Pesquisa analisa como os
evangélicos votam e se comportam politicamente no Brasil
O cenário político nacional tem sido marcado por causas religiosas. Políticos-pastores tem causado polêmica ao arrastar multidões com seus discursos inflamados e nem sempre aclamados pela maior parte da população brasileira. Em meio a discussões acaloradas sobre a suposta influência dos pastores, a pesquisa de Leonardo Almeida levantada questões como a relação do protestantismo e a política no Brasil, considerando o contexto histórico-político de formação do país e a representação evangélica na política.
Mestre em Ciências
Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com a dissertação
”Sistema partidário, representação e eleições presidenciais: uma análise sobre
evangélicos e política no Brasil”, Leonardo Almeida apresentou um panorama da
comunidade protestante e como ela se comporta politicamente no Brasil. Por ser
uma comunidade religiosa em plena expansão, os protestantes vêm conquistando
seu espaço também no mundo político, segundo o pesquisador.
A classe que cresceu de
9% para 22% nos últimos 20 anos no Brasil vem conquistando seu território
político de forma mais expressiva desde 1988, de acordo com Leonardo. “Eles
eram uma parcela muito pequena no início da democratização, de 1945 a 1964.
Depois da constituição de 1988, com uma maior representação e voto obrigatório
eles passaram a influenciar mais nas eleições”, explica.
Para o autor, o sistema
político brasileiro foi também um facilitador para esse crescimento do poder
político protestante se comparado a outros países. “O nosso sistema político
foi mais propício para os evangélicos entrarem no meio. No Chile, os
evangélicos cresceram na mesma proporção e não tiveram taxas tão grandes de
evangélicos na política”. Segundo ele, outro ponto é que evangélicos tendem a
votar em políticos com os mesmo valores morais e religiosos, não seguindo
apenas indicações, mas atentando para a opção religiosa de cada candidato.
“Quando as lideranças dos evangélicos apoiam candidatos ‘não-evangélicos’,
dificilmente conseguem trazer o voto dos evangélicos, que preferem votar em
alguém da mesma religião”.
Sobre as recentes
polêmicas que política e religião juntas trouxeram para a agenda pública,
Leonardo diz que é difícil medir a laicidade do Estado e é justamente por causa
dessa visibilidade do tema que ele resolveu abordá-lo em sua pesquisa. “O tema
religião mexe muito com as pessoas, principalmente atrelado à política. Por
exemplo, o Feliciano. Na próxima eleição é provável que ele receba muito mais
votos por ter reafirmado valores evangélicos. Por ter sido muito atacado ele se
fortaleceu no meio religioso”.