Artistas cariocas são destaque em exposição inédita no MAB-FAAP
Aline Motta, Ana Beatriz Almeida, Aretha Sadick, Diambe, Gabriella Marinho, Isa do Rosário e Heitor dos Prazeres integram a mostra "Ancestral: afro-américas - Estados Unidos e Brasil", focada em arte afro-diaspórica dos dois países, em cartaz em São Paulo
São Paulo, janeiro de 2025 – Aline Motta (1974), Ana Beatriz Almeida (1987), Aretha Sadick (1989), Diambe (1993), Gabriella Marinho (1993), Isa do Rosário (1966), e Heitor dos Prazeres (1898-1966) são os grandes representantes do Rio de Janeiro na exposição “Ancestral: Afro-Américas – Estados Unidos e Brasil”, em exibição no Museu da Arte Brasileira da FAAP (MAB-FAAP), em São Paulo, até 26 de janeiro, com entrada gratuita. Após o período, a exposição seguirá para o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ), continuando a itinerância por Belo Horizonte (CCBB-BH), Brasília (CCBB-BSB), e Salvador, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB).
A mostra reflete sobre a herança e a influência africana na criação das sociedades brasileira e americana, propondo um novo olhar sobre as trajetórias de afrodescendentes em ambos os países, explorando suas raízes comuns e os caminhos que se desdobraram na arte com sua chegada. São mais de 130 obras de 74 artistas contemporâneos afro-diaspóricos, incluindo nomes como Abdias do Nascimento, Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Nari Ward e Simone Leigh.
Na exposição, Aline Motta apresenta “Poupatempo”, trabalho em vídeo feito a partir de pesquisas em arquivos públicos e privados, entrevistas e ficcionalização de narrativas. De modo crítico, suas obras reconfiguram memórias, em especial as afro-atlânticas, e constroem novas narrativas que evocam uma ideia não linear do tempo, abordando temas como ancestralidade e memórias familiares para discutir a violência de um passado colonial e patriarcal ainda presente. A artista, vencedora do Prêmio PIPA 2024, já participou de diversas exposições nacionais e internacionais.
Além de apresentar a escultura suspensa “Boa Morte”, Ana Beatriz Almeida também é uma das curadoras da exposição, ao lado da americana Lauren Haynes. Utilizando elementos de rituais funerários de matriz africana, como cabaças e conchas de búzios, cria uma obra que homenageia o trabalho da Irmandade da Boa Morte, grupo feminino de diferentes etnias do Golfo do Benin, que se reuniu no Brasil para promover funerais justos para pessoas escravizadas.
Já a multiartista natural de Duque de Caxias, Aretha Sadick, traz sua instalação “Pedra cantada - em assentamento”, por meio da qual questiona a performatividade do feminino e levanta reflexões sobre a diáspora africana e a forma como esse cenário atravessa sua própria vivência enquanto artista trans e negra no Brasil, apontando para a urgência na retomada de poder de pessoas negras na construção de suas imagens e de seus imaginários.
Indicado ao Prêmio PIPA 2022, Diambe é artista não-binário que vive em São Paulo, cujos trabalhos exibidos na mostra – “Sensação Térmica” e “Colmeia” – usam alumínio e bronze, respectivamente, para criar esculturas únicas, explorando possibilidades fantásticas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Suas obras são marcadas pelo uso de recorrente de tecidos, raízes alimentares, gravuras e performances, relacionando os movimentos com a natureza e as pessoas.
Também indicada ao Prêmio PIPA 2023, a artista natural de São Gonçalo, Gabriella Marinho, usa o barro e a cerâmica como ponto de partida para refletir sobre espaço, subjetividade e corporeidade em suas obras. Com a série “Pedras”, em destaque na exposição, Gabriella destaca com cores e formas a ancestralidade e os elementos primordiais da natureza, como o tempo e o equilíbrio.
Por sua vez, Isa do Rosário faz uma homenagem ao orixá Ossaim, ligado às florestas e às ervas medicinais, em sua obra de mesmo nome, que mescla bordado e costura. Em 2023, Isa foi selecionada para participar da Bienal de Liverpool, maior festival de arte visual contemporânea do Reino Unido.
A exposição ainda traz três pinturas de Heitor dos Prazeres, reconhecido por sua atuação no samba e nas artes visuais, por meio da qual buscou retratar o cotidiano da população negra do Rio de Janeiro. Assim como em grande parte de seu legado, as pinturas “Samba”, “Carnaval” e “Carnaval nos arcos” caracterizam-se pelo ritmo e movimento, refletindo a conexão de Heitor com a música.
A mostra “Ancestral: Afro-Américas - Estados Unidos e Brasil” conta ainda com direção artística de Marcelo Dantas e com o apoio da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, tem patrocínio do BB Asset, Bradesco, Caterpillar, Instituto CCR, Citi, Itaú Unibanco, Whirlpool e Bank of America – que cedeu 52 obras de seu acervo para a mostra. Além dele, o Museu Afro Brasil também cedeu obras de sua coleção para a ocasião.