Nas últimas
décadas, enquanto a violência crescia no Brasil, em São Paulo, diminuía e,
parece, pouca gente fica curiosa da razão. São Paulo melhora porque a Polícia
tem um treinamento de qualidade. E se alguém pensa que é porque o Estado paga
bem, vai surpreender-se, pois os policiais paulistas recebem o quinto pior
salário do Brasil. Ou seja? Não é o salário, embora mereçam um melhor.
Entre as
policias que mais matam, SP é a décima primeira, com taxa de 1,9 por cem mil
habitantes, o Rio, que é o segundo, tem 5,6. Já no quesito morte de policiais,
SP é o 13o., com taxa de 0,7 por mil policiais, enquanto o Rio, o pior, com
2,3. E o melhor dado, taxa de assassinatos, o menor, São Paulo, com 9,5;
depois, Santa Catarina com 14,2; Minas Gerais, 21,5;
Piauí, 22,1; e Rio de Janeiro, 23,5. Com essa evidência gritante, por que não
imitam São Paulo?
O método
utilizado para treinar a polícia paulista foi desenvolvido pelo Cel. Nilson
Giraldi que o ensina sem cobrar nada. Basta ler a descrição do método no site
da PM-SP para ver que tem muito bom senso. Na análise dele, quando a arma do
policial, que deve ser para proteger a sociedade, volta-se contra ela, é a
maior crise para a Polícia e a desmoralização do Estado. E o mau uso dessa arma
é a maior causa da morte de policiais e da perda da liberdade do policial.
O Método
Giraldi propõe acabar com essas “tragédias” através de treinamento correto. Uma
polícia é consequência do seu treinamento e da qualidade dos seus professores.
Professores imbecis geram policiais imbecis e professores respeitosos geram
policiais respeitosos que gerarão uma polícia respeitosa. É aqui que está o
segredo para a construção de uma boa polícia.
O método
caracteriza o agressor como traiçoeiro e covarde, e sua arma como sinônimo de
morte. Já o policial representa o Estado, o bem, a vida para ele é prioridade,
o tiro sua última alternativa para preservar vidas inocentes, incluindo a sua.
Sua arma é sinônimo de vida. Comparando com futebol, se ganhar de 10 a 1 é
derrota (matou 10 agressores, mas morreu uma pessoa que não deveria). Zero a
zero é vitória! Muitos não quererão entender, não matar inocentes é sempre
vitória.
Entre as
características do Método Giraldi: se for possível solucionar sem uso da força,
sem tiros, por mais tempo que demore, assim será. Ensinar o policial a usar
sempre a razão, não a emoção, não se precipitar, nem praticar a “valentia
perigosa”. Nunca querer pegar o agressor de qualquer jeito, pedir apoio. Não
colocar sua vida e a vida de pessoas inocentes em risco, pedir apoio.
Não apontar a
arma para pessoas inocentes. Não disparar em agressor que estiver no meio do
povo, ou se houver pessoas inocentes na mesma linha de tiro, ou se o projétil
tiver chances de se tornar uma “bala perdida”, e nem atirar como “advertência”,
mas manter-se abrigado e... Pedir apoio! Não disparar em agressor que estiver
usando sua vítima como escudo, ou em veículos em fuga, incluindo motos, pode
haver pessoas até no porta- malas. É sempre importante observar a necessidade e
esperar pela oportunidade.
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.