
Esta matéria foi feita pelo jornalista Ricardo Labatt, do jornal Cidade da Barra e publicada no ano de 2005.
A POLEMICA RETIRADA DE INVASORES EM ÁREAS DA BARRA DA TIJUCA
Por Ricardo Labatt
Barra é o novo Rio. Uma nova cidade que nasceu com ares interioranos, mesmo estando no litoral.
A ocupação dos Campos de Sernambis, hoje conhecida como Barra e o Recreio, se deu de forma muito desordenada. Em nome da segurança, os moradores acostumaram-se a viver aprisionados entre grades e guaritas. As construtoras venderam a idéia do condomínio fechado. Prédios e casas isolados do mundo, onde áreas públicas passavam a ser, erroneamente, identificadas como prioridades particulares.
Firmas de segurança privada garantem o cerceamento dos direitos de IR e VIR dos demais cidadãos, impedindo que os não moradores circulem por ruas e praças públicas. Alguns foram mais além, construindo áreas de lazer em locais destinados a vias públicas.
Com o tempo os moradores passaram a se sentir donos dessas áreas e a protestar contra o simples comentário de que eram áreas públicas.
Condomínios dos prédios e casas do Novo Leblon, Nova Ipanema, Mandala, Santa Mônica, Wimbledon Park, Atlântico Sul, Portões, Barra Sul, entra outros, não conseguem entender que não moram em condomínios com estes nomes. Não entendem, que estes não são nomes de condomínios, e sim, nomes dados pelas construtoras, para comercializar determinadas áreas.
É preciso entenderem que, apenas os próprios prédios onde moram, podem ser considerados condomínio. Afinal, a luz das ruas são pagas e mantidas por toda a população do Rio. Logo, são vias públicas. Curioso é que as mesmas pessoas que aplaudiram a retirada dos invasores pobres (favelados, miseráveis e sem teto) que estavam instalados em condições sub-humanas, na favela Marapendí, em frente ao Downtown, ou da Via Park, atrás do BarraShopping, protestam quando se fala das invasões cometidas por elas.
Alguns moradores, sem visão social, querem, apenas, afastar o gueto. Classificam os sem recurso de invasores, que na realidade, são, mas eles, não!
Não sou contra a retirada dos invasores pobres. Afinal, todas as áreas compreendidas nos 15 metros de proximidade dos espelhos d água são da União, digo do Governo Federal.
Sou contra o atual uso de dois pesos e duas medidas.
Acredito que a Lei é para todos independente do credo, raça ou poder econômico. As autoridades tem que retirar tanto os invasores pobres como os ricos.
Não concordo com a política aplicada na Barra, onde invasores ricos são, nitidamente, beneficiados em detrimento dos interesses da maioria. A Avenida Canal de Marapendí, via paralela a Avenida Sernambetiba (lado da praia), que muito aliviaria o tráfego da região, não é concluída, única e exclusivamente, para não irritar os moradores do Barramares, Atlântico Sul, Village Oceanic, entre outros. Tampouco concordo com a vista grossa das autoridades, no que diz respeito a invasores que se apropriam, indebitamente de áreas e vias públicas, como é o caso dos “co-proprietários” do Santa Lúcia, do Santa Helena, do WimbledonnPark e de tantos outros. Este último, juntamente com o “Condomínio” das Mansões, chega ao cúmulo de desrespeitar o direito de IR e VIR, previsto na Constituição Brasileira, impedindo a passagem entre duas avenidas, paralelas à Avenida das Américas, lançando suas grades de modo a, resguardar irregularmente, áreas públicas para uso exclusivo dos moradores, sem deixar espaço para as calçadas. Desrespeitam até o recente decreto do próprio prefeito César Maia, editado por iniciativa do Sr. Paulo Conde, ex-secretário de urbanismo, em 29 de maio de 1996, que disciplina as normas construtivas das guaritas em logradouros públicos.
No documento constam as obrigatoriedades de recuo e de que sejam afixadas em locais visível das guaritas frases que garantam o direito de livre acesso de qualquer cidadão.
O Riviera Del Fiori, foi o único condomínio que respeitou os limites, cercando com grades apenas as áreas próprias, respeitando os espaços de calçadas e deixando com que as vias públicas ficassem fora de seus domínios.
