sábado, 28 de novembro de 2020

CIDADE - ESPECIAL ENTREVISTA COM EDUARDO PAES

El filho pródigo

CIDADE BARRA BATE PAPO COM EDUARDO PAES

Ele nasceu em uma família com origens espanhola e nordestina. Uma mistura tão “caliente” que resultou em um amoleque “arretado”. Eduardo Paes colocou o pé direito no panorama político carioca ao ser nomeado, em 1962, subprefeito da Barra da Tijuca, região emergente do Rio de Janeiro.




Aos 23 anos, pouca gente acreditava o “garotão” do último período de Direito da PUC e nenhuma experiência administrativa, fosse capaz de conseguir aglutinar megaempresários, políticos e comunidade na busca de soluções para a região. Eduardo se tornou o subprefeito mais atuante, o filho pródigo de Dona Consuelo, de César Maia e da baixada de Jacarepaguá que consagrou seu talento político com metade dos votos que fizeram dele o vereador mais votado desta eleição. 


Cidade Barra – Aos 27 anos você é o vereador mais votado da cidade do Rio de Janeiro. Na sua opinião as cobranças serão maiores?

Eduardo Paes – A responsabilidade aumenta com o número de votos. Sempre defendi essa região e vou continuar por sua qualidade de vida. Durante a campanha eleitoral, sempre disse aos eleitores que não esperasse um vereador com projetos de lei malucos para mostrar serviço. Existe uma quantidade enorme de leis importantes que, por serem confusas, acabam não sendo colocadas em prática. Na Barra, especificamente, são urgentes duas grandes questões: saneamento e transporte. 


O saneamento é uma questão relativamente fácil de ser resolvida se houver parceria com a iniciativa privada. Quanto ao transporte, haverá uma grande melhora com a inauguração da linha Amarela. Além disso, a região deve contar com intervenções que permitam outras alternativas de transporte como o VLT e o HSST. Todas as opções são essenciais e uma não exclui a existência da outra.

Cidade Barra – Mas o prazo de concessão permitido pela lei orgânica da cidade ainda é muito curto, apenas dez anos. Isso representa pouco para a iniciativa privada.

Eduardo Paes – Com certeza tentaremos mexer no prazo de concessão previsto na lei orgânica. Na minha opinião não deveríamos ter um prazo definido. Se a empresa cumpre com eficiência seu serviço, maravilha.

Cidade Barra – A Linha Amarela não poderá ter um impacto negativo para a Barra da Tijuca?

Eduardo Paes – Acredito que o impacto da linha Amarela será positivo. As pessoas reclamam das vias de acesso à região, mas quando se cria uma nova via, isso também é motivo para reclamação. O VLT, o HSST, o Metrô... todas alternativas de transporte irão causar um aumento no número de pessoas que frequenta a Barra.

Cidade Barra – E quanto ao sistema viário da Barra? Ele está preparado para receber um grande número de carros?

Eduardo Paes – O Sistema Viário da Barra está preparado para aceitar o impacto da Via Amarela, graças aos investimentos feitos na duplicação das Avenidas das Américas e Ayrton Senna. É preciso entender que a Barra da Tijuca não é a Urca. A Barra é o grande centro de lazer e comércio do Rio. Nosso desafio é entender isso e permitir que o desenvolvimento aconteça sem abrir mão da qualidade de vida.

Cidade Barra – Você é a favor da abertura da Via 2? 

Eduardo Paes – Sou completamente a favor. A Via 2 é uma prioridade e nós vamos lutar por ela. É uma Via fundamental para o escoamento da Avenida Sernambetiba.

Cidade Barra – A ideia de descentralização implantada das subprefeituras deu certo na Baixada de Jacarepaguá. Qual a sua opinião com relação à emancipação dessa região?

Eduardo Paes – Todas as formas de descentralização do poder público e sua proximidade com a população, principalmente, em uma cidade tão complexa como o Rio devem ser apoiadas. Mas sou contra a emancipação. Porque ela prevê mais um prefeito, mais uma Câmara, Secretarias, enfim, um “corpo” desnecessário”. É importante entender cada bairro como uma realidade distinta, no entanto, existem maneiras mais baratas e rápidas de se resolver os problemas locais de uma cidade.

Cidade Barra – Em entrevista dada a outro veículo de comunicação você declarava ter como metas o cargo de prefeito do Rio de Janeiro, presidente da República e presidente da ONU.

Para alguma sua declaração pareceu demasiadamente vaidosa. O vereador Eduardo Paes ficou ESNOBE?

Eduardo Paes – Quero galgar cargos. Não é ambição desmedida. Quero crescer profissionalmente. Tanto que meu nome foi cotado para prefeito nas eleições dentro do partido e eu fui o primeiro a discordar. A medida que me sentir maduro para galgar esses degraus eu o farei. Vou me credenciando, crescendo e aprendendo... Quem sabe não possa vir a ocupar direto a presidência da República? Não dá para prever. O Fernando Henrique só teve um mandato como senador. Pode ser que eu seja o resto da vida um bom vereador?

Cidade Barra – Você esperava ser o vereador mais votado?

Eduardo Paes – Eu tinha confiança que seria eleito e achava que poderia ter chance de ser o mais votado. Metade dos 82.000 votos que recebi vieram de fora da Baixada de Jacarepaguá. Tive 12.000 votos na Barra, 32.000 em Jacarepaguá. 20.000 votos na Zona Sul, 10.000 votos na Tijuca e 10.000 na Zona Oeste. A votação em outras regiões foi uma surpresa. Esperava ter muitos votos na Baixada de Jacarepaguá, seria o reconhecimento do trabalho que comecei há quatro anos na região.

Cidade Barra – E agora Eduardo?

Eduardo Paes – Agora vou brigar para honrar e justificar tantos votos e, quem sabe, em uma próxima eleição aumentar esse número?