segunda-feira, 12 de maio de 2025

MEIO AMBIENTE

 Novo adiamento da meta do saneamento: o que o Brasil tem a perder?



Projeto de lei propõe estender em sete anos o prazo para universalizar o saneamento no Brasil. Para a NeoAcqua, o país perde em saúde, desenvolvimento e sustentabilidade


O acesso ao saneamento básico, direito previsto na Constituição, pode demorar um pouco mais para milhões de brasileiros. Um projeto em discussão no Congresso propõe adiar de 2033 para 2040 a meta de universalizar o serviço em todo o país. A mudança, se aprovada, significará sete anos a mais sem garantia de água tratada e coleta de esgoto para grande parte da população — especialmente a mais vulnerável.

O cenário do saneamento no Brasil já é alarmante. Atualmente, mais de 100 milhões de pessoas vivem sem acesso à coleta de esgoto e cerca de 35 milhões não têm água potável nas torneiras. Em 2024, segundo o Ministério da Saúde, mais de 344 mil pessoas foram internadas por doenças associadas à falta de saneamento. Esses números escancaram as consequências de um sistema precário: aumento de internações, desigualdade social, poluição dos recursos hídricos, baixa qualidade de vida e perdas econômicas bilionárias.

Para Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua, empresa especializada em soluções para o tratamento de água e esgoto, adiar a meta representa um risco alto para o desenvolvimento do país. “Estamos diante de um desafio que exige urgência. Quanto mais tempo levarmos para ampliar o acesso ao saneamento, mais vidas serão impactadas negativamente”, afirma a CEO.

A executiva destaca que o saneamento é a base para garantir saúde pública, preservar o meio ambiente e gerar oportunidades. “Cada real investido nessa área traz retorno em qualidade de vida, produtividade e economia. Não podemos naturalizar que milhões de pessoas sigam sem acesso ao básico”, reforça Sibylle Muller.

Segundo ela, é possível alcançar a meta original prevista para 2033, com foco em planejamento eficiente, inovação tecnológica, investimentos importantes e colaboração entre setores. “Precisamos tratar o saneamento como uma prioridade estrutural e buscar possibilidades de financiamento para viabilizar a construção de redes de distribuição de água potável, redes de coleta de esgoto e estações de tratamento de água e esgoto. São investimentos que transformam comunidades, reduzem as despesas com saúde pública, fortalecem o futuro das cidades e levam ao desenvolvimento social e econômico do País”, conclui Sibylle.

O tema do saneamento básico é, acima de tudo, uma questão de dignidade. Enquanto o acesso à água tratada e ao esgoto sanitário não for garantido para todos, o Brasil seguirá enfrentando consequências graves e evitáveis. A maior mobilização por melhorias no setor é urgente e deve envolver toda a sociedade.