VOCÊ SABIA?
NOVEMBRO DE 1994
RETROSPECTIVA E FLASHES VARIADOS DE REPORTAGENS DO JORNAL CIDADE DA BARRA, DE UM DOS LUGARES MAIS BELOS E PROMISSORES DO RIO DE JANEIRO
ENTREVISTA COM O SENADOR NEY SUASSUNA
A Barra da Tijuca é uma das suas principais preocupações. Senador pela Paraíba e fundador da Associação Comercial e Industrial da Barra da Tijuca (Acibarra), o professor Ney Suassuna luta intensamente pelo desenvolvimento e pela melhoria da qualidade de vida do bairro em que mora. De acordo com ele, a Barra é sinônimo de futuro e, por isso, merece cuidados especiais para que não acabe sendo vítima de um acelerado processo de crescimento e urbanização. Nesta entrevista, o senador analisa o potencial de toda a Baixada de Jacarepaguá, fala do trabalho da Acibarra e dos planos para fazer da região uma verdadeira cidade.
Como surgiu a Acibarra?
- Ela foi criada há oito anos e surgiu da necessidade de se organizar e dividir a sociedade em grupos. Dessa forma, achamos mais fácil trabalhar em prol da Barra da Tijuca, visando ao desenvolvimento e à melhoria da qualidade cde vida de vida da região. A Acibarra é dividida em várias câmaras, como a Câmara dos Bares e Restaurantes, a Câmara da Construção Civil, a Câmara dos Condomínios, com 134 condomínios cadastrados, a Câmara Médica, com 160 médicos, a Câmara de Automóveis, que em breve será a bolsa de veículos do Rio, a Câmara dos Postos de Gasolina e a Câmara da Cultura. Hoje temos mais de 900 associados.
Como funciona a associação?
- São várias frentes. Agora, por exemplo, estamos organizando a Câmara da Imprensa, para reunir todos os órgãos de comunicação da Barra, já que um dos nossos objetivos é ajudar a formar uma comunidade esclarecida e culturalmente desenvolvida. Logo que nos organizamos, mandamos fazer uma grande pesquisa sobre o complexo lagunar, que ficou sob a responsabilidade da Uerj e custou US$ 30 mil. Esse estudo constatou que as favelas respondem por 90% da população do complexo lagunar e que apenas 10% da poluição é causada pelos condomínios. A pesquisa confirmou a necessidade de trabalhar na área social, um projeto que já existia na Acibarra. A Baixada de Jacarepaguá tem, atualmente, 114 favelas. Então começamos a agir. Um de nossos trabalhos mais importante foi a retirada das ocupações irregulares à beira da lagoa, nas proximidades do Via Parque. Fizemos um convênio com a Rio Urbe e a Prefeitura. Investimos US$ 4 milhões e construímos 142 casas populares em Curicica, para fazer a acomodação da população carente. Entregamos as casas há cinco anos mas a Prefeitura só conseguiu retirar os invasores há alguns meses. Além de dar as casas, financiamos a mudança das famílias e vamos recuperar a área invadida, que será transformada em um parque ecológico. nesse campo, temos vários outros projetos. Fazemos, por exemplo, um trabalho em Rio das Pedras. Lá, estamos construíndo uma subsede da Acibarra, em convênio com o Rotary, que terá um consultório dentário e uma espécie de escola de formação de micro-empresários. O Sebrae e o Senac vão montar um centro de artesanato e habilitar os moradores da área a criarem micro-empresas. Rio das Pedras tem 80 mil habitantes, sendo que 50 mil deles são nordestinos. Por isso, montamos uma Sanfônica na comunidade, com 60 sanfoneiros que fazem um grande espetáculo.
Fora a pesquisa sobre o sistema lagunar, fizemos estudos na área dos transportes e da segurança também. Antes de defender os interesses de toda a população que vive na Baixada de Jacarepaguá.
E o que a Acibarra está fazendo pelos transportes e pela segurança?
- A Barra terá mais de 300 mil pessoas em um prazo de cinco anos. Precisa portanto, de mais transportes coletivos e vias de acesso. a duplicação da Avenida das Américas melhorou a situação, mas estamos lutando pela Linha Amarela e pelo aumento do número de linhas de ônibus. À noite, por exemplo, os garçons e funcionários dos shoppings encontram dificuldades de se locomoverem. Quanto à segurança, estamos apoiando o Barralerta, um movimento comunitário. O empresáriado está colaborando com o 18º Batalhão e com a 16º DP, consertando e doando equipamentos.
E a cultura. Qual o seu espaço da Associação?
- Estamos construíndo uma sede nova para a Acibarra, que ficará pronta no ano que vem. Nela teremo um museu e uma academia de ciências e artes, o que ajudará no desenvolvimento cultural da região. Podemos promover exposições, palestras, debates e vários outros eventos ligados à arte e à cultura.
O senhor poderia traçar um painél da Barra de hoje?
- Ela cresce e supera-se a cada minuto. Atualmente, tem os melhores shoppings do Brasil. O BarraShopping, por exemplo, é o maior da América Latina. Aqui também estão os maiores supermercados da cidade, a maior casa de shows, quatro universidades e alguns dos melhores e mais tradicionais colégios cariocas. Se falarmos de hospitais e centros médicos de excelência, a Barra pode orgulhar-se de ter os mais modernos: O Hospital Rio Mar, a Clínica Sao Bernardo e o Centro Médico do Barra Shopping. Fora isso, é de uma beleza sem igual e consegue fazer com que a qualidade de vida de seus moradores seja, talvez, a melhor do Rio. Trata-se de um lufar que precisa de cuidados para que fique mais agradével e cheio de recursos. Não podemos deixar que a Barra perca todas essas qualidades com a rápida urbanização. Poucas cidades têm o privilégio de ter um espaço como este.
E quanto à emancipação? Acibarra é a favor?
- Durante o primeiro governo Brizola, a prefeitura de Saturnino Braga ignorava a Barra da Tijuca, qye era considerada elitista e burguesa. O Darcy Ribeiro mesmo disse isso a seis anos. Essa declaração irritou a Acibarra, que mandou fazer um plástico com os dizeres "Cidade da Barra" , para colara nos carros. Essa imagem tão bem aceita pela população, que resolvemos dar segmento a essa idéia e implantar núcleos de emancipação. Organizamos uma série de debates e fizemos estudos sobre o assunto. Fizemos um projeto econômico. A barra teria apenas cinco secretários e o menor número possível de vereadores, que ganhariam um salário bem abaixo do normal. A nossa arrecadação só perderia para o Rio e para Caxias. Pois é, aí começamos o trabalho prático pela emancipação. Visitamos milhares e milhares de eleitores e sempre tivemos uma resposta bastante favorável. Até que alguns amigos, motivados por interesses próprios, resolveram abrir um debate televisivo para todo o Rio, à revelia da chefia do movimento. Embalados por dois ou três empresários, conseguiram verba para a campanha. Esse foi o maior erro estratégico. O resto da cidade ficou contra e recebemos pressão por todos os lados. Acabamos ganhando a eleição mas não obtivemos o quórum necess´rio, que era de 13 mil votos mais um. Só que hoje quase todos os moradores da Barra querem a emancipação. Apesar daquela derrota, continuamos a luta.