quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Relacionamento mãe-filho



Mario Eugenio Saturno

Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia realizaram uma pesquisa buscando avaliar o relacionamento entre mãe e filhos considerando a religiosidade. A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano e foi aplicada sobre dados adquiridos ao longo de um período de 23 anos por pesquisadores da Universidade de Michigan.

Durante esses anos, foram entrevistadas 867 mulheres e seus filhos, começando em 1962, ano seguinte ao nascimento das crianças. Essa entrevista foi seguida de outras, realizadas quando as crianças atingiram os 18 anos de idade e novamente quando fizeram 23.

Todas as mães estavam casadas quando elas foram entrevistadas pela primeira vez e todas viviam na área metropolitana de Detroit. Onze por cento delas descreveram-se como protestantes conservadoras, 30% como protestantes não conservadoras, 54% como católicas, e 5% de outras denominações, incluindo judaica.

Tanto as mães quanto as crianças foram entrevistados sobre diversos pontos buscando levantar a qualidade de seu relacionamento emocional. A primeira descoberta é que as mães que frequentam os serviços religiosos regularmente relataram ter um melhor relacionamento com seus filhos do que as mães que frequentam pouco ou nunca os serviços religiosos.

Entre esses pontos perguntados estão: “as ideias e opiniões da minha mãe sobre as coisas importantes na vida são aquelas que eu respeito”; “minha mãe aceita e compreende-me como uma pessoa”; “quando algo está me incomodando, eu sou capaz de falar sobre isso com minha mãe” e “eu gosto de fazer coisas junto com a minha mãe”. E as mães também receberam declarações semelhantes sobre o quanto elas confiavam, apreciavam, respeitavam e entendiam o filho ou filha.

Quando a religião é uma parte importante da vida da mãe, é provável que ela sinta que tenha um melhor relacionamento com seus filhos e seus filhos são propensos a relatar ter um melhor relacionamento com ela.

Para confirmar a importância da religiosidade, os pesquisadores controlaram outros fatores como a idade da mãe, o tamanho da família, a qualidade conjugal, educação, renda e estado civil. Essas características podem influenciar a qualidade da relação entre mãe e filho.

Os cientistas descobriram que quanto mais importância que uma mãe coloca na religião melhor é a qualidade de seu relacionamento emocional com os filhos, não importando se é um recém-nascido ou um adulto de 23 anos de idade. Enquanto a participação de uma mãe na igreja seja um previsor de quão positiva ela vê a ralação, o mesmo não se pode dizer do filho com a mãe.

Os pesquisadores também descobriram uma conexão entre mudanças na religiosidade de uma mãe ao longo do tempo e as mudanças na qualidade de seu relacionamento com seu filho. É comum que se aumente a participação na igreja depois de ter filhos. Se uma mãe torna-se mais religiosa ao longo dos primeiros 18 anos da vida de seu filho, ela relata melhor qualidade do relacionamento com esse filho aos 23 anos.

Também não se encontrou nenhuma diferença na qualidade das relações mãe-filho por afiliação religiosa, indicando que a religião a que se pertence não seja tão importante.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.