Mario Eugenio Saturno
Nos últimos
anos, a violência vem crescendo muito no Brasil, saindo do controle na maioria
dos estados. Ao contrário da onda, São Paulo aprendeu como combater a violência
e apresenta números cada vez mais baixos, já próximos às nações
desenvolvidas.
São
consideradas mortes violentas: homicídios dolosos, latrocínios, lesões
corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais. O
número de assassinatos no Brasil chegou a 61.619 em 2016, cresceu 4,7% em
relação ao ano anterior, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, organização que reúne especialistas, e dados fornecidos pelas
secretarias de segurança públicas e polícias Civil e Militar dos Estados.
A taxa média
nacional de mortes violentas ficou em 29,9 assassinatos por 100 mil habitantes.
Os três Estados com maiores taxas são os nordestinos Sergipe (64,0), Rio Grande
do Norte (56,9) e Alagoas (55,9). São seguidos por Pará (50,9), Amapá (49,6),
Pernambuco (47,6), Bahia (46,5) e Goiás (43,8). Os menos violentos são São
Paulo (11,0), Santa Catarina (15,0) e Minas Gerais (20,7).
Essa é uma
herança petista contraditória, já que os programas sociais cresceram muitos nos
anos petistas e os estados nordestinos foram os mais beneficiados
proporcionalmente. Agravando a situação, a grave crise econômica restringiu o
orçamento e houve redução nos investimentos em segurança pública feitos por
União, Estados e municípios, que totalizou gastos de R$ 81 bilhões, queda de 3%
em relação a 2015. Os Estados recorrerem mais à Força Nacional de Segurança
Pública, elevando os gastos em 74%, de R$ 184 milhões em 2015 para R$ 319,7
milhões em 2016.
A Polícia
também ficou mais violenta, o que mostra que isso não melhora a situação. E o
número de pessoas mortas por policiais atingiu o maior número já registrado.
Foram 4.224 casos, uma alta de 27% em relação a 2015. A taxa média do país é de
2 casos a cada 100 mil habitantes. As maiores taxas foram registradas no Amapá
(7,5), Rio de Janeiro (5,6) e Sergipe (4,1). São Paulo manteve 1,9, confirmando
que é possível reduzir a violência tendo uma Polícia menos violenta.
O perfil padrão
desses mortos: 99,3% são homens, 82% têm entre 12 e 29 anos, 17% têm entre 12 e
17 anos e 76% são negros. É assustador a quantidade de adolescentes mortos, não
é possível que cidadãos de bem e religiosos fiquem apáticos e calados diante
disso. E atuar junto a adolescentes drogados na rua é de uma dificuldade
inacreditável, só quem tentou sabe!
O número de
adolescentes cumprindo medidas socioeducativas era de 24.628 em 2014, sendo
44,4% por roubo e 24,2% por tráfico de entorpecentes. Ainda verificou-se que
40% das escolas não possuem policiamento e 70% dos professores e diretores já presenciaram
agressão física ou verbal entre os alunos.
O próprio
policial também é vítima da violência, cresceu o número de policiais civis e
militares vítimas de homicídio. Em 2016, foram 437 mortos, aumento de 17,5%
sobre as 372 mortes em 2015.
Nas últimas
décadas, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil já conseguiu articular a
Igreja para movimentar a sociedade e emplacar leis contra políticos desonestos
e, acredito, é a única que pode fazer isso novamente contra a violência. Que
São Paulo, o Estado e o Santo, inspirem nossos bispos nessa causa tão nobre.
Mario Eugenio
Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.