Mario Eugenio
Saturno
Um interessante
artigo da Dra. Vanessa Lobue na “Psychology Today” de janeiro último que trata
da violência na TV e a agressividade em crianças. É um tema recorrente devido
aos assassinatos em massa nos Estados Unidos provocados por jovens. Isso é algo
especialmente importante para os pais, pois o conteúdo violento é comum na
televisão e nos filmes, na internet e em alguns dos videogames infantis mais
populares.
Há evidências
de que a exposição a mídias violentas torna as crianças mais agressivas. Em um dos
estudos mais conhecidos sobre o assunto (Bandura, Ross e Ross, 1963), os
pesquisadores mostraram às crianças pré-escolares um vídeo de um adulto
agredindo um boneco inflável. Depois de assistir ao vídeo, essas crianças
imitaram o que viram e, mais surpreendente, descobriram maneiras novas e
criativas formas de agredir o boneco, bem como brincaram mais agressivamente
com outros brinquedos da sala também.
Pesquisas
recentes mostram que a presença de armas piora a situação. Pesquisadores da
Ohio State University trouxeram pares de crianças de 8 a 12 anos de idade para
um laboratório e mostraram a elas uma versão de 20 minutos de um filme popular,
seja o Rocketeer (1991), seja o National Treasure (2004). Uma criança viu o
filme real, que continha personagens usando armas, e a outra assistiu a uma
versão em que as armas foram editadas. Elas foram então levadas a uma grande
sala que continha vários brinquedos, incluindo armas de brinquedo. As crianças
que assistiram ao filme com as armas brincaram mais agressivamente do que as
crianças que assistiram ao filme editado, consistente com pesquisas anteriores.
O estudo teve
ainda um adicional importante. A sala de jogos também continha um armário
fechado, onde estava uma arma de verdade, calibre 38. A arma foi modificada
para não disparar balas e com um dispositivo para contar quantas vezes o
gatilho foi puxado. As crianças não foram informadas de que havia uma arma na
sala. Cerca de 83% das crianças no estudo encontraram a arma, sendo que, 27%
entregaram-na ao monitor que a retirou da sala. Do restante, 42% brincaram com
ela. As crianças que assistiram ao filme que continha imagens de armas eram
mais propensas a puxar o gatilho da arma real, em média, cerca de 2 a 3 vezes
mais que as que assistiram o filme sem armas e passaram de 4 a 5 vezes mais
tempo segurando-a (Dillon & Bushman, 2017).
Esta pesquisa
sugere que a mídia violenta pode causar comportamento agressivo em crianças e
que esse comportamento pode ser pior se incluir armas. De fato, as crianças são
incrivelmente curiosas sobre armas, e distinguem entre armas reais e de
brinquedo (Benjamin, Kepes, & Bushman, 2017).
Há outras
pesquisas observando que a presença de armas para causar comportamento
agressivo (Berkowitz & LePage, 1967), e trabalhos recentes mostram que ter
uma arma no carro faz com que as pessoas sejam mais agressivas (Whitlock e
Weisenberger, 2017).
Segundo a Dra.
Lobue, se você não quer que seus filhos sejam agressivos ou violentos,
mantenha-os longe de meios violentos e até mesmo de armas de brinquedo, isso
não acabará com a agressividade de todas as crianças, mas certamente é um
começo. Armas em casa? Nem pensar!
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.