terça-feira, 12 de dezembro de 2023

SAÚDE

Casos de tromboses são maiores em mulheres que fazem o uso de contraceptivos orais combinados

Vinícius Zentner

Algumas mulheres podem desenvolver trombose venosa profunda, embolia pulmonar ou tromboembolismo venoso

Conforme um estudo publicado pelo Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, o risco de trombose venosa profunda (TVP) em mulheres em idade reprodutiva varia de 5 a 10 casos a cada 10 mil mulheres por ano. Entre as usuárias de contraceptivos orais combinados (COC), o risco de TVP é maior, subindo para 8 a 10 casos. Esta doença ocorre quando há a formação de um coágulo nas veias profundas, podendo causar uma obstrução completa ou parcial do fluxo sanguíneo. Em alguns casos, o uso de COC pode aumentar significativamente também o risco de tromboembolismo venoso, patologia que envolve tanto a TVP quanto a embolia pulmonar. 

Para a ginecologista na Clínica Ginelife e especialista em saúde da mulher, Dra. Ana Carolina Romanini, nem todas as pílulas irão fazer com que a usuária corra o risco de desenvolver trombose. “As pílulas anticoncepcionais que aumentam o risco de TVP são apenas as do tipo combinado, que juntam derivados do estrogênio com progestágeno. Ainda assim, a chance de desenvolver a doença é pequena. Se preferir, a mulher pode optar por outros métodos, como contraceptivos injetáveis, anel vaginal combinado, DIU e até mesmo laqueadura, que oferecem benefícios semelhantes”, comentou.  

O risco de trombose venosa profunda é maior em mulheres que utilizam pílulas contendo ciproterona, drospirenona, gestodeno e desogestrel, associado a um estrogênio e isso acontece porque esse tipo de contraceptivo provoca uma resistência às proteínas C-reativas, que agem como anticoagulantes naturais do corpo. Por conta disso, o organismo pode ser afetado e ficar mais propício à aparição de coágulos, levando à trombose.

“Existem diversas categorias de contraceptivos orais combinados. Mulheres com algum fator de risco podem optar por utilizar os que contêm em sua composição apenas o progestágeno, que apresentam um risco menor do desenvolvimento da TVP”, alertou a ginecologista.

A trombose causada por anticoncepcional pode gerar alguns sintomas específicos, como inchaço no membro afetado, dores nas pernas e também a aparição de manchas vermelhas escuras ou até mesmo azuladas. Mulheres que são hipertensas, obesas, diabéticas ou têm alguma outra doença devem conversar com seu especialista e optar por não utilizar contraceptivos orais combinados, pois esses problemas são fatores de risco para o desenvolvimento da TVP.

“Um fator muito importante que deve ser levado em consideração antes de iniciar o uso da pílula anticoncepcional é a trombofilia hereditária, que aumenta a predisposição para um episódio trombótico, podendo a pílula ser um gatilho para o desenvolvimento da trombose. Dessa maneira, outros métodos contraceptivos devem ser avaliados e considerados”, explicou o cirurgião vascular e membro da SBAVC - Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Dr. Márcio Steinbruch. 

O diagnóstico da trombose venosa profunda pode ser feito por meio de ecografia e exame de sangue. Já o tratamento pode ser feito de forma medicamentosa, por anticoagulantes administrados em forma de injeções ou comprimidos, e também os fibrinolíticos, administrados por via endovenosa. “Algumas pacientes podem precisar passar por uma cirurgia minimamente invasiva, por cateterismo, onde um dispositivo é inserido na veia e destrói os coágulos”, ponderou Steinbruch.

Dra. Ana Carolina Romanini é ginecologista na Clínica Ginelife. Formada em Medicina, residência em Ginecologia e Obstetrícia e especialização em Videoendoscopia Ginecológica pela Faculdade de Medicina do ABC. Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Título de especialista em Endoscopia Ginecológica pela Associação Médica Brasileira e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Médica preceptora do setor de Videoendoscopia Ginecológica no Hospital Estadual Mário Covas.