ISMAEL MOLINARI
Epitáfio
ISMAEL PEREIRA MOLINARI, homem simples de origem italiana, cidadão do bairro onde viveu por toda a vida, desde o nascimento em setembro de 1940, até o recente falecimento, no 5º dia de maio de 2011, subitamente como teria de ser.
HOMEM DE BEM, cultivava amigos, que recebia generosamente em sua casa, dividindo seu scotch e sua alegria italiana, integrando a todos em seu ambiente, sempre se dedicando a nós, mas priorizando seus familiares, de sangue ou não.
ISMAEL PEREIRA MOLINARI em busca da possibilidade de receber os amigos do bar em seu lar criou um espaço independente, distante suficientemente para não incomodar os parentes, próximo bastante para tranquiliza-los e assistir.
HOMEM DE FAMÍLIA bem soube conciliar neste espaço, que denominava o melhor bar do mundo, seu balcão de negócios, sua sala de música, a terapia dos amigos, pobres ou ricos, cultos ou não, privilegiados com sua generosidade.
ISMAEL PEREIRA MOLINARI buscava sua mantença desde cedo no comércio e na prestação de serviço. Ainda garoto realizou o sonho de montar e gerir uma casa de diversão, a boite Baiuca, uma pioneira nesse bairro de tantos atrativos.
HOMEM DE NEGÓCIOS, logo aderiu à comercialização de veículos, sendo aí, também bem sucedido sem, no entanto, enriquecer, mas sempre mantendo um padrão de qualidade e dignidade de vida. A ambição jamais o dominou.
ISMAEL PEREIRA MOLINARI ironizava e se autodenominava UM PINTOR DE AUTOMÓVEIS, podemos testemunhar que foi muito mais, de tudo entendia um pouco, sua espontânea alegria era o remédio certo nos momentos ruins.
HOMEM SIMPLES querido por todos, e quando eventualmente utilizado em sua boa fé sequer se incomodava, considerava que o mal decorrera de necessidade de outrem, um ‘amigo’, o qual continuava a receber como se nada houvesse.
ISMAEL PEREIRA MOLINARI era uma bomba humana, sabíamos que poderia explodir a qualquer tempo, entre drinks e cigarros, um dos últimos fumantes com quem convivi, quanto maior a crítica, mais exteriorizava o péssimo hábito.
HOMEM DE HONRA cumpria seus compromissos ainda que alguns de ordem social desagradáveis ao seu jeito simples de ser. Caseiro e família, jamais deixou de sair de seu conforto para atender à necessidade de um amigo.
ISMAEL PEREIRA MOLINARI deve ter bagunçado o CÉU ao chegar, mas recordando Ariano Suassuna em AUTO DA COMPADECIDA, sua chamada foi vontade da virgem, que bem saberá defender suas estripulias nesse mês de MARIA.
ALVARO COSTA