Mario Eugenio Saturno
Logo que foi declarada pandemia de Covid-19, começaram a falar na
segunda onda da doença, lembrando a gripe espanhola. Poucos realmente
levaram a sério essa possibilidade até o dia 10 de outubro, quando o
número de casos explodiu na Europa.
No Reino Unido, os casos triplicaram, comparado à primeira onda, que
começou em 5 de março, escalando geometricamente por seis semanas,
ficando na média diária semanal de 899 mortes. E caiu lentamente,
também geometricamente por 19 semanas, até marcar 7 mortes diárias na
média de 7 dias. E, depois de três semanas, voltou a escalar.
Quando morriam 900 pessoas por dia, registrava-se 5 mil casos por dia e,
agora, registrando 20 mil casos por dia e 163 mortes diárias (em 23/10). O
que mudou? Certamente, não se apuravam a quantidade de casos
corretamente. Agora, também, está contagiando muitos jovens que tem
uma letalidade muito menor e demora mais para morrer, aparentemente.
A França quase septuplicou o número de casos, mais de 29 mil casos, mas
as mortes também são menores, na média, 173 por dia. A Alemanha está
com 8.651 novos casos diários, já acima do número de casos do auge da
primeira onda que foi de 5.837 casos, e mostra 36 mortes por dia. Já
Portugal, que tem população pouco superior à da cidade de São Paulo,
mostra 18 mortes por dia e 2.363 casos por dia, cerca do triplo da primeira
onda.
Já os países que sofreram na primeira onda, os casos sobem mais
lentamente, da Espanha que teve quase 9 mil casos e, agora, 15 mil, e
morrem 140 espanhóis por dia. A Itália tem uma subida mais íngreme de
casos, de pouco mais de 5.600 casos na primeira onda, agora tem 13.323,
uma semana antes (16/10) era 6.835, e morreram 90 italianos por dia, mas
na semana anterior, foram 46, assustador!
Outros países também enfrentam a segunda onda, como Rússia, Polônia,
Bélgica e República Checa. Os próximos dias mostrarão se as mortes
seguirão os casos. Já o Irã encara a terceira onda. Neste país, a primeira
onda começou no dia 19 de fevereiro com as primeiras mortes, atingiu o
platô de 137 mortes na média móvel de sete dias em 21 de março, caindo
a partir do dia 7 de abril até 30 de maio com 53 mortes, quando voltou a
subir até 26 de julho com 216 mortes, caiu para 111, em 2 de setembro,
subindo para 302, em 23 de outubro.
Já citei Israel em artigo de setembro, sendo que, agora, confirmou-se a
queda de mortes, demonstrando que o "lockdown" funciona. Nosso
presidente poderia imitar o governante deste país e não falar bobagens
“sinófobas”, e abrir o país para qualquer vacina que funciona. E não como
fez com o Instituto Butantan, que requereu a importação de produtos para
a Coronavac, a vacina que apresenta menores efeitos colaterais, no dia 23
de setembro, algo que demora 5 dias, mas o Almirante responável disse
que só analisaria a demanda em 11 de novembro. Absurdo! Mas, graças à
imprensa, já liberou.
Parece que esqueceram a dificuldade em adquirir respiradouros e o
sequestro de insumos que os EUA fizeram. O governo está repleto de
militares que nada entendem de Estratégia e não sabem estabelecer
prioridades.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano