segunda-feira, 30 de abril de 2012
FAVELAS - COMUNIDADES-BAIRRO E PRODUÇÃO CULTURAL
Sob a ótica da definição do conceito Favela, encontram-se muitas formas de traduzir o termo. Nos projetos sociais, fala-se em comunidades em risco social. Em português europeu, chamam-a de Bairro de Lata, e no português angolano, Musseque. No Rio, são chamadas de Morro. Interessante o que a história revela: as primeiras favelas surgiram no Rio de Janeiro, logo após a Guerra de Canudos e, em São Paulo, na época da Segunda Guerra Mundial. Porém, Começaram a se tornar mais aparentes, quando houve a expansão do processo de industrialização e urbanização, de que a mobilidade populacional foi consequência.
A cultura dessas Comunidades-Bairro, como se deseja chamar e se configuram na sua existência, é real. Materializa-se na satisfação e na apreensão da realidade, com vistas à produção de ações que mudem algo na pessoa ou no grupo, funcionando como alavanca para a mudança. A Cultura Primeira dessas comunidades proporciona alegria aos que dela partilham, fortalecendo a confiança na própria pessoa, no grupo, na vida, no amar ao mundo, percebendo-o como mais acolhedor e de mais fácil compreensão. Nasce da experiência direta da vida, onde se absorve sem se perceber, o que se vai em direção, seguindo a inclinação da tradição, dos desejos e da curiosidade. Esse tipo de cultura se relaciona, diretamente, à práxis social.
Como produtoras de cultura própria, as Comunidades-Bairro necessitam de espaço para disseminar e divulgar sua arte e obras. Diferente das Lonas Culturais, as Casas de Cultura Primeira devem possuir auditório, salas de aulas e oficinas, bem como ambiente ao ar livre para outras atividades lúdicas. Preservadas como espaço de cultura local, essas Casas são direcionadas à comunidade, por isso, com gestão comunitária e participativa. O aproveitamento de lugares públicos ou de um local tombado como patrimônio pode dar lugar ao seu funcionamento.
Assim, a criação das Casas de Cultura Primeira será um reconhecimento à cultura local das comunidades, não por um favor ou benefício político, mas por uma dívida social às comunidades que, por décadas, se viram alijadas do direito à expressão de sua produção cultural.
O Grupo Cultural Jongo Eledá é da comunidade de Vila Valqueire e participa do Instituto Visões do Morro, em suas apresentações culturais, tendo como responsável Cristina Eledá. Este grupo é tradicionalmente familiar, de geração para geração.
Ana Shirley França é Professora e Administradora.