O ator Daniel
Radcliffe, que interpretou o famoso feiticeiro, Harry Potter, admitiu
publicamente que sofre de dispraxia. Trata-se de um distúrbio
neurológico associado com falta de coordenação. Em entrevistas, ele revelou
que na infância tinha dificuldades, por
exemplo, de amarrar os sapatos e ainda enfrentou tempos
difíceis na escola por ter um péssimo desempenho.
Segundo
a psicopedagoga e psicomotricista do Instituto NeuroSaber Luciana Brites, a
dispraxia é uma incoordenação motora, resultado de uma dificuldade na
realização de uma sequência de movimentos. “É uma disfunção no cérebro”.
Ela
comenta que essa disfunção não pode ser vista ou identificada por meio de
exames, como o eletroencefalograma, ou ressonância magnética, já que essas
alterações ocorrem em nível celular. “A dispraxia compromete muito as
atividades motoras causando prejuízo na qualidade de vida e nas atividades do
dia a dia.”
A
psicopedagoga diz que o transtorno pode ser identificado quando os pais ou
professores notam que determinada criança ou adolescente não consegue ou tem
dificuldade de executar atividades comuns no dia a dia como, por exemplo,
comer, tomar banho ou se vestir sozinha.
- Há
diferentes níveis desse transtorno. O que irá distinguir será a gravidade do
quadro. Ou seja, quanto maior for o prejuízo para a qualidade de vida do
sujeito, maior é a gravidade - relata.
Ainda
de acordo com Luciana, pais e professores podem ajudar as crianças dando mais
tempo para realizarem atividade motoras como escrever, além de estudar mais
sobre o assunto. “Nesses casos, deve-se primar pela qualidade ao invés da
quantidade de tarefas. É preferível pedir para escrever menos e sair bem do que
escrever muito e ficar ruim”.
- Por
não ser uma doença, a dislexia não tem cura. Porém, com intervenções pode-se
melhorar o quadro, principalmente se for detectado cedo – diz.
De
acordo com a profissional, o tratamento deve incluir estimulação psicomotora
por um psicomotricista ou terapeuta ocupacional, além de acompanhamento médico.
Sobre medicação, ela explica que a dispraxia pode ser o transtorno principal ou
ser uma comorbidade.
- Há
casos que a dispraxia pode vir acompanhada de um outro problema, como
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A medicação auxilia
muito nesses casos, pois quando melhora o quadro de TDAH os problemas motores
também melhoram - conclui.