quinta-feira, 24 de outubro de 2024

PROTAGONISMO FEMININO

PROTAGONISMO FEMININO

Ana Shirley França*


Neste espaço, traremos o protagonismo da mulher, por meio da abordagem de artigos temáticos, lives e entrevistas que promovam os feitos da mulher e de figuras femininas com destaque nas várias áreas da sociedade brasileira.

Apresentaremos a representatividade feminina e a liderança na atuação social, na comprovação da importância da diversidade, para que mais mulheres ocupem espaços de poder.

AS MULHERES E A EDUCAÇÃO – CONQUISTAS E LUTAS

Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/ai-gerado-mulheres-multiculturais-8677975/

É importante se conhecer a trajetória das mulheres na educação, como alunas e professoras e, certamente, se saberá que se constitui como uma história de muitas lutas, mas também de conquistas.

Em nosso país, as mulheres só alcançaram o direito de estudar, além do ensino fundamental, em 1827, a partir da chamada Lei Geral, promulgada em 15 de outubro deste ano. O direito de frequentar uma faculdade veio apenas em 1879, e foi daí a ação essencial para garantir a emancipação feminina. Na época, as candidatas solteiras, que quisessem estudar, tinham que apresentar licença concedida de seus pais; e as casadas eram obrigadas a ter o consentimento por escrito de seus maridos.

As instituições de ensino particulares foram as primeiras a garantir o acesso às mulheres. Na época, as ordens religiosas foram fundamentais para assegurar a educação feminina. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Colégio Imaculada Conceição, mantido pela Companhia das Filhas de Caridade de São Vicente de Paula, tinha, além da rigidez moral da igreja católica, foco nas meninas oriundas da elite da Capital Fluminense.

Sobre alunos e alunas na mesma sala de aula, foi a partir de 1870, com o surgimento de colégios protestantes, sobretudo, metodistas e presbiterianos, que, pela primeira vez, foram admitidas as classes mistas. No mesmo período, nas províncias, foram criadas escolas públicas mistas.

Nessa mesma época, outra conquista importante na história das mulheres na educação foi a mulher assumir o cargo de docente, por meio da permissão para lecionar para meninos na faixa etária dos 12 aos 14 anos. Essa modificação abriu caminhos para o magistério feminino, e as estudantes tiveram liberação para ingressar nos cursos normais.

Apesar de ganharem espaço na educação, as mulheres, na prática, eram discriminadas e não tinham acesso a cargos de comando nas escolas públicas. No ensino elementar, a partir de 1910, elas já eram maioria. Algumas exigências absurdas eram exigidas às professoras, como o celibato e a necessidade de serem viúvas ou solteiras, e isto era comum ainda nas primeiras décadas do Século XX.

O acesso das mulheres ao ensino profissionalizante veio em 1881, quando foram inauguradas, no Rio de Janeiro, as primeiras turmas nesse formato no Liceu de Artes e Ofícios. As classes, no entanto, ainda reforçavam as ideias limitadoras ao papel feminino em sociedade, ou seja, quase todas voltadas à rotina doméstica. Pouco mais de uma década e meia depois, em 1897, era fundado, na capital carioca, o Instituto Profissional Feminino.

Um marco na luta pela igualdade feminina no Brasil e na história das mulheres, em especial, no que se refere ao acesso à educação, foi a publicação, em 1832, do livro “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, de Nísia Floresta. A autora, contrariando as tradições e os costumes da sociedade da época, lançou a obra, que contestava o mito da superioridade masculina e colocava em xeque a visão deturpada sobre a capacidade intelectual e de liderança feminina. Uma obra que vale apena ser lida, mesmo depois de mais de um século.

Mulheres na Educação Superior

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/os-estudantes-internacionais-graduam-se-alegrando-posando-posando_9028691.htm#fromView=search&page=1&position=25&uuid=e01b198f-f8e3-41f8-b633-2dfe2629236c

A mulher, apesar de dificuldades históricas, com determinação e dedicação galgou espaços ao longo do tempo, para chegar ao Século XXI, com várias conquistas em relação à formação profissional, por meio da educação superior.

Segundo o Censo do Ensino Superior, 2023, do Inep, confirma-se que as mulheres se tornaram maioria entre os estudantes matriculados nos cursos de graduação e licenciaturas. Com o passar dos anos, em 2024, a participação feminina é cada vez mais significativa. Cursos que antes eram vistos como de predomínio masculino, hoje se podem verificar as mulheres, em maioria, como estudantes.


As últimas pesquisas revelam que 54% dos estudantes brasileiros, matriculados na educação superior, são mulheres; e, quando se realiza levantamento na modalidade a distância, o número é ainda maior, e passa de 60%, segundo o Censo da Educação Superior, de 2023.

Também, a participação das mulheres no corpo docente em nível superior se ampliou e se colocou em igualdade de representação no âmbito do professorado. Diferente do que ocorreu na educação básica, o ingresso das mulheres como professoras universitárias foi bem mais tardio. Certamente pela falta de mulheres qualificadas em nível superior e com pós-graduação, para se habilitar e ser contratada para ministrar aulas em instituições de ensino superior. Certamente, a maior exigência de formação, seja a razão das dificuldades encontradas pelas professoras adentrar ao mercado de docência superior.


Dependendo do curso superior, a participação da mulher como docente se tornou cada vez maior. Na atualidade, em cursos de licenciatura e de pedagogia, as mulheres predominam; já em cursos como o de Direito, Administração e Medicina, a representação feminina é menor, mas sempre em margem de equilíbrio.

Em termos do ensino superior, pode-se afirmar que a mulher construiu um espaço importante como estudante e como docente. Quanto mais preparadas profissionalmente as mulheres se apresentam, mais possibilidades de ocupar o mercado profissional docente elas conseguirão, assim como em outras áreas profissionais.


 *Administradora. Conselheira CRA-RJ. Top Voice Linkedin. Coordenadora da Comissão Especial do Trabalho e Empregabilidade do CRA-RJ. Coordenadora do Curso de Administração Unyleya. Empreteca. Empreendedora.