
O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, e o segundo mais frequente em todo o mundo. A doença tem alta taxa de mortalidade porque, na maioria dos casos, o câncer é detectado em estágio avançado. Por isso, os especialistas alertam para a importância da realização de exames que permitem a detecção da doença em estágio ainda inicial. Quanto antes for diagnosticado, maiores são as chances de cura.
Para isso, existem dois principais tipos de exame: o autoexame e a mamografia. O primeiro, como já diz o nome, pode e deve ser feito pela própria mulher, na busca de possíveis caroços e nódulos na região da mama. Já o segundo é realizado por profissionais, e o INCA recomenda que mulheres acima dos 40 anos façam pelo menos uma vez ao ano.
Porém este exame apresenta um lado negativo. Segundo estudos, os efeitos do raio-x utilizado durante a mamografia podem afetar as células mamárias e provocar o câncer de mama. Com isso, as mulheres entram em um “dilema”: fazer ou não o exame?
Para analisar o problema, o Laboratório de Biologia Molecular de Tumores da UERJ, coordenado pela professora Dra. Claudia Gallo, e o Laboratório de Ciências Radiológicas da UERJ, coordenado pelo professor Dr. Carlos Eduardo de Almeida, desenvolvem projetos de pesquisa que visam precisar os efeitos da interação de diversas doses e tipos de radiação com os ambientes celulares e moleculares.
Foi nesses laboratórios que a aluna Flávia Ventura realizou o estudo para sua tese de mestrado, “Efeitos de raios-x de baixa energia em células mamárias”. No trabalho, ela obteve os primeiros resultados in vitro de alterações morfológicas provocadas pela radiação de baixa energia (a mesma da mamografia) em células normais e cancerosas.
Em entrevista à AGENC, a autora comentou sobre o assunto. Para ela, a mamografia é um método muito eficaz para detectar lesões nas mamas, por isso é comum sua solicitação pelos médicos. Porém deve-se somente recorrer a esse método se houver real necessidade, já que a radiação ionizante presente nesse método também oferece um potencial risco. “A melhor forma de atenuar o risco é o uso criterioso do método”, afirma Flávia.
Ela diz que uma simples exposição já pode oferecer riscos às mulheres. “Uma vez somente basta para que ocorra algum risco, porém, com a exposição repetida à radiação ionizante o risco para essas mulheres será maior, e prolongado por toda vida”. Apesar disso, para Flávia, isso não deve ser uma grande preocupação para as mulheres. “De acordo com os estudos, as mulheres que não fazem parte do grupo de risco para câncer de mama não devem se preocupar com o exame de mamografia, desde que indicado de forma criteriosa”.
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Câncer no homem |

Para finalizar, a autora afirmou que acredita que em breve a solução para esse dilema aparecerá. “Não acredito que alguma solução efetiva tarde a ser encontrada. No Brasil, por exemplo, o ministério da saúde já criou uma estratégia de recomendação do uso da mamografia para o rastreamento do câncer de mama. Afinal, o melhor método de rastreamento do câncer de mama deve ser aquele em que os benefícios superam os riscos”.