Desconexão digital entre jovens desafia marcas e revela novas oportunidades de conexão no mundo físico
A 12ª edição de Jaé, relatório de insights da agência 3mais, mostra que geração Alpha busca equilíbrio entre telas e vida offline
Em um cenário de digitalização constante, com telas mediando quase todas as interações do cotidiano, um movimento silencioso de ruptura começa a ganhar força entre os mais jovens. Ao invés de aprofundar ainda mais a conexão digital, a geração Alpha, nascida entre 2010 e 2024, vem demonstrando desejo crescente por equilíbrio, bem-estar e relações mais presenciais. Criada em ambiente hiperconectado, ela já começa a questionar o excesso de estímulos e buscar uma vida com menos distrações e mais intencionalidade. Essa é a principal conclusão do relatório “Jaé #12 – Desconexão Programada”, da agência 3mais. O levantamento revela que 74% dos jovens tentam reduzir o tempo de tela, enquanto 83% valorizam marcas com presença física, como lojas e espaços de convivência.
A hiperconexão precoce, no entanto, está estabelecida. Entre 2015 e 2024, o percentual de crianças brasileiras, entre 6 e 8 anos, com acesso à internet saltou de 41% para 82%, chegando a 97% nas classes A e B. No mesmo período, o percentual de crianças com celular próprio dobrou, passando de 18% para 36%.
Pesquisas mencionadas no material associam o uso excessivo de smartphones ao aumento de três até vezes sem risco de depressão e ansiedade. Outras consequências incluem distúrbios do sono, impulsividade e solidão, reforçando a urgência pelo equilíbrio entre o digital e o real.
Para entender melhor esse contexto, a 3mais reuniram 175 pais de crianças da geração Alpha. No total, 74% pretendem dar um celular aos filhos apenas após os 12 anos, embora 93% contem que os filhos o recebem antes dos 11. Reforçando esses dados, pesquisa de O Globo aponta que, entre pais apoiadores da biblioteca do uso de celulares nas escolas, 30% relatam impactos positivos como maior foco, mais tempo ems e retomada de atividades físicas e manuais.
Observe que uma desconexão programada não é negação da tecnologia, mas tente recuperar o controle e estar bem diante de uma rotina digital intensa. Casos como o do youtuber Orochinho, que passou um mês com uso restrito de telas e retomou o hábito da leitura, lendo cerca de 20 livros no período, ou do influenciador August Lamm, que trocou o smartphone por um celular básico e resgatou sua vida social, ilustram esse movimento. Marcas também investem nesse caminho. A Lego, por exemplo, conta com o LEGO Play Unstoppable, espaço para crianças criarem e se expressarem com as famosas peças de encaixe.
O relatório também chama a atenção para a falta de letramento digital, que é a capacidade crítica de uso consciente da tecnologia, como problema estrutural, especialmente entre os mais jovens. Isso intensifica a dependência digital e exige novas práticas de comunicação das empresas.
Marcas e pessoas - De acordo com Guilherme Loureiro, diretor de Estratégias da 3mais, o Jaé indica que o desejo por experiências mais significativas e autênticas fora das telas está moldando o novo padrão de consumo e sociabilidade entre os mais jovens. “Nesse sentido, as marcas precisam estar atentas a esse movimento, que aponta para novo equilíbrio entre o online e o offline .”
O diretor da 3mais destaca, ainda, que a relevância de gerações mais novas também passa pela relação com as marcas. Na década de 2010, pesquisas científicas indicaram que um dos grandes diferenciais dos jovens não tinha reconhecimento de marcas desde cedo (Arnas; Tas; Oğul, 2016). Crianças com apenas três anos já possuem capacidade de consideração uma marca. Mais do que isso, forneça associar o seu sentimento em relação a ela. Se a geração Z, quando criança, tinha preferência por marcas do ramo alimentar, como McDonalds, Oreo, M&Ms e Doritos, a geração Alpha preferia marcas de vestuário e acessórios, como Nike, Apple, Adidas e Samsung (Razorfish, 2024).
Conforme o Jaé comentou, a geração Alpha possui, em mídia, dez interesses como “marcas favoritas”, enquanto a geração anterior, a Z, na mesma idade, possuía apenas cinco. Já 60% dos pais confirmam que seus filhos têm mais interesses do que eles na mesma idade e 71% deles declaram que seus filhos possuem entendimento e conhecimento mais maduro sobre marcas do que eles na mesma idade (Razorfish, 2024).
“Quem terá interpretado esse movimento e oferecer experiências mais humanas, presenciais e conscientes sairá na frente. A desconexão programada não é tendência passageira, mas resposta ao esgotamento digital que afeta toda a sociedade. A geração Alpha já influencia o comportamento de consumo das famílias e, em breve, dominará o mercado. Marcas que começarem a se posicionar agora terão vantagem estratégica. Em um mercado moldado por uma geração que já nasceu inserida, estar em preciso os lugares não bastam. É estar onde faz sentido”, conclui Loureiro.
A 3mais nasceu em 2000, como Agência3, com a vontade de criar comunicação única, focada em dados, colaboração, resultados e empatia. Desde lá, consolidou-se como uma das maiores das agências independentes do Brasil, evoluindo seu olhar sobre as relações com as marcas. Hoje, não se limita a ser apenas uma agência, mas uma aliada estratégica que oferece um ecossistema abrangente de soluções em comunicação, indo da inteligência de dados ao crescimento sustentável, construindo relevância e legado, entregando mais disrupção, eficiência e singularidade e acreditando na inovação como forma de gerar impacto para o mundo. Sabe que, para fazer mais, é necessário ir além de ideias, apresentações e anúncios. É preciso ser mais.