Além de empresário e empreender, Silvio Santos deixa legado no jornalismo e no marketing
Lucia Santa-Cruz, professora de História do Jornalismo da ESPM e Marco Bedendo, professor de Marketing da ESPM
Embora Silvio Santos seja extremamente reconhecido por seus programas de auditório e pelas marcas que criou, o apresentador, que faleceu aos 93 anos neste sábado, 17, também deixou um impacto significativo no jornalismo brasileiro, de acordo com Lucia Santa-Cruz, professora de História do Jornalismo da ESPM. "A criação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) marcou o início de um jornalismo mais popular, voltado para as questões do povo e direcionado ao público."
Além disso, a professora destaca que o SBT desempenhou um papel crucial na introdução do conceito de âncora do telejornal no Brasil. "Até então, muitos apresentadores de telejornais não eram jornalistas e não participavam da produção de conteúdo. Estavam apenas para apresentar. O SBT trouxe essa ideia dos Estados Unidos, transformando o âncora em uma figura central que, além de apresentar, também se envolve na criação e desenvolvimento das notícias", explica.
Marcos Bedendo, professor de marketing da ESPM, reforça a figura vendedora de Silvio Santos. “Ele sempre percebeu a comunicação como um elemento conectado à venda de produtos. Ele é dono do Baú! De forma natural ele conectou o que é vender produtos e o que é comunicar ou entreter com o processo de venda de produtos.”
Silvio Santos também foi precursor do merchandising nos programas de auditório. “Na figura de empresário, ele entendeu a importância de conseguir inserir produtos e serviços com o entretenimento. Outro exemplo notável dessa estratégia empreendedora e vendedora é o lançamento da Jequiti. Silvio Santos utilizou a plataforma de comunicação do SBT para dar visibilidade à marca e contribuir para as vendas, mostrando uma visão inovadora que antecipa o que acontece hoje com influenciadores digitais, que vendem produtos em seus próprios canais.”