quinta-feira, 13 de junho de 2024

GERAL

Microagressões no trabalho atingem mais as mulheres e podem escalar para formas mais violentas de exclusão

Apelidos não permitidos e piadas sobre grupos, entre outras atitudes depreciativas, acirram a insegurança psicológica; 2º Summit de Segurança Psicológica em outubro dedica painel sobre o assunto

Mulheres e outros grupos sociais - LGBTQIA+ e Pessoas Com Deficiência (PCD) - são as que mais sofrem com as microagressões (comentários e atitudes intencionais ou não que demonstram preconceito e discriminação) no trabalho, revela o estudo Women in the Workplace 2023, da consultoria internacional de gestão McKinsey, em parceria com a LeanIn.Org.

A pesquisa revela que 78% das mulheres que sofrem microagressões acabam mudando sua aparência ou comportamento para se autopreservar. “Muitas mulheres ajustam sua maneira de falar ou agir – ou suavizam o que dizem ou fazem – a fim de se “enturmarem”, passarem despercebidas ou evitarem reações negativas no trabalho”, constata a McKinsey.

Mulheres negras são duas vezes mais propensas a agir dessa forma, enquanto as mulheres LGBTQIA+ se sentem 2,5 vezes mais induzidas a mudar sua aparência para serem percebidas como mais profissionais. Como consequência, o grupo feminino é três vezes mais sujeito a deixar o emprego e quatro vezes mais vulnerável a crises de burnout (esgotamento nervoso).

A proporção de microagressões que as mulheres sofrem é maior do que entre homens. Elas são duas vezes mais confundidas como sendo profissionais de escalão inferior e, na mesma proporção, de ouvirem comentários maldosos sobre seu estado emocional.

Summit de Segurança Psicológica

Sutis ou não, as agressões verbais criam um ambiente de insegurança psicológica que afasta os talentos das organizações e o espírito colaborativo essencial à inovação e produtividade. O tema será um dos painéis do 2º Summit Internacional de Segurança Psicológica, encontro que será realizado nos dias 14 e 15 de outubro, em São Paulo, no Amcham Business Center (zona sul).

Essa forma de violência pode acabar escalando para agressões maiores, assinala Patrícia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP) e idealizadora do Summit. Ela explica que a tolerância às microagressões vai dando espaço e permissão para que comportamentos desrespeitosos e inapropriados continuem acontecendo.

“Quando as pessoas se dão conta, este virou o ‘jeito de ser’ daquele time, liderança e empresa. É fundamental que estes comportamentos sejam cortados desde o início, porque cria um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, além de prevenir a escalada para comportamentos mais graves e prejudiciais.”

As dicas de Patrícia para combater as microagressões são:

1) Respeito acima de tudo - trate as pessoas da mesma forma que você gostaria de ser tratado, evite comentários depreciativos e consulte a pessoa sobre o tratamento permitido

2) Definições claras de comportamentos inadequados: isso envolve situações e comentários considerados fora dos limites

3) Educação e sensibilização constante envolvendo liderança e equipe

4) Canais de escuta para encaminhamento de denúncias: garantindo sigilo, apuração imparcial e encaminhamento de ações

5) Intervenção imediata em casos detectados de agressão

6) Sanções estabelecidas para atitudes inapropriadas - definidas de acordo com a gravidade da infração

Organizações não violentas

Patrícia dedicou um capítulo sobre o tema no livro “Livre para falar - Como a segurança psicológica pode ser a principal alavanca para garantir a sustentabilidade do seu negócio (Editora Paraquedas, 2023)”.

Intitulado “Organizações não violentas”, a psicóloga organizacional chama a atenção para ambientes dominados pelo medo e intimidação que criam distanciamento e hierarquização nas relações. “Promover ambientes psicologicamente seguros é uma estratégia fundamental para criar ambientes de trabalho colaborativos e harmôni. 

Sobre o Instituto Internacional em Segurança Psicológica

O Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP) é uma organização lançada com o propósito de apoiar empresas corajosas a liderar a transformação do jeito de fazer negócios, preparando a liderança para uma gestão mais consciente e humana, por meio da Segurança Psicológica.

Precursora do conceito de Segurança Psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional Patricia Ansarah - com mais de 20 anos atuando em RH e como executiva de grandes empresas - criou o instituto para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil e levar soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de times e organizações.