Mianmar: ataque aéreo contra Hospital Geral de Mrauk-U deixa mortos e feridos
Médicos Sem Fronteiras lamenta profundamente bombardeio à unidade de saúde
Amsterdã — Médicos Sem Fronteiras (MSF) tomou conhecimento hoje do bombardeio e da destruição do Hospital Geral de Mrauk-U, no Estado de Rakhine, em Myanmar. Segundo relatos, o ataque aéreo – ocorrido por volta das 21h do dia 10 de dezembro – resultou na morte de pelo menos 30 civis e deixou mais de 70 feridos. Aparentemente, trata-se do ataque mais mortal registrado contra uma unidade de saúde em Myanmar desde 2021. Entre as vítimas estavam profissionais de saúde e pacientes, incluindo idosos, pessoas em internação prolongada e dezenas de crianças. Há também relatos de sobreviventes com ferimentos graves.
“É difícil expressar a indignação de MSF com o ataque a uma das poucas instalações médicas ainda em funcionamento na região. Bombardeios a unidades de saúde e pacientes mortos em seus leitos não podem ser considerados como danos colaterais em uma zona de conflito. Os hospitais devem continuar sendo um local seguro para que os pacientes recebam atendimento médico”, afirma Paul Brockmann, gerente de operações de MSF em Mianmar, Bangladesh e Malásia.
“Lamentamos profundamente a morte de pacientes no hospital que apoiamos ao longo dos anos e nos solidarizamos com os colegas com quem trabalhamos lado a lado. A destruição de um dos últimos hospitais operacionais no centro de Rakhine restringirá ainda mais o acesso à saúde, incluindo tratamentos que salvam vidas, para civis afetados pelos combates.”
Em Rakhine, o acesso à saúde já diminuiu drasticamente nos últimos anos devido ao conflito em curso. Inúmeras instalações médicas foram danificadas e muitos profissionais de saúde foram forçados a fugir devido à violência contínua. O mesmo padrão foi observado em muitas áreas de Mianmar – o país ocupa o quarto lugar no ranking de ataques a instalações de saúde em 2024.
“Como uma organização humanitária médica internacional e neutra, apelamos urgentemente a todas as partes envolvidas no conflito para que respeitem os princípios fundamentais do direito internacional humanitário. Civis e instalações médicas devem ser protegidos sem exceção em meio à escalada da violência”, acrescenta Brockmann.
MSF começou a trabalhar em Rakhine em 1994 e iniciou o apoio ao hospital em Mrauk-U em 2021, com foco em cuidados primários de saúde, saúde sexual e reprodutiva, saúde mental, encaminhamentos de emergência e tratamento de doenças não transmissíveis, como diabetes e hipertensão. MSF foi obrigada a suspender sua presença na maior parte de Rakhine em 2024 devido à escalada extrema do conflito e, atualmente, mantém uma presença limitada, principalmente em Sittwe.