Mario Eugenio
Saturno
As pessoas que
demonstram comportamentos antissociais, como ser agressivo, hiperativo e ter
problemas na escola, tendem a sofrer desemprego crônico, pobreza persistente,
depender de assistência social e sofrer uma morte prematura, de acordo com um
novo estudo do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan e que
citei em artigo passado.
De fato, esse
tipo de persistência no comportamento antissocial revelou-se um indicador forte
e independente, juntamente com habilidades cognitivas reduzidas, de modo que
esses indivíduos permanecem permanentemente incapazes de participar da força de
trabalho aos 50 anos.
Tradicionalmente,
os estudos de pesquisa sobre conquistas socioeconômicas se concentraram na
capacidade cognitiva e no desempenho educacional como fatores individuais
fundamentais, mas recentemente pesquisadores começaram a explorar como fatores
não cognitivos, como saúde mental, problemas comportamentais e traços de
personalidade desempenham um papel importante no desempenho acadêmico, emprego
e resultados relacionados.
Os
pesquisadores queriam entender o processo do ciclo de vida em que os indivíduos
acabam deixando a força de trabalho ou treinamento durante seus primeiros anos
de trabalho. Utilizaram os dados do Estudo Longitudinal de Personalidade e
Desenvolvimento Social de Jyväskylä, que segue indivíduos de uma cidade no
centro da Finlândia, entre as idades de 8 a 50. A região, que é étnica e
socioeconômica homogênea, fornece um cenário valioso para cientistas sociais
para estudar como os traços de personalidade influenciam a vida das pessoas.
Todo mundo
conhece o bem-estar dos países nórdicos, onde as oportunidades são
relativamente iguais e a rede de segurança social é muito forte, é onde devemos
esperar que as diferenças individuais se tornem muito mais importantes na
determinação dos resultados da vida.
Os
pesquisadores examinaram os dados de 369 pessoas durante décadas. Aos oito
anos, coletaram avaliações de professores e colegas de classe de crianças com
propensão antissocial ou com comportamentos agressivos ou incapazes de controlar
o próprio comportamento, bem como variáveis de desempenho e controle da escola,
como gênero e nível socioeconômico familiar.
Aos 14 anos, o
estudo coletou relatórios de professores sobre problemas comportamentais e
dados escolares do desempenho acadêmico. No início da idade adulta, o estudo
mediu o status socioeconômico dos participantes e comportamentos anormais, como
comportamentos criminosos, consumo excessivo de álcool e alcoolismo, com base
em questionário de autorrelato e registros administrativos do governo. Na meia
idade, com aproximadamente 50 anos, o estado socioeconômico foi medido usando
informações fiscais do governo, saúde e registros populacionais.
Os
pesquisadores observaram uma forte correlação entre atitude antissocial que
mais tarde se manifesta na delinquência e quebra das regras. Em outras palavras
uma criança antissocial tem grande chance de viver na pobreza persistente e ter
desvantagem socioeconômica. Algo que as autoridades e educadores deveriam
priorizar em suas ações. Se isso foi observado na Finlândia, imagina no Brasil!
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.