Percival Puggina
Comportam-se
como coquetéis-molotoff ambulantes. Semeiam tempestades para colher
catástrofes. Estimulam saques e invasões de propriedade. Pregam desobediência
civil. Constroem frases que instigam ao ódio e à agressividade e consideram isso
adequado às ações revolucionárias que gostariam de ver em curso. No geral, não acreditam em Deus nem no
paraíso, mas creem no inferno e no demônio a quem recomendam seus adversários.
No
exterior, falam mal do Brasil, espalham intrigas e boatos entre companheiros
que os multiplicam por lá e, depois, repercutem essas informações aqui como se
fossem produto de analistas internacionais. Revolucionários de esquerda, não
têm pátria. Sua pátria é qualquer lugar onde possam viver sem trabalhar,
sustentados por alguma instituição interessada em lero-lero e rastilhos de
pólvora. Diante de toda a adrenalina
lançada sobre o ambiente político nacional, não vivêssemos num curto-circuito
conceitual de democracia com tolerância irrestrita, seriam condecorados com cintilantes
pares de algemas por incitação à violência.
Diferentemente
do que muitos creem, tal comportamento não corresponde a um modo peculiar de
fazer política; essa linha de atuação se afasta radicalmente da política porque
é revolucionária. Não há nela qualquer vestígio de boa intenção, pois tudo o
que faz fica sob controle do fígado. É coisa hepática e biliar. Nada constrói;
só destrói. Ninguém pode acusar quem adota tais posturas de um único gesto de
benevolência. O objetivo de suas ações não é resolver a miséria; a miséria é
objeto de discurso e meio para chegar aos objetivos. Seu distributivismo, seu
igualitarismo e sua “justiça social” prescindem de seus próprios bens. Exigem
apenas os haveres alheios.
Não é de qualquer pessoa determinada que me
ocupo aqui, mas de um perfil e de um tipo de conduta que vem contaminando
indivíduos e grupos sociais. O momento
político, num ano eleitoral, cobra discernimento. E o cidadão zeloso deve estar
atento para aquilo que os candidatos expressam. Com a mesma prudência com que
você se afasta de um Dobermann (cão feroz com pouco freio), acautele-se contra
quem apenas expressa ira e malquerença. Eles latem e mordem. Note bem: todos os
holocaustos e crimes contra a humanidade foram conduzidos por personagens com o
perfil que descrevi.
A
justiça não é um subproduto do ódio, a paz não é um subproduto da violência e a
democracia não é uma casa de tolerância.
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do
Brasil. integrante do grupo Pensar+.