O egoísmo e a esperteza de alguns sempre prejudicam aos outros. Os moradores dos prédios do Barramares acostumados a manter uma via pública para uso exclusivo (brinquedos, campos de futebol e churrasqueiras) em local destinado a construção de outra via, resiste à necessidade abrir seus portões. A própria síndica geral, a cidadã Cristina Raup, entende a necessidade de liberar a via, para permitir acesso à balsa dos vizinhos dos fundos. Porém, enquanto síndica sofre pressões dos moradores e se vê obrigada a resistir em nome do cargo que ocupa. Cristina, que sempre foi uma pessoa tranqüila e coerente, sabe que é a única rua que faz parte do Condomínio Barramares é a que está compreendida entre o comércio local e o edifício Java. Por ela, a grade colocada à beira do Canal de Marapendí, e a guarita instalada na esquina com a Avenida Sernambetiba já teriam sido derrubadas. Cristina que o certo seria colocar duas novas guaritas, uma em cada extremidade da rua interna. Porém cumpre o seu papel, perante ao que a elegeram e luta por seus interesses, mesmo tentando convence-los de que estão errados.
Na Barra áreas públicas, onde segundo o plano de urbanização, deveriam ser construídas escolas municipais ou praças, foram e continuam sendo negociadas com condomínios, para a instalação de quadras de esporte e áreas de lazer particulares.
É triste vermos pessoas esclarecidas e inteligentes, como os moradores da Barra, não conseguirem enxergar que cada área “doada” significa uma escola ou uma praça a menos. Cada aparente ato de bondade das autoridades é, na verdade, parte de uma política maquiavélica, que agrada o egoísmo pessoal de alguns, em detrimento do bem estar coletivo.
Os Condomínios Barra Bella e Barra Bella In foram beneficiados. Vários prédios do Km 1 da Avenida das Américas também. Porém, o pior se deu na Avenida Jornalista Marinho, onde a “urbanização” da Praça Ronald Boscoli e a sessão de um terreno para a igreja, regulamentaram a invasão de uma imensa área, por parte dos “co-proprietários” do Wimbledon Park. Toda a área de lazr deste pseudo condomínio está construída em área pública, agora privatizada.
Não quero crer que os moradores de nossa região não se importem, com a própria qualidade de vida. Não acredito que nossos vizinhos, sejam pessoas tão alienadas, que não percebam que tais manobras estão condenando a Barra a ter diminuída os seus padrões de nível de vida.
Ricardo Labatt é jornalista
A POLEMICA RETIRADA DE INVASORES EM ÁREAS DA BARRA DA TIJUCA
Por Ricardo Labatt
Barra é o novo Rio. Uma nova cidade que nasceu com ares interioranos, mesmo estando no litoral.
A ocupação dos Campos de Sernambis, hoje conhecida como Barra e o Recreio, se deu de forma muito desordenada. Em nome da segurança, os moradores acostumaram-se a viver aprisionados entre grades e guaritas. As construtoras venderam a idéia do condomínio fechado. Prédios e casas isolados do mundo, onde áreas públicas passavam a ser, erroneamente, identificadas como prioridades particulares.
Firmas de segurança privada garantem o cerceamento dos direitos de IR e VIR dos demais cidadãos, impedindo que os não moradores circulem por ruas e praças públicas. Alguns foram mais além, construindo áreas de lazer em locais destinados a vias públicas.
Com o tempo os moradores passaram a se sentir donos dessas áreas e a protestar contra o simples comentário de que eram áreas públicas.
Condomínios dos prédios e casas do Novo Leblon, Nova Ipanema, Mandala, Santa Mônica, Wimbledon Park, Atlântico Sul, Portões, Barra Sul, entra outros, não conseguem entender que não moram em condomínios com estes nomes. Não entendem, que estes não são nomes de condomínios, e sim, nomes dados pelas construtoras, para comercializar determinadas áreas.
É preciso entenderem que, apenas os próprios prédios onde moram, podem ser considerados condomínio. Afinal, a luz das ruas são pagas e mantidas por toda a população do Rio. Logo, são vias públicas. Curioso é que as mesmas pessoas que aplaudiram a retirada dos invasores pobres (favelados, miseráveis e sem teto) que estavam instalados em condições sub-humanas, na favela Marapendí, em frente ao Downtown, ou da Via Park, atrás do BarraShopping, protestam quando se fala das invasões cometidas por elas.
Alguns moradores, sem visão social, querem, apenas, afastar o gueto. Classificam os sem recurso de invasores, que na realidade, são, mas eles, não!
