"A IA desafiará profundamente nossa identidade": novo livro de Luciano Floridi, lançado no Brasil, propõe um debate sobre o futuro da tecnologia
Inédita no Brasil, obra publicada pela PUCPRESS preenche uma lacuna significativa na literatura nacional sobre o tema
Seja na educação, saúde, agricultura, varejo, entretenimento ou finanças, a inteligência artificial está transformando todos os aspectos do nosso cotidiano. À medida que seu uso se expande e sua influência cresce, torna-se indispensável promover uma discussão sobre suas implicações éticas. Com o objetivo de fomentar esse debate, a PUCPRESS, editora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), lança a tradução inédita de "A ética na inteligência artificial: princípios, desafios e oportunidades". Na obra, Luciano Floridi apresenta uma análise sobre os impactos da IA na sociedade contemporânea, abordando questões éticas fundamentais que moldarão o futuro da tecnologia.
Em suas reflexões, Floridi desafia visões alarmistas sobre a inteligência artificial. "O desenvolvimento de IAs não culminará em algum cenário distópico de ficção científica. O Exterminador do Futuro não está chegando; essas preocupações apenas desviam a atenção de maneira irresponsável”, revela. Para ele, a verdadeira revolução da IA reside em seu impacto na forma como enxergamos a nós mesmos e nossas responsabilidades. “A inteligência artificial nos convida a refletir de forma mais séria e menos complacente sobre quem somos, poderíamos ser e gostaríamos de nos tornar e, portanto, sobre nossas responsabilidades e autoconhecimento. Isso desafiará profundamente nossa identidade”.
Dividida em duas partes, a obra inicia apresentando uma abordagem filosófica sobre a IA enquanto tecnologia, analisando seu passado, presente e futuro. Na segunda parte, o foco recai sobre as implicações éticas da inteligência artificial, explorando riscos, oportunidades e a necessidade de estabelecer princípios éticos claros. Entre os temas destacados estão a relevância da AI4SG (IA para o bem social) e seu papel crucial na mitigação das mudanças climáticas e na promoção de um futuro mais sustentável. "Trata-se de um livro filosófico sobre algumas das raízes, e nenhuma das folhas, de algumas das questões do nosso tempo sobre a IA. Trata-se de uma nova forma de agência, sua natureza, escopo e desafios. E trata-se de como aproveitar essa agência para o benefício da humanidade e do meio ambiente", esclarece Floridi.
“A ética da inteligência artificial” transcende o mero debate teórico, oferecendo uma análise prática e voltada para a construção de um futuro mais ético e sustentável. Ao integrar filosofia, tecnologia e sociedade, o livro se apresenta como um recurso imprescindível para pesquisadores, estudantes, profissionais da área de tecnologia e para todos aqueles que se preocupam com o futuro moldado pela inteligência artificial. Sua publicação no Brasil representa um significativo avanço para o desenvolvimento de um debate mais informado e embasado sobre a IA e suas implicações para a humanidade.
Luciano Floridi
Reconhecido como o "pai da filosofia da informação", Luciano Floridi é um renomado filósofo italiano e uma das vozes mais influentes nos debates sobre ética digital e inteligência artificial. Professor nas universidades de Yale e Bolonha, ele dirige o Yale Center for Digital Ethics e atua como consultor de instituições como a Comissão Europeia e grandes corporações de tecnologia. Sua atuação tem moldado políticas públicas em áreas cruciais, como algoritmos, privacidade e governança de dados.
Sua trajetória acadêmica, marcada por uma produção intelectual de destaque - com publicações frequentes em periódicos acadêmicos de alto impacto, traduzidas para diversas línguas - e por sua liderança em centros de pesquisa de ponta, consolida Floridi como uma referência incontestável nos debates sobre ética em um mundo cada vez mais digital.
