terça-feira, 26 de novembro de 2024

EDUCAÇÃO

Mais da metade dos brasileiros não confiam na preparação de estudantes quando o assunto é mercado de trabalho

Realidade enfatiza necessidade de incentivos entre instituições educacionais e empresas 

Dos brasileiros, 57% acreditam que os jovens que concluem o ensino médio estão mal preparados para o ensino superior e o mercado de trabalho, segundo um estudo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). No que diz respeito ao mercado de trabalho, apenas 14% dos entrevistados consideram que os estudantes estão prontos para atuar profissionalmente.

Nesse contexto, é crucial a colaboração entre instituições educacionais e empresas. Um exemplo de solução é a parceria implementada no segundo semestre de 2024 entre o programa De Criança Para Criança (DCPC) e a Ânima Educação, uma organização composta por criadores que buscam formar uma rede nacional de instituições de ensino meritocráticas, focadas em qualidade, inovação e avaliação, integradas à cultura regional. A proposta, chamada Programa Dual Criando Juntos, desenvolve Unidades Curriculares Duais, desenvolvidas com a colaboração de mais de 120 estudantes de Pedagogia e Letras e 30 de Design de universidades distribuídas por São Paulo, Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais. O objetivo é aplicar a Metodologia Criando Juntos, na qual os alunos de escolas criam histórias que são transformadas em desenhos animados por esses universitários por meio do Studio DCPC.

Vitor Azambuja, sócio do DCPC, explica que essa parceria oferece aos universitários a oportunidade de vivenciar a alfabetização e o letramento de crianças por meio de linguagens e mídias digitais. No projeto, os alunos de Pedagogia e Letras orientam os estudantes das escolas na criação de histórias e personagens, enquanto os de Design animam esses conteúdos. O resultado é uma série de vídeos, que poderão ser utilizados como recursos pedagógicos, assim como uma forma de trabalho. “É algo inédito. Quando um conteúdo gerado na sala de aula oferece oportunidades de trabalho para outros estudantes ou profissionais fora desse ambiente? Para uma metodologia ativa, isso é realmente inovador e em grande escala”, ressalta.

Diferentes impactos 

O projeto não apenas aprimora a alfabetização das crianças, aumentando o engajamento e a retenção de conteúdo através das histórias e desenhos animados que elas criam, mas também promove a prática em criação audiovisual, desenvolvendo competências técnicas e criativas para os estudantes da área de Design. Enquanto isso, os alunos de Pedagogia e Letras aplicam conceitos teóricos de alfabetização em um ambiente escolar real. Os professores, por sua vez, têm a oportunidade de se manter atualizados sobre as práticas mais recentes do mercado e das tecnologias educacionais.

“Conseguimos movimentar a criatividade da sala de aula para a faculdade. É o primeiro contato que os alunos têm com seu próprio trabalho criativo no ambiente universitário, e eles ainda podem ganhar dinheiro trabalhando com o Studio DCPC. As crianças aprendem em sala de aula, e o material produzido por elas é levado para a universidade, onde se transforma em conteúdo para o consumidor final, que são os próprios alunos que criaram. Além disso, é o primeiro contato que os estudantes de Design de Animação têm com o mercado de trabalho”, comenta Azambuja. 

Ele destaca que essa abordagem tem ganhado destaque internacional, chegando a uma universidade na Finlândia, e enfatiza que, ao desenvolverem habilidades em um contexto real, os estudantes se tornam mais preparados para enfrentar os desafios de suas carreiras e contribuir para o avanço da educação.

“Nosso foco sempre foi a criatividade. Quando as crianças aprendem dessa maneira em sala de aula, produzindo desenhos, histórias e narrações, esse material é levado ao estúdio do DCPC. Lá, alunos universitários têm a oportunidade de criar seu próprio conteúdo, em colaboração com estudantes de animação. Isso é, sem dúvida, maravilhoso, porque aprender criando é algo que não esquece mais”, afirma, reforçando que, quanto mais conteúdo, como histórias, desenhos e narrações, for criado em sala de aula, mais oportunidades de trabalho o DCPC poderá oferecer aos profissionais de animação.


Vitor Azambuja

Especialista em criação, diretor de arte e artista plástico. Formado em publicidade e piano clássico, trabalhou em diversas agências de propaganda, criando filmes e anúncios para grandes anunciantes. Um dos criadores do programa De Criança Para Criança, é sócio e diretor criativo da empresa. Foi premiado em festivais de propaganda no Brasil e no exterior. Realizou exposições de pinturas em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Miami e Paris. Seu propósito é fazer com que as crianças do mundo inteiro aprendam desenvolvendo a sua criatividade.

Sobre o De Criança para Criança

O programa De Criança para Criança (DCPC) oferece um leque de metodologias de educação híbrida para escolas de todo o mundo. Do futuro para a escola, a proposta é oferecer às crianças a oportunidade de serem protagonistas, colocando-as no centro da aprendizagem. Através de uma plataforma simples, os professores são orientados a serem mediadores, fazendo com que os próprios alunos desenvolvam conhecimento sobre temáticas diversas. A partir de discussões, constroem coletivamente histórias, fazem desenhos e gravam locuções relativas às narrativas criadas, que posteriormente serão transformadas em animações feitas pelo DCPC, expandindo os horizontes educacionais.