Não sou contra a retirada dos invasores pobres. Afinal, todas as áreas compreendidas nos 15 metros de proximidade dos espelhos d água são da União, digo do Governo Federal.
Sou contra o atual uso de dois pesos e duas medidas.
Acredito que a Lei é para todos independente do credo, raça ou poder econômico. As autoridades tem que retirar tanto os invasores pobres como os ricos.
Não concordo com a política aplicada na Barra, onde invasores ricos são, nitidamente, beneficiados em detrimento dos interesses da maioria. A Avenida Canal de Marapendí, via paralela a Avenida Sernambetiba (lado da praia), que muito aliviaria o tráfego da região, não é concluída, única e exclusivamente, para não irritar os moradores do Barramares, Atlântico Sul, Village Oceanic, entre outros. Tampouco concordo com a vista grossa das autoridades, no que diz respeito a invasores que se apropriam, indebitamente de áreas e vias públicas, como é o caso dos “co-proprietários” do Santa Lúcia, do Santa Helena, do WimbledonnPark e de tantos outros. Este último, juntamente com o “Condomínio” das Mansões, chega ao cúmulo de desrespeitar o direito de IR e VIR, previsto na Constituição Brasileira, impedindo a passagem entre duas avenidas, paralelas à Avenida das Américas, lançando suas grades de modo a, resguardar irregularmente, áreas públicas para uso exclusivo dos moradores, sem deixar espaço para as calçadas. Desrespeitam até o recente decreto do próprio prefeito César Maia, editado por iniciativa do Sr. Paulo Conde, ex-secretário de urbanismo, em 29 de maio de 1996, que disciplina as normas construtivas das guaritas em logradouros públicos.
No documento constam as obrigatoriedades de recuo e de que sejam afixadas em locais visível das guaritas frases que garantam o direito de livre acesso de qualquer cidadão.
O Riviera Del Fiori, foi o único condomínio que respeitou os limites, cercando com grades apenas as áreas próprias, respeitando os espaços de calçadas e deixando com que as vias públicas ficassem fora de seus domínios.
O egoísmo e a esperteza de alguns sempre prejudicam aos outros. Os moradores dos prédios do Barramares acostumados a manter uma via pública para uso exclusivo (brinquedos, campos de futebol e churrasqueiras) em local destinado a construção de outra via, resiste à necessidade abrir seus portões. A própria síndica geral, a cidadã Cristina Raup, entende a necessidade de liberar a via, para permitir acesso à balsa dos vizinhos dos fundos. Porém, enquanto síndica sofre pressões dos moradores e se vê obrigada a resistir em nome do cargo que ocupa. Cristina, que sempre foi uma pessoa tranqüila e coerente, sabe que é a única rua que faz parte do Condomínio Barramares é a que está compreendida entre o comércio local e o edifício Java. Por ela, a grade colocada à beira do Canal de Marapendí, e a guarita instalada na esquina com a Avenida Sernambetiba já teriam sido derrubadas. Cristina que o certo seria colocar duas novas guaritas, uma em cada extremidade da rua interna. Porém cumpre o seu papel, perante ao que a elegeram e luta por seus interesses, mesmo tentando convence-los de que estão errados.
Na Barra áreas públicas, onde segundo o plano de urbanização, deveriam ser construídas escolas municipais ou praças, foram e continuam sendo negociadas com condomínios, para a instalação de quadras de esporte e áreas de lazer particulares.
É triste vermos pessoas esclarecidas e inteligentes, como os moradores da Barra, não conseguirem enxergar que cada área “doada” significa uma escola ou uma praça a menos. Cada aparente ato de bondade das autoridades é, na verdade, parte de uma política maquiavélica, que agrada o egoísmo pessoal de alguns, em detrimento do bem estar coletivo.
Os Condomínios Barra Bella e Barra Bella In foram beneficiados. Vários prédios do Km 1 da Avenida das Américas também. Porém, o pior se deu na Avenida Jornalista Marinho, onde a “urbanização” da Praça Ronald Boscoli e a sessão de um terreno para a igreja, regulamentaram a invasão de uma imensa área, por parte dos “co-proprietários” do Wimbledon Park. Toda a área de lazr deste pseudo condomínio está construída em área pública, agora privatizada.
Não quero crer que os moradores de nossa região não se importem, com a própria qualidade de vida. Não acredito que nossos vizinhos, sejam pessoas tão alienadas, que não percebam que tais manobras estão condenando a Barra a ter diminuída os seus padrões de nível de vida.
Ricardo Labatt é jornalista