHC. Ainda mais que todo o alto escalão preso foi indicado pela Dilma ou pelo Lula.

Dias atrás, o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, declarou que a corrupção na Petrobrás começou de forma sistemática e partidária logo no primeiro ano do Lula. Só o que ele arrecadou e vai devolver são US$ 97 milhões, ou R$ 303 milhões. Já foram repatriados da Suíça R$ 182 milhões. Barusco também disse que o tesoureiro do PT, João Vaccari (será que todo tesoureiro petista tem problema?), negociava os percentuais de propina. E disse ainda que o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, pediu dinheiro a uma das empresas investigadas na Lava Jato para a campanha presidencial de 2010. Se apertar as empresas, doações para a última campanha vão aparecer, motivo mais que suficiente para um “impeachment”.

E a equipe da presidente não para de surpreender, mudaram a metodologia de cálculo do PIB, e com isso a economia em 2011 cresceu mais, foi 3,9% e não 2,7%, e nos anos anteriores o crescimento médio subiu de 3,5 para 3,7%. A indústria da maquiagem e da mentira não para. E quem acredita?

Até o mais simplório cidadão percebe que ruiu a aparência do “Brasil Maravilha”, e a realidade do Brasil piorou incrivelmente desde as eleições. Se não bastasse a inflação visível dos alimentos, a energia elétrica não para de subir seus preços e, enquanto no resto do mundo reduz-se o preço da gasolina, no Brasil dispara. Uai, por que somente este “commodity” não segue o preço internacional quando cai? Corrupção, incompetência, desperdício de recursos, escolha de prioridades erradas, como o caríssimo Pré-Sal, etc.

Resumindo, o povo está cansado. Prova disso foi do panelaço ocorrido durante o pronunciamento da presidente Dilma, no dia 8 de março e das vaias que recebeu dos trabalhadores da feira da construção. O que pode piorar são os estudantes, decepcionados porque não conseguem fazer inscrição no fundo de educação FIES. Se em 1992 foram os caras-pintadas que deram suporte ao “impeachment”...

Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.