Entre
as muitas mudanças de conduta individual e social ocorridas nas últimas décadas,
certamente as que afetaram a dinâmica da vida familiar foram as mais
importantes. Elas produziram imenso impacto no comportamento de crianças,
adolescentes e, já agora, numa inteira geração de indivíduos adultos e nas
famílias que constituem.
Ao
saírem as mães de casa para trabalhar, houve uma primeira tentativa de
compensar o menor tempo dedicado aos filhos com recompensas possibilitadas pelo
aumento da renda familiar. Foi o tempo dos presentes melhores e concessões
maiores. Num segundo momento, pais conscientes trataram de qualificar os
reduzidos tempos de convivência com redobrada atenção, enquanto novos
"cuidadores" ingressavam no território negligenciado pela educação
familiar.
Entre
as muitas consequências da ação desses novos personagens, inclui-se a
prevalência de impulsos primários em prejuízo do bem e dos valores que a ele
conduzem. Contratados pelos pais ou disponibilizados pelo Estado, ou ainda
viabilizados pelas modernas tecnologias eletrônicas, estão, em grande parte, a
serviço de suas próprias pautas e visões de mundo. E estas, comumente, se
relacionam com a construção de uma "nova sociedade" que nada guardará
da mais alta civilização que a humanidade conheceu.
Terrível
desdobramento da persistência e da determinação com que se atacam valores
essenciais ao desenvolvimento integral da pessoa humana e à harmonia da
sociedade! A chamada guerra cultural escolheu seu público preferencial entre os
vulneráveis pela imaturidade e promove, ali, um massacre impiedoso da verdade,
do bem, do belo e do justo.
Pediram-me,
outro dia, que discorresse sobre o tema “Como podem os pais influenciar
positivamente seus filhos?”. Embora a receita seja a mesma de sempre - amor,
diálogo, atenção, zelo e exemplo - há que reconhecer que os resultados podem
ser insuficientes, pois o conjunto das influências nocivas a que a juventude
está sujeita envolve, supera e muitas vezes destrói os melhores influxos que
possa receber. Só uma ação conjunta de pais, escolas, autoridades, Igrejas e
meios de comunicação social, conscientes, todos, de suas responsabilidades,
pode minimizar o estrago.
A
que influências nocivas me refiro? Refiro-me à escola com partido e com
ideologia de gênero, tão na moda. Refiro-me às novelas de TV (que jamais
valorizam qualquer coisa que tenha valor) e às franquias da internet
impropriamente utilizada. Refiro-me à desarmonia musical das bandas, ao mau
conteúdo das letras que cantam e aos maus exemplos que proporcionam. Refiro-me
ao fio condutor permissivo de quase toda a publicidade e das mensagens voltadas
aos jovens. Refiro-me à cultura do corpo (e sua animalidade) e à indigência a
que é relegada a humanidade do espírito e da mente. Refiro-me à impotência das
autoridades ante o tráfico de drogas. Refiro-me às noites e suas festas, que
absurdamente começam na hora em que deveriam terminar e ao crescente consumo de
bebidas alcoólicas e drogas por menores.
São
adultos os que promovem e se beneficiam dessa ausência de limites e os que
perante ela se omitem. Há no inferno lugar para todos.