Com aumento de 300% nos casos de dengue no RJ, solução biológica Aedes do Bem™ surge como alternativa para controle do mosquito Aedes aegypti
O número crescente de casos de dengue no estado do Rio de Janeiro está gerando preocupação entre autoridades de saúde e a população. A proximidade do verão, com mais chuvas e temperaturas elevadas, cria um ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. Até o momento, já foram registrados 39.369 casos em todo o estado, um aumento de cerca de 300% em comparação aos 9.926 casos registrados no mesmo período do ano anterior.
O problema é tão grave que, na semana que terminou em 14 de outubro, pelo menos cinco municípios do Rio de Janeiro foram classificados em situação de epidemia de dengue: Angra dos Reis, Resende, Nova Iguaçu, São Pedro da Aldeia e Rio das Ostras. A análise foi realizada pelo InfoDengue, um sistema de alerta para arboviroses desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro está monitorando a situação de perto e busca as melhores estratégias de combate à doença. Com o aumento preocupante dos casos, é essencial explorar soluções inovadoras, eficazes e sustentáveis.
A Solução: Aedes do Bem™
Neste cenário desafiador, a Oxitec, multinacional de biotecnologia inglesa com presença no país desde 2011, inova ao introduzir a solução conhecida como Aedes do Bem™, aprovada desde 2020 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Trata-se de uma abordagem biológica segura, sustentável e altamente eficaz que envolve o uso de mosquitos Aedes aegypti machos autolimitantes, que não picam e não transmitem doenças. Esses mosquitos machos são utilizados para combater sua própria espécie, funcionando como larvicida-específico para as fêmeas dessa espécie – que picam e são as verdadeiras transmissoras de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
O funcionamento é simples: o produto é composto por uma caixa que recebe mensalmente refis contendo os ovos do Aedes do Bem™. Ao serem ativados com água, os ovos eclodem e os insetos se desenvolvem no interior da Caixa do Bem. Assim que os machos atingem a fase adulta, em cerca de 10 a 14 dias, voam para o ambiente urbano, procurando ativamente e acasalando com as fêmeas do Aedes aegypti. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos chegam à fase adulta, herdando do Aedes do Bem™ pai a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas transmissoras de doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti na área tratada.
O Aedes do Bem™ é uma solução direcionada e segura para o controle do Aedes aegypti que não afeta outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas e joaninhas. Além disso, não causa danos ao meio ambiente, às pessoas ou aos animais, sendo não tóxico e não alergênico. Também não se concentra na cadeia alimentar e não tem efeitos adversos quando consumido por outros animais.
No Brasil há 10 anos, a Oxitec tem como propósito equipar governos, comunidades, empresas, famílias e cidadãos com soluções seguras, direcionadas e sustentáveis para o controle de insetos. A tecnologia desenvolvida pela empresa tem sido estudada e analisada por pesquisadores independentes, acadêmicos e especialistas por mais de uma década, com mais de 100 artigos científicos publicados.
Parcerias eficientes
Em Indaiatuba, cidade localizada no interior de São Paulo, em uma parceria com as autoridades municipais de controle de vetores, a Oxitec implantou um projeto piloto que demonstrou a eficácia na supressão de populações de Aedes aegypti em comunidades urbanas densamente povoadas da cidade. As liberações do Aedes do Bem™ no município foram realizadas durante quatro anos, inicialmente supervisionadas pela autoridade nacional de biossegurança do Brasil, a CTNBio, e continuando após a aprovação comercial do produto em 2020. Os resultados deste projeto piloto foram publicados em 2022 na revista científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, e mostraram que durante o pico da temporada de mosquitos na região (novembro a abril), as populações do Aedes aegypti nas áreas tratadas foram até 96% menores quando comparadas às populações de mosquito de áreas não tratadas do município.
Outra implantação de sucesso do Aedes do Bem™ aconteceu em Tocantins, no município de Porto Nacional, o primeiro da região Norte do Brasil a aderir à tecnologia. Na primeira etapa do projeto, que aconteceu no início de 2023, as Caixas do Bem foram instaladas em locais estratégicos dos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova, beneficiando 6.974 moradores em uma área total de 170 mil metros quadrados.
O município de Congonhas, localizado a 78 km de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, foi o primeiro município do Brasil a proteger 100% dos habitantes com tecnologia sustentável Aedes do Bem™. O projeto conta com 4.500 Caixas do Bem instaladas em mais de 70 bairros.
FONTE:
Doutora em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil e atuações em cargos de liderança em P&D/Biologia Molecular e Sintética em empresas privadas de biotecnologia como Amyris Biotechnologies e Braskem S.A., Natalia Ferreira é diretora executiva da Oxitec do Brasil desde dezembro de 2017, sendo responsável pela gestão de todas as operações do país, incluindo transferência de tecnologia, produção, implantação de campo, assuntos regulatórios & governamentais e engajamento dos stakeholders, além de jurídico e compliance. Natalia também atuou por 3 anos como Pesquisadora Associada e Líder de Pipeline no setor público, pela Universidade de Campinas e pela EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.