sexta-feira, 26 de abril de 2024

EDITORIAL


                       Dois Pesos, duas medidas

A POLÊMICA RETIRADA DE INVASORES EM ÁREAS DA                                                 BARRA DA TIJUCA 

Barra é o novo Rio. Uma nova cidade que nasceu com ares interioranos, mesmo estando no litoral. 

A ocupação dos Campos de Sernambis, hoje conhecida como Barra e o Recreio, se deu de forma muito desordenada. Em nome da segurança, os moradores acostumaran-se a viver aprisionados entre grades e guaritas.

As construtoras venderam a idéia do condomínio fechado. Prédios e casas isolados do mundo, onde áreas públicas passavam a ser, erroneamente, identificadas como propriedades particulares.

Firmas de segurança privada garantem o cerceamento dos direitos de ir e virdos demais cidadãos, impedindo que os não moradores circulem por ruas e praças públicas. Alguns foram mais além, construindo áreas de lazer em locais destinados a vias públicas.

Com o tempo os moradores passaram a se sentir donos dessas áreas e a protestar contra o simples comentário de que eram áreas públicas. 

Condôminos dos prédios e casas do Novo Leblon, Nova Ipanema, Mandala, Barra Deck, Santa Marina, Santa Mônica, Wimbledon Park, Atlântico Sul, Portões, Barra Sul, entre outros, não conseguem entender que não moram em condomínios com estes nomes. Não entendem, que estes nomes não são de condomínios, e sim, nomes dados pelas construtoras, para comercializar determinadas áreas. 

É preciso entenderem que, apenas os próprios prédios onde moram, podem ser considerados condomínios. Afinal, a luz das ruas são pagas e mantidas por toda a população do Rio. Logo, são vias públicas. 

Curioso é que as mesmas pessoas que aplaudiram a retirada dos invasores pobres ( favelados, miseráveis e sem teto) que estavam instalados em condições sub-humanas, na favela Marapendi, em frente ao Down Town, ou Via Park, atrás do Barra Shopping, protestam quando se fala das invasões cometidas por elas.

Alguns moradores, sem visão social, querem apenas, afastar o gueto. Classificam os sem recurso de invasores, que na realidade, são,  mas eles, não!

Não sou contra a retirada dos invasores pobres. Afinal, todas as áreas compreendidas nos 15 metros de proximidade dos espelhos d'água são da União, digo do Governo Federal.

Sou contra o uso de dois pesos duas medidas.

Acredito que a Lei é para todos independente do credo, raça ou poder econômico. As autoridades tem que retirar tanto os invasores pobres como ricos.

Não concordo com a política aplicada na Barra, onde os invasores ricos, são, nitidamente, beneficiados em detrimento dos interesses da maioria. A Av. Canal de Marapendi, via paralela a Av. Lucio Costa (lado da praia), que muito aliviaria o tráfego da região, não é concluída,  única e exclusivamente, para não irritar os moradores do Barramares, Atlântico  Sul, Village Oceanic, entre outros.

CONSTRUÇÕES IRREGULARES

Luta-se pelo plano Lúcio Costa, pela manutenção do gabarito. Mas, depois de anos quando se pensava que a consciência de alguns moradores tinha chegado a um bom termo, fatos graves chegam ao bairro como é  o caso da rua atrás do Hotel  Windsor. 

 Tampouco concordo com a vista grossa das autoridades, que, somente agora é que começam  a se movimentar, intimando moradores invasores de um terreno localizado na Rua Priscila do Amaral, a sairem do local.

 Condomínios chegam ao cúmulo de desrespeitar o direito de ir e vir, previsto na Constituição Brasileira, impedindo a passagem entre duas avenidas, paralelas à  Av. das Américas,  lançando suas grades de modo a, resguardar irregularmente, áreas públicas para uso exclusivo dos moradores, sem deixar espaço para calçadas.

Desrespeitam até  o decreto do ex. prefeito César Maia, editado na época por iniciativa do Sr. Paulo Conde, ex-secretário de urbanismo, em 29 de maio de 1996, que disciplina as normas construtivas das guaritas em logradouros públicos. 

No documento constam as obrigatoriedades de recuo e de que sejam afixadas em locais visível das guaritas frases que garantam o direito de livre acesso de qualquer cidadão.

O Riviera Del Fiori foi o único condomínio que respeitou seus  limites, cercando com grades apenas as áreas próprias, respeitando os espaços de calçadas e deixando com que as vias públicas ficassem fora de seus domínios. 

O egoísmo e a esperteza de alguns sempre prejudicam os outros. Os moradores dos prédios do Barramares, acostumados a manter uma via pública para uso exclusivo (brinquedos,  campos de futebol e churrasqueiras) em local destinado a construção de outra via, resiste à necessidade de abrir seus portões. 

Na Barra, áreas públicas,  onde segundo o plano de urbanização,  deveriam ser construídas escolas municipais ou praças,  foram e continuam sendo negociadas com condomínios, para a instalação de quadras de esporte e áreas de lazer particulares.

É  triste vermos pessoas esclarecidas e inteligentes, como os moradores da Barra,  não conseguirem enxergar que cada área "doada" significa uma escola ou uma praça a menos. Cada aparente ato de bondade das autoridades é,  na verdade,  parte de uma política maquiavélica,  que agrada o egoísmo pessoal de alguns,  em detrimento do bem estar coletivo.

Os condomínios Barra Bella e Barra Bella In, foram beneficiados.  Vários prédios do Km1 da Av. das Américas também.  Porém,  o pior se deu na Av. Jornalista Roberto Marinho, onde a "urbanização" da Praça Ronald Boscolie a sessão de um terreno para a igreja, regulamentaram a invasão de uma imensa área, por parte dos "co-proprietários" do Wimbledon Park. Toda a área de lazer deste pseudo condomínio está construída em área pública, agora privatizada.

Não quero crer que os moradoresde nossa região não se importem, com a própria qualidade de vida. Não acredito que nossos vizinhos, sejam pessoas tão alienadas, que não percebam que tais manobras estão condenando a Barra a ter diminuida os seus padrões de nível de vida.

Entramos em contato com a Sub-Prefeitura da Barra, para nos dar maiores esclarecimentos sobre o assunto, e fomos informados de que o PROCESSO ESTÁ NA SECRETARIA DE ORDEM PÚBLICA  - SEOP