Mario Eugenio
Saturno
Domingo, 13 de
maio, li sem entender no blog do Noblat: Admire a coragem desta mulher, mas não
faça como ela! Chequei as redes sociais e lá estava o vídeo, uma policial
feminina de folga, na frente da escola, reagiu a um assalto à mão armada. Ao
que parece, a policial não teve outra opção e pegou o bandido de surpresa.
Apesar do esforço em tirar as pessoas da linha de fogo, ela fez três disparos e
o bandido conseguiu disparar duas vezes, na primeira, sem atingir ninguém,
momento que a própria policial busca refugiar-se e a segunda bala falhou. Em
resumo, teve muita sorte!
A Folha de São
Paulo ouviu policiais que afirmaram que se deve seguir o método Giraldi. O
método orienta que só pode reagir quando for o último recurso de sobrevivência,
dele ou de outra pessoa ou quando está armado e percebe que será revistado (por
isso há pessoas que defendem que policiais andem desarmados no horário de
folga). E nunca reagir quando estiver desarmado, houver inocentes na linha de
tiro (há casos extremos de policiais que sacrificam a própria vida) e quando o
disparo pode provocar grande tumulto em locais de aglomeração, como shoppings.
Muita gente
tira da cartola falácias sobre reagir aos bandidos, mesmo estando em clara
desvantagem. Até o próprio candidato Bolsonaro, que defende a liberação de
armas para o cidadão, quando apontaram-lhe uma arma, ele entregou a moto, a
carteira e a Glock 380, simples assim, falar é uma coisa, agir é outra.
Estudos feitos
corroboram o método Giraldi. Um estudo do Instituto de Segurança Pública (ISP)
feito no Rio, entre janeiro e novembro de 2015, verificou que 20 agentes da
lei, 5 policiais civis e 15 militares, foram vítimas de latrocínio (roubo
seguido de morte), um sexto do total que foi de 121. Como no estado há 58 mil
policiais e 16,5 milhões de habitantes, a taxa de latrocínios no Rio é de 34
vítimas para cada cem mil policiais e de 0,6 para cada cem mil habitantes, ou
6000% mais chance de virarem vítimas fatais do que de outras profissões.
Isso acontece
porque o policial tentou reagir ou porque foi reconhecido. Um agravante no Rio
é que na PM é obrigatório o porte da carteira funcional e infringir essa regra
pode submeter o policial a punições. Talvez seja regra geral no país, mas que
deveria mudar ou o policial deveria disfarçar o documento.
O estudo ainda
compila o número de mortes de policiais civis e militares desde 1998, separando
entre os que estavam de folga e de serviço. Foram, ao todo, 2.461 óbitos no
período, sendo 2.183, 89% do total, de policiais militares.
Em outro
levantamento dados feito pela RCI - First-Security Intelligence Advising, foram
analisados 6.402 processos de assaltos ocorridos nas regiões metropolitanas de
São Paulo e do Rio de Janeiro, de 2002 a 2009. Não houve reação em 97% dos
casos, que teve apenas um morto a cada 700 assaltos. Do restante, entre as
vítimas que estavam armadas e reagiram, houve uma morte a cada quatro assaltos.
Já entre as desarmadas ou que fizeram gestos interpretados por ladrões como
reação, o índice foi de um morto a cada 16 roubos. Reforçando: 1 em 700 versus
1 em 4! Precisa desenhar?
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.