O Avanço da Inteligência Artificial e suas lições globais para a sociedade brasileira
* Ramon Silva
O Brasil está diante de um cenário em que o avanço da inteligência artificial (IA) está redefinindo dinâmicas sociais, econômicas e culturais, seguindo exemplos de países como os Estados Unidos e nações europeias. Analisar os efeitos observados nesses países pode oferecer insights valiosos sobre como o Brasil pode enfrentar as implicações da IA em sua própria sociedade.
Transformação do Mercado de Trabalho
Nos Estados Unidos, cerca de 36 milhões de empregos podem ser automatizados até 2030, de acordo com estimativas da McKinsey. A Alemanha viu a automatização contribuir para a perda de 1,5 milhão de empregos entre 2011 e 2016. No Brasil, com uma taxa de desemprego de aproximadamente 14,7% em 2021, segundo o IBGE, é imperativo que o país desenvolva programas abrangentes de requalificação profissional para permitir a transição de trabalhadores para setores mais resilientes à automação.
Desigualdade Social e Acesso à Tecnologia
Na Europa, a falta de habilidades digitais foi identificada como um dos principais obstáculos para a participação na economia digital. Cerca de 20% da população adulta da União Europeia ainda possui habilidades digitais básicas. No Brasil, onde a desigualdade econômica é uma realidade, é crucial investir em educação tecnológica acessível para garantir que todas as camadas da sociedade tenham a oportunidade de participar da economia digital emergente.
Saúde e Medicina
Na área da saúde, a IA está reduzindo o tempo de diagnóstico e melhorando a precisão. Nos Estados Unidos, um estudo realizado pela Stanford University mostrou que algoritmos de IA superaram médicos em diagnosticar casos de câncer de pele. No Brasil, onde o sistema de saúde enfrenta desafios significativos, a adoção de soluções de IA pode acelerar diagnósticos e melhorar a qualidade dos cuidados, mas deve ser acompanhada por regulamentações rígidas para garantir a privacidade dos pacientes.
Educação e Aprendizado
Na Estônia, 89% dos estudantes do ensino médio têm aulas de programação. A adoção da IA na educação pode personalizar o aprendizado para cada aluno, como visto no Reino Unido, onde plataformas como a Century Tech analisam o desempenho individual para adaptar o material de ensino. O Brasil, com um sistema educacional desafiado por lacunas de aprendizado, pode adotar abordagens semelhantes para melhorar o acesso a uma educação mais personalizada e eficaz.
Ética e Transparência
No Reino Unido, a IA está sendo usada para identificar fraudes em sistemas de bem-estar social, mas também gerou controvérsias devido a decisões automatizadas prejudiciais. O Brasil deve implementar regulamentações sólidas e promover a transparência no uso da IA para evitar resultados injustos e promover a confiança da população.
Impactos Ambientais e Sustentabilidade
A IA tem desafios ambientais significativos, com os data centers necessários para treinar modelos de IA contribuindo para emissões de carbono. A busca pela sustentabilidade é crucial, como exemplificado pela Suécia, que utiliza a IA para otimizar o uso de energia. O Brasil, com sua rica biodiversidade e desafios ambientais, pode adotar abordagens semelhantes para equilibrar os benefícios da IA com a responsabilidade ambiental.
Em síntese, as experiências de países em todo o mundo com o avanço da IA fornecem uma rica fonte de lições para o Brasil. Os desafios e oportunidades são inegáveis, mas ao considerar as implicações em outras partes do globo, o Brasil pode formular estratégias mais eficazes para enfrentar os desafios de maneira proativa. Com um foco em requalificação, educação inclusiva e regulamentações éticas, o Brasil pode navegar pelo cenário da IA de maneira a maximizar os benefícios e mitigar as consequências negativas.
Ramon Silva é um empreendedor em série e especialista em tecnologia e startups que foi fundador e CEO da Avocado, uma startup de entrega de supermercado em 10 minutos que foi renomeada para Rappi Turbo após Ramon vendê-la para a Rappi e que conta hoje com mais de 300 dark-stores na América Latina. Hoje ele cursa MBA em Stanford, o mais concorrido do mundo.