segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entrevista com o deputado Otavio Leite


Luan Seixas

Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, Otávio Leite, 47 anos, sergipano de Aracaju, é afilhado de batismo do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira. Foi criado em Copacabana por seu avô - o senador Júlio Leite.
“Tive o privilégio de ser batizado pelo maior Presidente da República que o país já teve. Carrego como uma medalha de honra.”
Otávio jamais se imaginou morador da Barra da Tijuca. Contudo, quando conheceu Ângela, sua esposa, casou-se e veio para o bairro. Aqui teve dois filhos: Fernando e Otavio Filho; foi então que o casal Leite criou e passou a gostar da região, como ninguém.
Começamos então o bate-papo com o Deputado, perguntando a ele, qual postura que um político, uma pessoa pública, deva tomar, principalmente em tempos atuais, onde ética e profissionalismo estão tão deturpadas por escândalos e má conduta daqueles que deveriam de dar o exemplo aos cidadãos.
Dep. Otávio Leite: - Há uma expressão clássica na vida política Brasileira, que hoje é muito pouco utilizada, mas que eu lembro sempre dela e resgato como um combustível que deve animar o meu cotidiano. Chama-se: espírito público. Preocupar-se com as questões coletivas. Olhar para o futuro dentro da ótica da construção de uma sociedade mais justa. Ter espírito público, acho que é um pré-suposto da vida parlamentar de qualquer cidadão. E é uma frase que sempre foi muito utilizada até umas décadas atrás, e hoje tem se perdido demais. É preciso voltar o espírito de serviço as pessoas, ao bem comum.
“O parlamento é o reflexo da sociedade. E lá, há de tudo.”
Jornal C.D.B.: - O que o senhor tem a falar a respeito do crescimento da Barra da Tijuca, e da Barra como um todo?
Dep. Otávio Leite: - A Barra é essa explosão demográfica provocada pela migração, e também pelo crescimento vegetativo próprio. Logo, a infra-estrutura urbana necessária para acolher e prover de serviços tudo o que a população necessita, tem que ser superdimensionada. Haja vista que o imperativo de se concluir a obra do emissário. É uma bandeira abraçada pelos moradores da Barra e Recreio desde 1985. Nós estamos há 24 anos nessa “saga”. Tudo o que se possam imaginar, todos nós lutamos, as associações, os moradores, e eu, em particular, me dediquei muito a essa luta. E nós sabemos que finalmente a obra tomou um curso, mas ela precisa ser concluída. As comunicações entre Jacarepaguá, e o produto dos resíduos de Jacarepaguá, precisam se comunicar com o emissário. O Recreio já parte para se comunicar com o emissário, e sobre tudo, também, o tratamento prévio, antes do dejeto ir pro mar. Porque até o momento a estação é apenas uma baldeação entre o que é coletado nessas áreas, e que vai para os 5 km mar à dentro no oceano. O que eu sei é que na lagoa da tijuca, os coliformes fecais, são, em número, 1bilhão de vezes maior do que o mínimo possível. Essa é uma questão que inclusive estamos acompanhando de perto. Esse é um tema básico que tem diretamente relação com a qualidade de vida na Barra da Tijuca. O odor no final do dia, em alguns pontos, é praticamente impraticável. A obra está em curso e torcemos para que ela se conclua o mais rápido possível, com a estação de tratamento.
Jornal C.D.B.: - E sobre a linha 4 do metrô, o que o senhor pode nos falar a respeito?
Dep. Otávio Leite: - O metrô passou a ser o desafio mais imediato. Afinal, o deslocamento para outros lugares, ou de outros lugares para a Barra, têm cada vez demorado mais. Então esse é um problema sério. E não há outra saída se não através da ampliação da linha para a Barra da Tijuca. Contudo, isso implica em recursos, em investimentos altíssimos. Eu apresentei junto a outros deputados federais, a emenda ao orçamento da União pra que haja verbas também do Governo Federal, destinadas a essa obra. Obra esta de mais de 2 bilhões. É fundamental que parcerias com a iniciativa privada sejam firmadas, para que se tenham condições de alavancar toda essa verba destinada à obra. Nós estamos acompanhando isso. Existe, inclusive, uma comissão na assembléia legislativa que faz um papel de supervisão deste trabalho. Vêm aí os jogos olímpicos, vem aí a copa do mundo. São mais razões que devem fortalecer essa busca pela solução definitiva para o metrô da Barra da Tijuca.
