quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Os Sacramentais

Mario Eugenio Saturno


A Igreja Católica é riquíssima em ritos e simbologias, como a Missa, o casamento, os Mandamentos e Sacramentos. Pouco se fala dos Sacramentais, que são os sinais sagrados também instituídos pela Igreja com o objetivo de preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos e santificar a vida.          Entre os sacramentais, ocupam lugar destacado as bênçãos que compreendem ao mesmo tempo o louvor a Deus por suas obras e seus dons e a intercessão da Igreja, a fim de que os homens possam fazer uso dos dons de Deus segundo o espírito do Evangelho.



Conforme o Catecismo (§1668) sobre os sacramentais, as decisões pastorais dos bispos podem também responder às necessidades, à cultura e à história próprias do povo cristão de uma região ou época. Compreendem sempre uma oração, acompanhada de determinado sinal, como a imposição da mão, o sinal da cruz ou a aspersão com água benta (que lembra o Batismo). Dependem do sacerdócio batismal (§1669): todo batizado é chamado a ser uma “bênção” e a abençoar. Eis por que os leigos podem presidir certas bênçãos; quanto mais uma bênção se referir à vida eclesial e sacramental, tanto mais sua presidência ser reservada ao ministério ordenado.



Entre os sacramentais, figuram em primeiro lugar as bênção (de pessoas, da mesa, de objetos e lugares). Toda bênção é louvor Deus e pedido para obter seus dons. Em Cristo, os cristãos abençoados por Deus, o Pai “de toda a sorte de bênçãos espirituais” (Ef 1,3). E por isso que a Igreja dá a bênção invocando o nome de Jesus e fazendo habitualmente o sinal sagrado da cruz de Cristo (§1671).



Certas bênçãos têm um alcance duradouro: têm por efeito consagrar pessoas a Deus e reservar para o uso litúrgico objetos e lugares. Entre as destinadas a pessoas não confundi-las com a ordenação sacramental - figuram a bênção do abade ou da abadessa de um mosteiro, a consagração das virgens e das viúvas, o rito da profissão religiosa e as bênçãos para certos ministérios da Igreja (leitores, acólitos, catequistas etc.). Como exemplos daquelas que se referem a objetos podemos citar a dedicação ou a bênção de uma igreja ou altar, a bênção dos santos óleos, de vasos e vestes sacras, de sinos etc (§1672).



Quando a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a influência do maligno e subtraído a seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus o praticou, é dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, o exorcismo é praticado durante a celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado “grande exorcismo”, só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do bispo. Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. É importante, pois, verificar antes de celebrar o exorcismo se se trata de uma presença do maligno ou de uma doença (§1673).



Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.