Filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu dá dicas a
candidatos das eleições 2018: "Não seja nem se pareça um político"
O escritor, pesquisador político e filósofo Fabiano de Abreu,
que foi e é assessor de três políticos no Brasil e dois em Portugal, deu dicas
para os candidatos aos cargos de presidente, governador, senador, deputado
federal e deputado estadual nas eleições de 2018.
"Nos dias atuais, uma boa dica que posso dar a um
político, é que não seja nem se pareça um político. O nome 'político', nos dias
atuais está vinculado a tudo de ruim que possa imaginar em um ser humano.
Escutei de alguns políticos que dizem sofrer preconceito ao dizer que é
político ou ao saberem disso. Devido a todos esses acontecimentos ao longo dos
anos e a falta de esperança popular, ser político nos dias atuais é um desafio
que vai além das suas propostas e do interesse de eleger-se", analisa o
especialista.
Fabiano de Abreu diz não acreditar em promessas, pois não
dependem dos políticos para que as cumpra: "Acredito em projetos e em
histórico do candidato. Se já não deu certo, não vai dar certo. Já estive em
mais de 15 países e o Brasil é um dos piores. Em Luanda, na Angola, vi coisas
parecidas com as daqui e lá é África, um continente que estamos acostumados a
ver na TV que é muito pobre. E nós somos o que? Temos a violência, os altos
impostos, a péssima educação, saúde eu seu pior estado, temos buracos nas
pistas e um IPVA caríssimo. Temos a qualidade dos carros inferiores aos lá de
fora, nos alimentamos com agrotóxicos, muros pichados e desrespeito ao próximo,
ao trânsito. Temos fama de briguentos, corruptos, mal educados. Nossos
eletrodomésticos mais baratos são inferiores pois a taxa de importação é alta.
Não produzimos tecnologia e nossa produção interna passa por problemas. Lá fora
não querem nossas carnes, peixe, pois não confiam. Temos obras que não
terminam, promessas que não são cumpridas, vivemos uma geração com esperança e
essa esperança não acaba pois estamos acostumados. Nos contentamos e começamos
a ficar satisfeitos por não ter nada melhor. É a adaptação humana. Aí quando
vamos lá pra fora nos deslumbramos. Jogamos lixo no lixo enquanto aqui joga-se
através da janela do carro na rua".
O escritor, pesquisador político e filósofo questiona:
"Temos que nos orgulhar apenas com uma seleção de futebol que já não ganha
mais e com o fato de sermos um povo feliz? Somos felizes pois temos que
esquecer o tanto de problemas que temos aqui, pois é nossa válvula de escape.
Somo o povo que mais consome cerveja no mundo, e não porque somos bons
consumistas e adoradores de cerveja, e sim pois não há outra coisa mais barata
para esquecer os problemas. Até porque se fôssemos especialistas em cerveja,
não beberíamos as daqui, que são mais misturadas e aguadas".
"Eu amo o Brasil, por isso faço parte dos que querem
mudar para melhor e fazer da esperança uma realidade. Tenho como exemplo a vida
que levei em diversos países e quero que aqui seja pelo menos parecido. Ou
melhor do nosso jeito. Por isso, eu me mantenho aqui para votar, fazer minha
parte, e todos os dias eu analiso friamente cada candidato", afirma
Fabiano de Abreu, que após as eleições voltará para Portugal, onde mora
atualmente.