Mario Eugenio Saturno
Muitas obras
inacabadas irritam os cidadãos brasileiros, de pontes, hospitais e escolas
inacabadas ao Programa Espacial Brasileiro. São bilhões desperdiçados, sem
transportar alimentos, sem salvar nem educar ninguém, sem trazer progresso
tecnológico, nem científico.
O Brasil
investiu muitos bilhões na área espacial, na infraestrutura, em naves e
foguetes, em tecnologia e ciência, mas não dá continuidade, não mantém o
investimento. E o pior, mais de meio século investido na área.
O INPE surgiu
na rabeira dos lançamentos do primeiro satélite em 1957 e do primeiro
astronauta, Iuri Gagarin, em 12 de abril de 1961. A Sociedade Interplanetária
Brasileira (SIB) resolveu, durante a Reunião Interamericana de Pesquisas
Espaciais, propor a criação de uma instituição civil de pesquisa espacial ao
presidente da República Jânio Quadros.
Jânio ficou
entusiasmado e, em 3 de agosto de 1961, assinou o decreto criando o Grupo
de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), o embrião
do que viria a ser o INPE. O interesse externo na coleta de dados na faixa
equatorial trouxe a oportunidade para o INPE inserir-se na comunidade
científica internacional.
Foi quando o
INPE propôs ao Ministério da Aeronáutica a construção de uma base de lançamento
de foguetes com cargas científicas. O Centro de Lançamento de Foguetes da
Barreira do Inferno (CLFBI), em Natal (RN) foi inaugurado em 1965 com o
lançamento de um Nike-Apache, foguete da National Aeronautics and Space
Administration (NASA).
Em 1966, foi
criado o programa Meteorologia baseado na recepção de imagens meteorológicas de
satélite NOAA da NASA. Depois, veio o Projeto Sensoriamento Remoto (SERE) em
1969 usando fotos aéreas do Earth Resources Technology Satellite (ERTS) e,
depois, do LANDSAT. Como sucesso, pode-se destacar, em 1970, a detecção de
ferrugem nos cafezais na região de Caratinga (MG).
Cabe destacar
ainda, nesses anos, o projeto Satélite Avançado de Comunicações
Interdisciplinares (SACI), que consistia na utilização de um satélite de
telecomunicações da NASA para a transmissão de conteúdos educacionais
produzidos e transmitidos pelo INPE. Entre tantos outros projetos, faltava o
projeto de um satélite próprio.
Em 20 de
janeiro de 1970, foi criada a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais
(COBAE) para elaborar a política espacial e coordenar o Programa Espacial
Brasileiro. E em 22 de abril de 1980, criou-se a Missão Espacial Completa
Brasileira (MECB) visando o desenvolvimento de quatro satélites e de um veículo
lançador. E isso trouxe grande aumento do orçamento, a contratação de recursos
humanos e projetos de ampla infraestrutura.
Ao INPE coube
desenvolver dois satélites de coleta de dados ambientais de aproximadamente 100
kg e dois satélites de sensoriamento remoto de cerca de 150 kg em órbita polar,
além de desenvolver um sistema de solo para o controle de satélites.
Os
tecnologistas do INPE enfrentaram e venceram difíceis barreiras tecnológicas.
Para o foguete elas foram intransponíveis fazendo-se necessário contratar
lançamento pelo foguete Pegasus, em 9 de fevereiro de 1993 do SCD-1.
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.