quarta-feira, 31 de julho de 2013

Votar com fé

Vanessa Oliveira
 

Pesquisa analisa como os evangélicos votam e se comportam politicamente no Brasil

O cenário político nacional tem sido marcado por causas religiosas. Políticos-pastores tem causado polêmica ao arrastar multidões com seus discursos inflamados e nem sempre aclamados pela maior parte da população brasileira. Em meio a discussões acaloradas sobre a suposta influência dos pastores, a pesquisa de Leonardo Almeida levantada questões como a relação do protestantismo e a política no Brasil, considerando o contexto histórico-político de formação do país e a representação evangélica na política.

Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com a dissertação ”Sistema partidário, representação e eleições presidenciais: uma análise sobre evangélicos e política no Brasil”, Leonardo Almeida apresentou um panorama da comunidade protestante e como ela se comporta politicamente no Brasil. Por ser uma comunidade religiosa em plena expansão, os protestantes vêm conquistando seu espaço também no mundo político, segundo o pesquisador.

A classe que cresceu de 9% para 22% nos últimos 20 anos no Brasil vem conquistando seu território político de forma mais expressiva desde 1988, de acordo com Leonardo. “Eles eram uma parcela muito pequena no início da democratização, de 1945 a 1964. Depois da constituição de 1988, com uma maior representação e voto obrigatório eles passaram a influenciar mais nas eleições”, explica.

Para o autor, o sistema político brasileiro foi também um facilitador para esse crescimento do poder político protestante se comparado a outros países. “O nosso sistema político foi mais propício para os evangélicos entrarem no meio. No Chile, os evangélicos cresceram na mesma proporção e não tiveram taxas tão grandes de evangélicos na política”. Segundo ele, outro ponto é que evangélicos tendem a votar em políticos com os mesmo valores morais e religiosos, não seguindo apenas indicações, mas atentando para a opção religiosa de cada candidato. “Quando as lideranças dos evangélicos apoiam candidatos ‘não-evangélicos’, dificilmente conseguem trazer o voto dos evangélicos, que preferem votar em alguém da mesma religião”.

Sobre as recentes polêmicas que política e religião juntas trouxeram para a agenda pública, Leonardo diz que é difícil medir a laicidade do Estado e é justamente por causa dessa visibilidade do tema que ele resolveu abordá-lo em sua pesquisa. “O tema religião mexe muito com as pessoas, principalmente atrelado à política. Por exemplo, o Feliciano. Na próxima eleição é provável que ele receba muito mais votos por ter reafirmado valores evangélicos. Por ter sido muito atacado ele se fortaleceu no meio religioso”.