Jornal C.D.B.: - Com relação ao turismo na Barra, e sobre a orla da Barra da Tijuca, o que o senhor tem a dizer?
Dep. Otávio Leite: - O turismo é uma vocação da cidade que precisa cada vez mais ser fortalecido. E que implica em disponibilidade de bons quartos, atrativos e organização da infra-estrutura turística. A Barra já mostrou o ar da graça. Os Hotéis que aqui temos, possuem hoje taxa de ocupação bem significativa, boa, de ponto de vista médio da cidade. Cada vez mais a Barra é um ponto turístico específico. Vale a pena se hospedar na Barra. Têm shoppings, tem a praia, e ao mesmo tempo, a permanente vocação de acolhimento que a cidade tem, do jeito, dos trejeitos da população, isso também se verifica na Barra. Basta irmos aos quiosques da nossa orla, aonde com um ambiente agradável ali se mistura com um bom serviço, que hoje é bem prestado, mas que já aguardamos uma qualificação melhor dos quiosques. A orla em si da Barra, é uma orla belíssima, e ela tem que ser preservada, e aperfeiçoada cada vez mais. A minha luta é para que tenham mais vôos para o Rio de Janeiro. E esse tem sido umas das bandeiras que eu tenho abraçado, na comissão de turismo da câmara dos deputados. O turismo na cidade é uma vocação, a Barra já é uma presença viva e forte desse potencial turístico do Rio. A orla da Barra tem uma beleza sem igual, os quiosques estão cada vez melhores.
“A orla da Barra é belíssima. Os quiosques da nossa orla se misturam com um bom serviço, que hoje é bem prestado.”
“A orla da Barra tem uma beleza sem igual, os quiosques estão cada vez melhores.”
Jornal C.D.B.: - O que senhor gostaria de nos dizer a respeito da Cidade da Música, que está totalmente abandonada?
Dep. Otávio Leite: - A Cidade da Música ela é um fato concreto. Eu não teria tomado a decisão de construir a Cidade da Música. Eu teria gasto, talvez, um terço do que foi gasto e teria feito um grande salão com efeito similar ao da Cidade da Música. Se eu tivesse que decidir esse instante, eu promoveria uma licitação para exigir de quem ganhasse, a conclusão das obras; mediante uma concessão de 50 anos para operar a Cidade da Música. Seja como sala de eventos, concertos, seja como sala de centro de convenções. O problema é enquanto não se decide, fica o atual governo criticando o anterior e deixando tudo parado, a deterioração física vai ganhando cada vez mais dimensão. E, portanto, a conclusão definitiva, a conclusão da obra, fica mais cara. Se faltam 120 hoje, amanhã faltarão 150. É a deterioração.
“Eu não teria tomado a decisão de construir a Cidade da Música.”
Jornal C.D.B.: - O senhor gostaria de deixar uma mensagem aos leitores do Jornal Cidade da Barra?
Dep. Otávio Leite: - Eu só acredito numa cidade melhor, através do desenvolvimento econômico. É o que impulsiona o desenvolvimento social. Portanto, as vocações que a cidade possui, precisam ser exploradas ao máximo. Tecnologias, serviços, mas em especial o turismo, é um espaço muito fértil para o Rio de Janeiro se desenvolver. E há na Barra da Tijuca, ainda, na parte oceânica e na parte interna, áreas disponíveis para hotéis. Nós deveríamos de ter uma política de incentivo a novos hotéis na Barra da Tijuca. Seria ótimo para a Barra e para a cidade do Rio de Janeiro.

O Brasil para mim é...
Dep. Otávio Leite: - O primeiro e o terceiro mundo ao mesmo tempo. De impressionantes avanços, a gente identifica, no campo tecnológico, em qualidade de vida, em muitas áreas do Brasil. Mas por outro lado, não muito distante daqui da Barra, agente encontra o nordeste Brasileiro. O interior aonde o IDH é lá embaixo. O Brasil é isso: essa complexidade econômica, pluralidade étnica, é uma miscigenação formidável e que requer dos seus filhos o esforço e o emprenho, para que um dia, quem sabe, digamos: o Brasil é sim primeiro mundo! E ponto final! Muito obrigado.