quinta-feira, 26 de abril de 2012

CAMPO DE GOLF: CRIME PROGRAMADO

A Vegetação na área da reserva da APA de Marapendí onde vai ser construído o campo de Golf pertence ao Bioma de Mata Atlântica. O ecossistema de restinga vem se recompondo nos últimos vinte anos após o termino da mineração que havia destruído a área. Este processo de resiliência (autor regeneração da natureza) foi lento, e hoje vários animais e vegetais raros habitam o local. Várias espécies de fauna e flora de Mata Atlântica vão ser totalmente eliminados com a autorização da prefeitura e do INEA. Na área existiam: Preás, Martins pescadores, Capivaras, Garças, Lagartos Teju, Lagartixa da areia (ameaçada de extinção), Borboleta da Praia (ameaçada de extinção), Saracuras, Frangos d’águas, Maguaris, Corujas-buraqueiras, Socós, etc, , Cajueiros, Aroeiras, Imbaúbas, Goiabeiras, Pitangueiras, Cambotas, Cactos Coroa de Frade (ameaçada de extinção), Norantea brasiliensis (ameaçada de extinção) entre outras.


A remoção vai ser feita como sempre: sem Estudo de Impacto Ambiental, sem o Relatório de impacto Ambiental, contra a opinião pública, sem as medidas mitigadoras, com fins políticos para angarias fundos para a campanha e com apoio de grileiros e empreiteiros gananciosos. Os moradores da Barra e do Recreio são contra a destruição da Natureza, querem preservar este patrimônio natural para seus filhos e netos. Como pode uma engenheira ambiental formada na COOPE permitir um crime destes? A presidenta do INEA deveria conhecer o Código Florestal (Lei Federal nº 4.771/65) ou a lei da Mata Atlântica. Será que o Secretário de Ambiente do Estado esta sabendo deste crime? Será que eles sabem que a população é contra? Será que eles sabem que já existe um campo de GOLFE na Barra que realiza grandes competições internacionais? Acredito que não, pois esta falta de cuidado com nossa biodiversidade é característica das atuais administrações Estadual e Municipal. A prefeitura nem secretário de meio ambiente tem.

Não é possível que os nossos administradores ambientais já se esqueceram da ECO 92 realizada aqui no Rio. Documentos importantíssimos foram assinados pelo Brasil e por mais de 170 países:

A Agenda 21 determina a conservação da diversidade biológica, à proteção e promoção das condições da saúde humana, a disposição de recursos e mecanismos de financiamento para a preservação ambiental, etc;

A Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB estabelece obrigações e procedimentos para a identificação e monitoramento de ecossistemas e habitats importantes para a conservação (talvez estas espécies não tenham tanta importância para eles), determina a utilização sustentável de componentes da biodiversidade, etc;

Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento: Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza;

Convenção sobre Mudanças Climáticas que objetiva a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa para proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras da humanidade;

A obra visa à criação de um campo de GOLF popular. A população joga GOLF ??. Será que o projeto contempla a proteção da vida silvestre que existia ali? Será que existe um projeto de reconstituição da restinga que vai ser removida pelos nossos administradores ambientais? Será que existe preocupação com as gerações futuras? Querem destruir a natureza em nome das Olimpíadas. Os impactos ambientais serão irreversíveis.

Estas perguntas deveram ser respondidas para o IBAMA e para o Ministério Público, pois a irresponsabilidade dos responsáveis pelo projeto de devastação da Mata Atlântica na Reserva tem que aparecer. Não podemos engolir mais este crime hediondo.

* Marcello Mello é biólogo