Os sinais de
João
Mario Eugenio
Saturno
No artigo
anterior fiz uma introdução ao Evangelho Segundo São João, mostrando a
localização da comunidade do apóstolo, que povos compunham, dos problemas e
conflitos e do tempo. No Evangelho, pode- se observar que foi escrito seguindo
um plano, a estrutura compondo um prólogo, uma primeira semana, sete sinais,
uma segunda semana e os epílogos.
O prólogo (Jo
1, 1-18) é um hino a Jesus, é a palavra que mostra à humanidade quem é Deus: en
arque en o logos kai o logos en pros ton theon kai theos en o logos; outos en
en arque pros ton theon (transliterado do grego), no princípio (arque) era a
Palavra (logos), que estava junto de Deus (theo) e que era Deus.
O primeiro dia
da primeira semana começa com o testemunho de João Batista (Jo 1, 19-28). No
segundo dia acontece a apresentação do Cordeiro de Deus (Jo 1, 29-34). No
terceiro dia, João Batista envia os primeiros dois discípulos que aderiram a
Jesus e o chamado de Pedro (Jo 1, 35-42). Finalmente, no quarto e quinto dia,
Jesus chama Filipe e Natantael e os outros apóstolos (Jo 1, 43-51).
E no sexto dia
(simbólico) acontecem os sete milagres, o que se convencionou chamar sinais da
vida. O primeiro sinal é o casamento em Caná (Jo 2, 1-12). João faz um
claro paralelo com o Gênesis (1,26-27): no sexto dia, Deus criou o homem (ser
humano, no contexto) à sua imagem e semelhança e no Evangelho o sexto dia
começa com o casamento em Caná, simbolicamente a adesão a Jesus pela fé.
No segundo
sinal, são os pagãos, representados pelo oficial do rei, que aderem a Jesus,
(Jo 4, 46-54). De fato, o objetivo dos sinais realizados por Jesus é mostrado
em Jo 20, 30-31: Jesus fez, na presença dos seus discípulos, ainda muitos
outros milagres que não estão escritos neste livro, mas estes foram escritos,
para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais a vida em seu nome.
O terceiro
sinal é a cura do paralítico, que testemunha diante das autoridades dos judeus,
que procuram matar Jesus, (Jo 5, 1-18). O quarto sinal é a partilha dos pães,
em que Jesus celebra a Páscoa do outro lado do mar da Galileia junto com a
multidão de doentes e não em Jerusalém. E foge para as montanhas quando o povo
quer aclamá-lo rei. E, conjuntamente, o quinto sinal mostra Jesus caminhando
sobre as águas (Jo 6, 16-21).
O sexto sinal é
a cura do cego de nascença, que aceita Jesus, enfrenta o poder que mantém o
povo cego e dependente e é banido da sociedade. (Jo 9). E o sétimo sinal é a
ressurreição de Lázaro, a vitória sobre a morte, que tem como resultado muitos
judeus acreditarem em Jesus (Jo 11, 1-45) e as autoridades religiosas
decretarem sua morte (Jo 11, 46ss).
A segunda
semana acontecem nos seis dias antes da Páscoa dos judeus (Jo 12,1-19,42). E
seguem, o grande sinal (Jo 13, 1 - 20, 29), o lava-pés (Jo 13, 1-30, o discurso
de despedida (Jo 13, 31 a 17, 26), a Paixão, morte e ressurreição de Jesus (Jo
18, 1 a 20, 29).
Finalmente, o
Epílogo (Jo 20, 30-31), que revela o motivo dos sinais, o Apêndice (Jo 21,
1-23), em que acontece o chamamento de Pedro, e o segundo epílogo (Jo 21,
24-25).
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.