Divórcio e religião nos EUA
Mario Eugenio Saturno
Um estudo feito pelo “Public Religion Research Institute”
(Instituto Público de Pesquisas Religiosas) mostrou que mais filhos de pais
divorciados tornaram-se adultos sem religião do que os que não se divorciaram.
As taxas de divórcio subiram para os níveis mais altos de
todos os tempos nos anos 1980, quando cerca de metade de todos os casamentos
terminaram em divórcio. E nos dias atuais, os americanos estão rapidamente
tornando-se menos religiosos. Desde 1972, a proporção de americanos que dizem
não aderir a qualquer religião em particular aumentou de 5% da população para
25%.
A pesquisa mostrou ser significante a diferença entre as
pessoas cujos pais se divorciaram quando eram crianças, ou em números, 35% dos
filhos de pais divorciados disseram aos pesquisadores que agora não são
religiosos, enquanto que 23% das pessoas cujos pais eram casados quando eram
crianças não são religiosos.
Um dado que até assusta, pois apenas 9% dos
norte-americanos relataram que foram criados em um lar não religioso. Dos
entrevistados, 13% dos adultos mais jovens relataram que cresceram sem uma
identidade religiosa, já para os idosos, esse número é de 4%.
Entre os que tinham uma identidade religiosa quando
crianças, 19% tornou-se sem religião quando se tornou adulto. O inverso ocorre
também, foram 3% dos americanos que declararam que foram criados sem nenhuma
identidade religiosa, mas tornaram-se religiosos quando adultos. O resultado
dessa dinâmica é que 16% deixaram de ser religiosos.
Enquanto protestantes não-brancos e grupos religiosos
não-cristãos permaneceram razoavelmente estáveis, protestantes brancos e
católicos sofreram declínios, com os católicos sofrendo o maior declínio entre
os principais grupos religiosos: uma perda geral de 10%. Quase um terço (31%)
dos americanos relatou que foi criado em uma família católica, mas apenas 21%
dos americanos identifica-se como católico atualmente. Treze por cento dos
americanos relatam ser ex-católicos, e 2% dos americanos deixaram sua tradição
religiosa para se juntar à Igreja Católica.
Nos anos 1980, apenas 10% dos adultos jovens (com idades
entre 18 e 29 anos) não seguiam uma religião e somente 3% entre os idosos (com
65 anos ou mais). Nos anos 2000, saltou para 20% dos adultos jovens que não
seguiam uma religião e 5% entre os idosos. Hoje, já são 39% dos adultos jovens
e 13% dos idosos. Entre os adultos jovens foi um salto de quatro vezes.
A maioria dos americanos (62%) que deixam de se
identificar com a religião, o fazem antes de completarem 18 anos, 28% deixaram
entre 18 e 29 anos, 5% entre 30 e 49 anos e apenas 2% com 50 anos ou mais.
As razões pelas quais os norte-americanos abandonam a
religião da infância são: pararam de acreditar nos ensinamentos da religião
(60%), sua família nunca foi tão religiosa quando estavam crescendo (32%) e os
ensinamentos religiosos negativos sobre gays e lésbicas (29%). Foi ainda
apontado pelos entrevistados, o escândalo de abuso sexual do clero (19%), ou
sua congregação se tornando muito focada na política (16%).
É informação para fazer pensar todo pastor no que tem
feito pela inclusão dos separados e dos filhos desses pais.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é
Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e
congregado mariano.